CAPÍTULO 4

Honestamente, o que diabos eu estava pensando? Eu sei que pessoas apaixonadas não pensam logicamente, como Jay disse. Mas eu havia simplesmente passado dos limites.

– Eu ainda não acredito que você gosta de um idiota daqueles. – Jay disse enquanto me passava mais um cabo de solda.

Assim que saímos do evento, Jay me arrastou até a oficina em que trabalhávamos e me obrigou a começar o trabalho de montagem de um dos carros. Algo sobre o dono estar praticamente enlouquecendo por causa do prazo de entrega do serviço.

– Você não vai me deixar esquecer isso, vai? – Suspirei, aceitando o cabo e o usando para continuar soldando o escapamento do carro.

– Eu não teria que falar sobre isso se você gostasse de um cara decente...– Ele riu e apenas ouvi seus passos se afastando.

A única coisa que eu via era a base da ponteira do terminal de escape da BMW E90 que eu estava consertando. Deslizei para debaixo do carro quando terminei de fixar o escapamento e limpei o suor da testa, sentindo minha cabeça doer.

– Eu ainda não consigo acreditar que você foi me procurar no evento da minha família só por conta de um terminal de escape. – Balancei a cabeça negativamente. – Já passou da hora de você aprender a soldar.

– Tá, tá... Não enche. – Jay revirou os olhos e continuou testando o motor de um Aston Martin DBX.

Eu caminhei até perto do carro em que ele estava e me encostei na porta.

– Que foi? – Ele parou de acelerar o carro e colocou a cabeça para fora da janela. – Preocupada com o imbecil que te deu um fora?

– É... – Suspirei pesadamente e me virei, apoiando minha testa na lataria do carro. – E sobre o que a minha família vai dizer...

– Problemas de herdeira... – Jay debochou. – Não posso dizer que entendo.

Eu ri a contragosto, balançando a cabeça em negação.

Eu não fazia a mínima ideia do que me aguardava em casa. Não sabia que tipo de impressão a minha família tinha de mim, o que Kalen havia dito para os nossos pais ou em que tipos de rumores esquisitos meu nome estava envolvido. Minha única certeza era de que eu havia sido rejeitada por Ardian e que eu tinha muito a perder se a minha família descobrisse que estive mentindo pelos último anos. Que nada que eles sabiam sobre mim era verdade.

Na manhã seguinte, recebi uma mensagem do meu irmão mencionando uma reunião de família e senti vontade de desaparecer. Uma reunião de família no dia seguinte ao meu ato de humilhação pública? Logo após a decadente cena de rejeição pela qual fui sujeitada? Era demais.

Respirei fundo antes de entrar em casa. Eu estava parada na porta de entrada, esperando um pouco de coragem para abrir a porta e encontrar o cruel destino que me esperava. Mas a coragem não vinha. Invés disso, a única coisa que inundava meu corpo era a imensa vontade que eu sentia de sair correndo e nunca mais voltar.

– Algum problema com a porta? – Ouvi a voz de Ardian atrás de mim e gelei.

Por que ele estava ali? Por que diabos ele tinha que ser tão próximo da minha família a ponto de ser convocado para uma reunião de família? Claro, fazia sentido... Se íamos falar sobre a minha falta de dignidade, é claro que ele deveria estar ali.

– Não, nenhum problema. – Não consegui olhar para trás. Invés disso, minha mão agarrou o puxador da enorme porta de entrada da casa dos meus pais e eu entrei sem fazer qualquer contato visual com ele. Como se ele fosse apenas um fantasma que eu ouvia a voz.

Caminhei a passos largos até a sala de estar, evitando ficar sozinha com Ardian. Na verdade, eu estava tão envergonhada — e magoada — que eu sequer conseguia cogitar a ideia de falar mais do que o necessário com ele. Não conseguia pensar em dividir o mesmo espaço que ele e ter que fingir que eu estava bem com tudo que havia acontecido.

Quando finalmente alcancei a sala de estar, meus pais e Kalen já estavam lá. Me apressei em sentar ao lado de Kalen no sofá que tinha apenas dois acentos. Assim, não havia chance de Ardian sentar perto de mim.

– Estou aqui. – Disse baixo, ignorando o olhar de pena que Kalen estava me dando.

Pude ver a surpresa no rosto de todos quando Ardian entrou logo atrás de mim, sozinho. Era óbvio para qualquer um que eu e ele havíamos chegado praticamente ao mesmo tempo. E também deveria ser óbvio para todos que eu estava fugindo de Ardian como o diabo foge da cruz.

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