Anthony narrando

Eu sempre fui o tipo de homem que resolve, que protege, que enfrenta o que for por quem eu amo. Mas ali, parado no meio da sala da casa dos meus pais, com a Ana Kelly desmoronando no meu colo e o berço da minha filha desmontado no canto… eu só me sentia um lixo.

Inútil. Impotente. Fraco.

E era exatamente isso que eu não podia ser agora.

Minha cabeça latejava. O coração, então… nem sei descrever. Batia descompassado, entre a raiva e o medo. Eu tentava manter a postura por fora, ser firme, mas por dentro... por dentro eu tava quebrado em mil pedaços, e cada um deles gritava o nome da minha filha.

Antonela.

Foi quando a campainha tocou. Minha mãe levantou imediatamente e foi abrir. Era a médica da confiança dela, uma obstetra amiga da família, que vinha examinar a Ana Kelly. Eu agradeci em silêncio por ela estar ali. A Ana precisava de atenção, de cuidado, de alguém pra garantir que o corpo dela ia resistir, mesmo que o coração estivesse em pedaços.

— É melhor examiná-la