POR ENRICA
— Somos amigos do lobo. — O homem que bufou falou, sua voz mais grave e direta.
Franzi o cenho. Amigos do lobo? Aquilo parecia uma tentativa desesperada de me fazer falar algo que não queria. Meu coração bateu forte no peito, e meu corpo se enrijeceu.
— Eu já disse que não sei de nada. — Minha voz saiu firme, mas o nervosismo latejava sob a superfície. — Vocês precisam ir embora.
O homem mais calmo ergueu as mãos em um gesto pacífico.
— O lobo está com problemas. Ele precisa da sua ajuda. — Sua voz era tranquila, mas havia algo ali… um peso real naquelas palavras. — Você o viu?
Meus lábios se apertaram, minha mente buscando uma saída para aquela situação. Não podia confiar neles. Não podia dizer nada. Mas a hesitação custou minha resposta, e quando finalmente me forcei a falar, a verdade escapou.
— Não.
O homem mais calmo me analisou com paciência. E antes que pudesse impedir, as palavras saíram automaticamente da minha boca:
— Como ele está?
Me arrependi no mesmo instante.