Priscila Narrando
Eu acordei com a cabeça pesada, os olhos ardiam e a garganta parecia seca. A primeira coisa que senti foi o calor do corpo do Everton me envolvendo, o peito dele servindo de abrigo. Por um segundo, eu desejei que aquele momento fosse tudo o que existisse. Só nós dois. Sem passado, sem dor, sem exposição.
Mas então a memória da noite anterior veio como uma onda fria, me arrepiando dos pés à cabeça. A postagem... aquela maldita postagem. Meu nome, minha história, minha intimidade jogada na internet como se fosse lixo sensacionalista. Inventaram, distorceram, exageraram. E eu me vi ali, despida, vulnerável diante de milhares de olhos cruéis.
Afastei o rosto devagar do peito dele, e o olhei. Everton estava com os olhos fixos em mim, preocupado, mas firme. Era como se ele estivesse dizendo: “Eu tô aqui. Você não vai cair.”
— Tá doendo, sabe? — minha voz saiu baixa, rouca. — Não é só por mim... é pelo meu filho. Ele vai crescer e ver isso. E eu me sinto... impotente.
— Eu