Brenda Narrando
Dois dias depois, desci do ônibus no terminal de Porto Alegre com uma mala simples, uma mochila e minha mente carregada de estratégia. O céu estava nublado, e o vento frio batia no rosto como se já me alertasse que eu estava pisando num território onde precisava ser mais que esperta. Precisava ser invisível.
Peguei um táxi até uma pensão discreta, a duas quadras do café onde a Karen, melhor amiga da Ana Kelly, trabalha. O lugar era pequeno, cheirava a lavanda velha misturada com desinfetante barato, mas tinha cama, chuveiro quente e silêncio. O suficiente.
Fechei a porta do quarto, joguei a mochila na cama e fui direto pro espelho. Me encarei. O cabelo agora estava num tom borgonha intenso, preso num coque elegante. As sobrancelhas arqueadas mudavam completamente meu olhar, deixando pra trás o rosto que Ana Kelly conhecia. A Brenda que ela lembrava não existe mais.
Liguei o notebook. Me conectei ao Wi-Fi fraco da pensão e entrei direto nas redes sociais. Comecei com o