Neuza Narrando
Quando o telefone tocou, eu já sabia que vinha bomba. Mãe sente, não sente? A gente tem um radar afiado quando se trata de filho. Atendi com o coração apertado e, do outro lado, a voz da babá, trêmula, nervosa, me contou que a Priscila tinha sido atropelada. O mundo girou. As paredes da sala pareceram se fechar ao meu redor. Meu corpo ficou mole por um instante, mas a mente... a mente entrou em modo de guerra. Peguei a bolsa, tranquei a porta e fui direto pro hospital. No caminho, só uma coisa martelava na minha cabeça: foi a Sophie. Tinha que ser ela.
Minha filha não tinha inimigos. Nunca foi de se meter em confusão. Mas Sophie... aquela menina nasceu dissimulada. Desde o dia que pisou na vida da minha filha, senti o cheiro de encrenca. Cheguei no hospital quase arrombando a recepção. Quando vi a Priscila naquela maca, com os olhos fechados, minha alma gritou. Mas eu segurei. Porque agora não era hora de desespero. Era hora de sangue frio. Ela estava viva. Isso era o