Valéria sabia, no fundo, que aquele era o momento certo para acabar com tudo. As palavras estavam na ponta de sua língua.
Ela podia sentir a pressão em seu peito, como se uma parte dela gritasse para terminar aquilo de uma vez.
Mas, ao olhar para Felipe, ela não conseguia pronunciar as palavras. O silêncio entre eles era quase sufocante, e ainda assim, ela não conseguia rompê-lo.
Felipe, de pé à sua frente, parecia não perceber a batalha interna que se desenrolava dentro dela. Ou talvez soubesse, mas escolhesse não falar.
Seus olhos permaneciam fixos nela, firmes, como sempre. O controle dele estava lá, intacto. E, por mais que quisesse se libertar, uma parte de Valéria ainda se prendia àquele controle.
Ela desviou o olhar para a calçada. O ar frio da noite não conseguia acalmar sua mente agitada.
— Valéria... — a voz de Felipe soou baixa, porém firme, chamando sua atenção de volta para ele.
Ela levantou o olhar lentamente, tentando esconder a confusão que a dominava.