Eu já estava arrumada para ir para a faculdade, pois já eram 6h30min hora que minha aula começaria. Já havia terminado de fazer tudo na minha sala, só faltava desligar o computador para enfim poder ir. Sem que eu percebesse Marcos parou na porta e ficou ali parado, me observando e quando me virei dei de cara com ele.
— Nossa você me assustou!
— Desculpa não foi minha intenção. Só vim perguntar se você quer carona?
— Ah não sei! Acho melhor não. — Digo meio sem jeito.
— Por quê? Se você me der um bom motivo posso desistir de te levar.
— Olha agora não tenho nenhum em mente, mas se puder esperar somente um minuto, te dou um. — Droga!
O que eu estava dizendo? Ele agora me pegou e eu não posso dizer não.
— Nada disso, não te dou nenhum minuto, Clara eu vou te levar e fim de conversa vai que outro imbecil acaba derramando café em você de novo.
Ele disse aquela frase de um modo tão protetor que cheguei a assustar e fico pensando “O que será que está havendo de errado com ele”? Nesses últimos dias ele anda tão esquisito comigo, então lhe respondo:
— Tudo bem! Não adianta discutir com você, mas tenho certeza de que isso não se repetirá novamente, afinal um raio não cai duas vezes no mesmo local.
— É aí que você se engana, pois raios podem sim cair no mesmo lugar duas vezes.
— Está bem, aceito a sua carona. Você é tão teimoso que acaba me ganhando pelo cansaço!
Após dizer aquilo, acabamos rindo um do outro, estávamos mais parecendo duas crianças competindo para ver quem tinha razão, até que ele disse:
— Eu quero o melhor para minha meni… Funcionária e amiga. — disse com um sorriso no rosto.
Ele me pareceu meio constrangido, mas não consegui entender o porquê e nem o motivo, mas creio que seja por conta do que ele ia dizer, ou talvez possa ser só impressão minha.
Vencida pelo cansaço, fui andando com ele até o estacionamento, assim que chegamos ao estacionamento, ele me conduziu até sua BMW preta, abriu a porta do carona para que eu entrasse, em seguida, fechou a porta e deu a volta no carro e entrou no lado do motorista.
O caminho até a faculdade foi bem tranquilo, Marcos não disse uma só palavra durante todo o percurso, mas ao ver que eu estava incomodada com todo aquele silêncio, acabou ligando o rádio e para minha surpresa, estava tocando a música “Cedo ou tarde” que é uma das canções da minha banda NX Zero, mas, de repente, a canção foi interrompida pelo noticiário da cidade.
Parece que o assassino em série atacou mais uma vez. Não sei muito sobre o caso, a não ser pelas notícias que já havia escutado nas rádios e visto na televisão, mas sabia que ele primeiro conquista as suas vítimas e depois as matam esfaqueadas. Os policiais da nossa cidade estavam como loucos atrás desse cara. Pelo que pude entender essa seria sua trigésima quarta vítima.
Vendo o meu espanto, Marcos decide quebrar o silêncio e diz:
— Como pode um louco feito este estar solto ainda? Isso e inadmissível! — ele me parece muito zangado, pois deu um soco no volante. — Se ainda estivesse na polícia eu pegaria esse ser…
— Calma! — digo tentando acalmá-lo.
— Não tem como ter calma Clara! Este louco pode atacar qualquer uma até mesmo você. — disse tirando os olhos do trânsito e olhando em meus olhos — E só de pensar nisso já fico lou…
Antes que ele terminasse a fala, o interrompi dizendo:
— Marcos!? Fica calmo. Eu tenho cuidado. — Olho para ele lhe mostrando-lhe confiança e sorrio. — Nada de ruim vai me acontecer.
— Espero que seja assim.
Então o trânsito volta a fluir e ele volta sua atenção para os carros e eu digo:
— Pode ter certeza, pois não quero te dar esse gostinho de se livrar de mim — dou um sorriso e ele me olha novamente, mas dessa vez sem entender bem o que eu quis dizer e pergunta:
— O que quis dizer com isto?
— Que sei me cuidar e não vai ser um louco que vai acabar com minha vida. Está achando que vai se livrar de mim assim tão fácil? Vou te dar muita dor de cabeça ainda meu chapa.
— Espero que sim. — diz após gargalhar.
Após se acalmar. Fomos conversando até chegarmos à entrada da faculdade, antes de sair do carro, lhe digo:
— Até que não foi tão ruim aceitar a carona. Obrigada e até amanhã — digo saindo do carro.
— Até amanhã Clara, e cuidado ao voltar para casa.
— Pode deixar, vou ter muito cuidado.
Vou andando até a entrada da faculdade e não demora muito para dar de cara com a Duda encostada na parede me aguardando, parecia estar impaciente de tanto me esperar. Ela estava com o semblante triste. Deveria estar assim devido a pequena discursão de mais cedo.
