Antony narrando
Eu entrei naquela pørra de casa igual um touro enfurecido, com o sangue fervendo e o coração batendo mais alto que qualquer sirene do lado de fora.
— CADÊ A MINHA FILHA?! — berrei, com a voz engasgada de ódio, sem pensar duas vezes. — SUA DESGRAÇADA! SE TU ENCOSTAR UM DEDO NELA, EU TE ENTERRO AQUI DENTRO!
O eco da minha voz bateu nas paredes como tiro. Os olhos procurando por qualquer sinal dela. Da doutora. Da Tonton.
Meu pai entrou logo atrás, mandando eu manter a calma, mas como? COMO?
— Anthony, foco! — ele gritou. — Ela ainda tá aqui! Ouve!
E foi aí que eu ouvi. Fraco. Mas claro. O choro da minha filha.
Minha filha. O som que me atravessou como uma lâmina. Um choro abafado, desesperado, vindo… dali, da parte dos fundos. Do porão, talvez. Era como se ela estivesse embalada, escondida, jogada feito objeto.
— ELA TÁ FUGINDO! — eu gritei, começando a correr na direção do som, trombando em caixas, derrubando móveis, metendo o pé em porta.
Pablo, Marcelo e Estevão viera