Estevão Narrando
O carro deslizava pelas ruas movimentadas enquanto Anthony dirigia, com aquele olhar sério de sempre. Ele tinha acabado de dar um corte na Bárbara e ainda parecia com a mente cheia.
— Quer falar sobre o que tá pegando, ou vai continuar nessa cara de poucos amigos? — Quebrei o silêncio, mexendo no botão do meu paletó.
Ele bufou, mantendo os olhos na estrada.
— Que eu me lembre, não virei sentimental pra ter que dividir pensamento.
Ri baixo.
— Relaxa, só achei que podia te ajudar. Mas já vi que você continua o mesmo, achando que tudo tem que girar ao seu redor.
Anthony riu de canto, balançando a cabeça.
— Me diz, Estevão, qual é a graça de ter tudo sob controle se você não pode ditar as regras?
— A graça, meu amigo, é saber que nem tudo precisa estar sob o seu controle.
Ele virou o rosto para mim rapidamente, arqueando a sobrancelha.
— Agora virou filósofo?
Dei de ombros.
— Sempre fui mais pé no chão que você. Sabe qual a diferença entre nós dois?
— Lá vem.
— Você acha