Resolvo me aproximar, e começo a puxar assunto:
— Oi!
— Oi! — diz meio seca.
— Ainda está brava comigo? — lhe pergunto.
— Não.
— Estive pensando, talvez eu tenha errado em tentar controlar sua vida.
— Ai amiga! — ela então abre um sorriso e me abraça. — Entendo que você não faz por mal, tenho certeza que só estava pensando no meu bem.
— Sim, eu só quero o seu bem. Não gosto de te ver chorar por causa desses babacas que não sabem ver a pessoa maravilhosa que você é.
— Clara, você é a melhor amiga que alguém poderia querer.
— Sei disso. — Digo me achando.
— Ai meu Deus, por que fui dar asa a cobra? — não aguentamos e caímos na risada, afinal somos duas bobas mesmo.
Depois de fazer as pazes seguimos juntas para sala de aula. As aulas transcorreram tão bem que nem percebi a hora passar. Só me dei conta quando já era hora de ir embora, porque Duda me tirou dos meus devaneios me chamando para ir para casa.
Ela estava eufórica com encontro dela, foi me contando todos os seus planos para o tal encontro. Ao chegar ao nosso apartamento percebo o quanto estou cansada, vou direto para o banheiro, tomo um banho quente, o que me deixa relaxada e resolvo ir dormir sem comer nada. Diferente de Duda que mal chegou e já correu para o quarto para se arrumar para o tal encontro, só espero que dessa vez de certo, sei que às vezes sou meio protetora, mas a única família que me restou foi a Duda e seus pais, tia Kiara e o tio Óscar.
Bom já era de se esperar a reação da Clara, ela é como minha irmã mais velha então ela tem uma “leve” tendência a tentar me proteger. Só que ela se esquece que já sou bem grande, portanto, sei me proteger e entendo o risco de tomar minhas próprias decisões. Ela está sempre tentando colocar juízo na minha cabeça, mas não funciona muito, as tentativas mais frequentes são de tentar me alertar sobre meus futuros ex namorados idiotas, mas como sou cabeça dura não escuto. Concordo que às vezes troco de namorado como quem troca de roupa. Porém o término é sempre por culpa deles. Ao que me parece, tenho um dedo podre quando o assunto é homem, o que posso fazer se tenho um fraco por idiotas. Mas Johne é diferente, pois ele é carinhoso e romântico. Não é culpa da Clara, eu ser assim, ela adquiriu este instinto protetor logo depois dos pais dela terem morrido durante um assalto. Foi horrível e o pior foi que ela assistiu tudo assim como Marcos, porque ele também estava presente na ocasião e tev
Não me conformo, não consigo entender como este assassino em série ainda está à solta, depois de dez anos, “como ele ainda não foi pego?” O pior é que quanto mais o tempo vai passando, mais vítimas ele vai fazendo e o chato disso tudo é que nem posso fazer nada, não depois de ter saído da polícia.Chego a minha casa e jogo meu terno sobre o sofá, ligo a televisão no canal de noticiário e sigo para a cozinha onde começo a preparar um lanche. Adivinha qual o assunto do jornal? Acertou quem disse assassino em série.Denis meu melhor amigo é o detetive que está investigando o caso e para minha surpresa ele aparece na reportagem, mas uma vez estes repórteres estavam atrás dele querendo novas informações sobre o caso. Pego meu telefone e ligo para ele, chama por duas vezes antes dele atender.— Fala Marcos.— Adivinha quem eu acabo de ver no noticiário?— Aposto que é um detetive gostosão.— Errou, pois o detetive em questão não é um gostosão e sim um molenga que não consegue pegar um lunát
Era para ser um dia normal, e seria, se ela não tivesse derrubado meu café. Desde então ela não sai da minha cabeça. Com seus longos cabelos castanhos ondulados, olhos verdes. Sua aparência me lembrava a um anjo que vi em uma pintura certa vez. Sim, ela mais parecia um anjo. Clara Petterson. Lindo nome, linda mulher!Não entendo, ela não parece ser o tipo certo de garota para mim. Não parece ser como as mulheres que estou acostumado, além do mais, eu já tinha alguém do jeito que gosto. Não preciso de outra. No entanto estou aqui pensando nela. Todos os meus instintos dizem que devo ficar longe dela, porém meu cérebro diz o contrário.Ainda sinto a sensação das mãos delicadas dela, e sua voz doce. Tive vontade de trazê-la para mais perto de mim e sentir melhor seu cheiro, mas não o fiz. Ela é tímida, certeza. Sua forma de agir e falar me mostram isso. E se eu o fizesse, seria no mínimo estranho e invasivo.De qualquer forma, provavelmente não a verei mais. Por tanto eu deveria esquece-
