É estranho como o tempo passa mesmo quando a gente não quer. Mesmo quando ele pesa no peito, como se cada minuto fosse um lembrete de tudo que se perdeu. Nos primeiros meses depois que vi Catarina naquele maldito apartamento com aquele homem… eu simplesmente deixei de existir. De verdade, por dentro.
Alexandre tentava me animar, sempre com palavras gentis, com um olhar de quem compreende a dor mesmo sem ter que dizer muita coisa. Ele me tratava como um filho. Um filho silencioso, triste, que quase nunca saía do quarto. E eu… eu me sentia um estorvo. Um peso jogado em cima da generosidade de alguém que não merecia carregar os escombros de um garoto partido.
Passei semanas inteiras sem querer sair da cama. Às vezes ele deixava uma bandeja de comida no quarto, e quando eu finalmente tinha forças pra levantar, ela já estava fria. Ainda assim, Alexandre nunca reclamou. Nunca me cobrou. Nunca me olhou com pena — apenas com paciência. Com cuidado. Como se soubesse que a cura não viria no t