MARINA MORGAN
O avião pousou em silêncio, mas nada dentro de mim se aquietou. Sentada num canto, ainda com o vestido de noiva colado ao corpo, eu sentia como se estivesse enterrada em uma armadura feita de lembranças partidas.
Ele havia providenciado roupas para mim, como se isso fosse algum tipo de favor. Como se vestir uma prisioneira com um uniforme novo mudasse o fato de que ela ainda está acorrentada.
— Chegamos. — ele disse, e mesmo que sua voz fosse neutra, ela me atravessou como um estalo.
Levantei e caminhei em direção à saída como uma marionete. Não fazia sentido lutar ali, não agora. O mundo ao meu redor parecia distante, irreal. E ele... ele parecia cada vez mais frio.
— Este é o seu quarto, Srta. Marina. — disse, como se fosse um hotel caro e não uma cela sem barras.
Entrei sem trancar a porta. Não fazia diferença. Eu não era uma esposa, não de verdade. Era uma detenta. E ele era o carcereiro que eu deveria chamar de “senhor”.
— Venha para o escritório depois que