Hoje acordei mais cedo do que ontem, mas, mesmo assim, cheguei atrasada pela milésima vez. Arrumei-me rapidamente e fui até a cafeteria comprar o café expresso de Marcos. Chegando lá fico esperando na fila, a todo o momento observo ao meu redor na esperança de encontrá-lo. Não vou mentir e dizer que não estava procurando por Dante. Sim o loiro lindo que me ajudou ontem. Pensando bem se eu não tivesse com pressa e não tivesse o feito derramar seu café em mim, ele não teria que me ajudar. Mas o estranho foi ter sonhado com ele esta noite. Sim sonhei com aquele deus grego. No sonho nos beijávamos. Isso foi muito feio da minha parte, nem o conheço e já estou sonhando com nosso beijo. Meio que me senti mal com isso, mas estou aqui o procurando. Do sonho só o que me lembrava era de estar o beijando, mas sei que algo acontece no sonho só não me lembro o que. Acordei gritando. Pensando no meu sonho pago pelo café e sai distraída. Sem perceber esbarro em alguém, pelo que parece isso vem acon
Uma semana se passou e não vi mais Dante, acho que ele não quer mais me ver. É estranho isso, nem o conheço, mas queria estar junto dele, era muito parecido como me sentia longe de Marcos.Duda disse que estou apaixonada, sinceramente não sei dizer, só sei que quero vê-lo novamente. Mas infelizmente não sei como. Todos os dias no mesmo horário vou naquela cafeteria onde nos conhecemos, mas não o encontro, o que me deixa triste. Qual é já me conformei que não poderei ter Marcos, então bora seguir em frente.Tem hora que me pego pensando, o que vou dizer quando o ver novamente. Marcos já percebeu que estou estranha. Já perguntou até se aconteceu algo, claro que não falei. Ele ia dizer que sou louca ou algo do tipo. Além de não ser nada legal ouvir isso dele, a pessoa que eu mais queria.Percebi que ele anda agindo diferente est
Durante todo o caminho de casa, Marcos fica preocupado e pergunta se estou bem e se preciso de alguma coisa. Sinto pena dele, ele todo preocupado e eu aqui mentindo. Mas eu tinha que o tirar de lá. Não quero que ele saiba que tinha alguém no banheiro junto comigo, seria constrangedor.Chegando ao prédio que moro, ele fez questão de me levar até a porta do meu apartamento. Ia despedir-me dele quando ele me beijou. Sem saber o que fazer, eu o correspondi. O beijo dele diferente do Dante era calmo, mas muito bom. Quando nos afastamos ele coloca suas mãos que antes segurava minha cintura em meu rosto. Seu olhar era de paixão.“Isso está mesmo acontecendo, não é nenhum sonho né?” Acho que não dessa vez.— Eu queria fazer isso há muito tempo. — “Eu também”, penso.— Marcos!? — queria dizer que também que
Sabe quando o destino quer tirar sarro de você? Bem, agora ele decidiu brincar comigo. O que eu acho muito sacanagem. Aí você me pergunta o que quer dizer, eu não entendo nada. É muito simples de entender, um ex-superior do AIS conhecido por mim e ex-amigo do meu pai, que é brasileiro, decidiu se aposentar e para terminar seus serviços, resolveu entrar no caso de um serial killer que já havia matado trinta e quatro mulheres (ou seja, foram encontradas trinta e quatro, quem sabe se são mais) sempre com facadas em dois locais, uma na barriga e outra no coração. Você deve estar se perguntando o que isso tem a ver. Espera que eu chego lá. Bem, onde eu parei? Oh sim! Sobre o serial killer. Então, o velho, me conhecendo e sabendo que sou muito bom no que faço, me pediu para ajudá-los a desvendar esse caso que já dura mais de dez anos e ainda não foi resolvido, acreditem ou não . Esse cara é definitivamente bom. Ele sabe bem o que está fazendo, pois ainda não encontraram nenhuma pista de que
Nos últimos dias, Clara anda muito estranha. Não sei o que aconteceu por que cansei de perguntar, mas ela sempre me respondia a mesma coisa. “Não aconteceu nada você que está vendo coisa onde não tem”. Mas a conheço como ninguém e sei que tem algo, tanto que ela nem está mais chegando atrasada. Eu sei é preocupante.Suspeito que possa ser por causa de algum cara. E com esta preocupação de que ela possa sair com alguém que a magoasse, tive que tomar medidas desesperadas. Sim liguei para Duda. Eu sei, constrangedor, mas tive que me sujeitar a isso. Por Clara faço tudo.Bom, ela foi mal-educada como sempre, o que já era de se esperar. Pelo menos me disse o que estava acontecendo. Como tinha suspeitado, era por causa de um rapaz que ela andava triste e cabisbaixa. O que não me agradou em nada, mas serviu para abrir meus olhos. Eu estava demorando demai