107. O Teatro do Absurdo de Alexander Speredo
Durante o almoço, a atmosfera estava tão carregada que parecia que uma explosão iminente estava prestes a acontecer. E, para minha surpresa, não fui a única a notar a estranha proximidade entre Nadir e Alexander. Minha avó, como sempre, mostrou sua habilidade inigualável de transformar um momento tenso em algo desconfortável, compartilhando suas opiniões com uma franqueza que beirava o constrangimento.
— Seu tio deve estar vivendo uma vida difícil, afinal, ele fez uma menina com mãe viver como órfã — disparou ela, enquanto servia mais uma porção de batatas no meu prato. — Seu tio está tratando bem a esposa? Deixou a filha por causa dele? Até os gatos são mães melhores do que algumas mulheres hoje em dia.
Nadir, que até então parecia imperturbável, finalmente cedeu. Ele pousou os talheres, limpou a garganta e respondeu de forma seca:
— Eles estão divorciados.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Eu, que estava prestes a dar uma mordida no pão, congelei no lugar. Era como se o tem