7

Mel

Eu nunca me vi em um... o que é isso mesmo? Um esporte? Vadiagem? Cara, eu estudo direito e, no entanto, estou me metendo no meio de um grupo jovens tomando cerveja e apostando altas notas em uma corrida completamente absurda. E pior, correndo um sério risco de ser presa só de estar aqui. Mas vamos admitir que a adrenalina que essas pessoas fornecem é coisa de louco. O ronco do motor avisa que a corrida começará em alguns segundos. A gritaria e a agitação dos apostadores são excitantes, e para a minha surpresa, Dani é um dos corredores. Stan e Robin se ajeitam em cima de um baú de um caminhão de pequeno porte e nos ajudam a subir. Daqui a visão da cidade é simplesmente fantástica e logo uma garota vai para o meio dos carros, ela faz um charme e dá o sinal para os pilotos. A gritaria junto aos roncos dos motores é ensurdecedora e eu me pego vibrando quando os carros dão a partida. O local escolhido pelos meninos nos dá uma visão ampla da corrida e caramba, eles realmente levam o prêmio a sério! Velocidade, faróis acesos, motores a todo vapor e violência. Algumas manobras chegam a roubar a nossa capacidade de respirar. Os Longos minutos de asfalto parecem tornar-se segundos e um carro vermelho cruza a linha de chegada. O carro mal para, e uma multidão o rodeia. O Dani infelizmente chegou em quinto lugar. Menos mal, pois alguns deles nem voltaram e sabe Deus o porquê. Os garotos nos ajudam a descem do caminhão e vamos ao encontro do nosso amigo, e enquanto todos os cumprimentam com abraços e uma garrafa de cerveja, eu resolvo aguçar a minha curiosidade e ver quem é o vencedor. Contudo, os sons das sirenes fazem todos se alvoroçarem e se espalharem para entrarem nos seus carros. Eu até tento fazer o mesmo, porém, mal consigo me mexer e voltar para perto dos meus amigos. Um carro da polícia se aproxima e eu penso que estou muito ferrada. Mas que droga, eu sabia que não devia ter vindo! Rosno em completo pânico. Entretanto, o carro vermelho abre a sua porta, mas não consigo ver quem está dentro. Droga, eu não devo, mas não tenho outra saída. Penso e entro no carro. O ronco do motor se pronuncia, uma mão ávida mexe na marcha e o pé pisa no acelerador.

— Põe o cinto! — Ele rosna e o meu coração dispara enlouquecido quando tudo parece passar por mim rápido demais. Imediatamente ponho o cinto de segurança e olho para o lado, para o motorista que agora está dividindo a sua atenção entre a estrada e o retrovisor, com o carro em alta velocidade, fugindo da polícia que vem bem atrás de nós. O meu coração quase salta pela boca quando ele volta a mexer na marcha, pisa fundo no acelerador e faz uma curva em com a velocidade máxima, me dando o vislumbre do abismo onde estamos passando. E Deus, eu devo ter perdido o bom senso ou qualquer raciocínio coerente, porque me pego gostando de toda essa loucura. — Se segura! — Aiden grita e por mais que me custe acreditar ele acelera ainda mais, deixando o carro da polícia engolindo poeira. Devo mencionar que os meus dedos apertaram com força o estofado do banco? Não né? Faz de conta que nem toquei nesse assunto. Não demora e ele começa a desacelerar, e entra em uma estrada estreita de barro, parando o carro logo em seguida. Depois, ele me olha e leva o indicador aos seus lábios me pedindo silêncio. Segundos depois, o carro da polícia passa voando com sua sirene e droga, eu ri. Sério, eu estou rindo como uma louca e ele começa a rir também, até que o silêncio retorna e eu olho para frente, para o nada já que ele desligou os faróis e não dá pra ver um palmo a frente do nariz. — Eu vou te levar pra casa.

— Tá! — digo completamente desconcertada, já que não sei o que falar. O trajeto é feito no mais completo silêncio e quando ele finalmente para em frente ao meu prédio, se livra do seu cinto e eu me livro do meu. Eufórica, quente e turbinada. É exatamente assim que estou agora.  — Uau! — sibilo quase sem folego. — Isso foi muito foda! — Gargalho e ele ri logo em seguida.

— Fico feliz que gostou. — Meu sorriso se alarga, mas depois veio o silêncio novamente. Aiden me olha por alguns segundos e parece querer falar algo, mas ele não diz nada, então eu resolvo sair. — Obrigada por me tirar de lá!

— Não sabia que curtia assistir os rachas

— E eu não curto. Quer dizer, eu pensei que não curtia, mas depois dessa noite... é bem legal! — Ele sorri. — Perigoso, mas legal!

— É.

— Eu não fazia ideia que você participava de algo tão...

— Pois é. É essa adrenalina quem paga as minhas contas.

— Ah! — Arqueio as sobrancelhas. Não vou esconder que estou surpresa. Se bem que aquela capivara deve ser um desafio em tanto também. Rio internamente. — Eu vou... — Aponto para a saída. Ele balbucia, mas assente.

— Tudo bem! Vai lá. — Agora sou eu quem meia a cabeça. Aff, que coisa estranha!

— Então tá! Obrigada! — repito e novamente ele só assente, e assim que me afasto do veículo e me aproximo do prédio, o ronco do motor me diz que ele já está saindo. Só então me permito olhar para trás.

***

Na manhã de segunda-feira até parecia que uma agência de detetives particular estava pisando em Campbell. Eu e os meus amigos paramos bem em frente a entrada, olhamos de um lado para o outro em busca de um certo alguém e de sua gangue do mal, mas não havia ninguém além dos outros alunos. Suspiramos ao mesmo tempo, colocamos os óculos escuros e como se andássemos em câmera lenta atravessamos o pátio. Os olhares de todos eles ainda continuavam em cima de nós, mas de um jeito diferente. Sim, eles estavam sorrindo para nós, mas de um jeito diferente. Nos apontavam o tempo todo, mas de um jeito diferente. É como se nos dessem os parabéns pelo que fizemos. Orgulho? Ah, eu não estava orgulhos do que fiz, mas foi um ato necessário.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP