Ana Kelly narrando
Acordar naquela cama era um misto de alívio e dor. Alívio por estar viva… por estar segura… mas dor… dor em cada canto do meu corpo. As costelas pareciam ter levado uma surra de pedras, minha perna esquerda latejava, e até virar o rosto causava incômodo. Ainda assim, eu agradecia a Deus por estar ali. Com eles. Em paz.
Dona Antonela entrou no quarto sorrindo, com uma bandeja na mão. Aquele sorriso de mãe que acolhe mesmo sem palavras. Era chá morno, frutas picadas e torradas. Do jeitinho que eu gostava.
— Vai precisar de ajuda hoje, filha. — ela disse com cuidado, sentando-se ao meu lado. — A gente vai te ajudar a tomar um banho, tá bom?
Assenti em silêncio. Tava doendo mais o orgulho que o corpo. Sempre fui independente, nunca gostei de incomodar ninguém… mas naquele momento, era como se até meu espírito tivesse cansado.
Antonela chamou a vovó e juntas me levaram até o banheiro. Cada movimento era uma batalha. A água morna escorrendo pelo corpo foi um alívio, mas c