Gabriel
Acordei antes do sol nascer. O calor suave da lareira ainda impregnava o ambiente, e o peso de Sophia ao meu lado era a única coisa que me mantinha imóvel. O silêncio da cabana era absoluto, quase estratégico. O mundo lá fora não existia. O cheiro de madeira, o som da chuva, o corpo dela junto ao meu — tudo estava sob controle. Pela primeira vez em muito tempo, não senti necessidade de fugir. Ali, com Sophia, havia algo que eu não pretendia perder.
Observei-a dormir. O rosto sereno, os traços delicados, a respiração calma. Vulnerável, mas resistente. Eu sabia que aquela mulher havia sido destruída por quem mais confiava, assim como eu. E, naquela noite, nossos abismos se encontraram. Não era apenas desejo. Era uma conexão que eu não permitiria que fosse descartada.
Meu celular vibrou. Débora. O passado que insistia em voltar. Saí do quarto em silêncio, não por medo de acordar Sophia, mas porque não queria misturar fantasmas com o que eu estava construindo.
Atendi. A voz de