Capítulo Vinte: Sempre & Depois.

Duas semanas se passaram desde que tudo aconteceu. Conversei com meus pais sobre a decisão de ir para a Rússia, eles aprovaram a ideia e em seguida falei com Tyson, que ficou animado com a minha decisão e disse que seria bom ter alguém responsável junto com Bryan.

                Agora, estou parada diante da minha mala aberta, e vazia, faltando apenas trinta minutos para sairmos, olhando para a carta que Thiago me entregou.

“Oi. Eu estou me sentindo um covarde enquanto escrevo isso, literalmente, não consigo olhar nos seus olhos e falar tudo o que eu quero sem chorar ou, me culpar por tudo. Eu não fazia ideia do que iria acontecer, mas, ainda assim a culpa se instalou dentro de mim, eu ignorei as ameaças, eu não estava no carro com você... Com vocês.

As coisas vão ficar ruins a partir de agora, ouvir você chorando me faz querer morrer a cada segundo em que o meu coração bate, eu odeio isso, odeio ser incapaz de te proteger.

Por isso eu preciso ir. Eu preciso ficar longe para poder proteger você e te deixar ser feliz, mesmo que isso custe tudo o que planejei. Uma vez, você me disse que quem ama também abre mão, que tem coisas que o amor as vezes, não sustenta, que não valem o perigo, não valem as lagrimas derramadas ou os momentos lindos vividos.

Há dois meses o chefe da máfia Russa entrou em contato comigo me oferecendo um cargo, também me ofereceu proteção e agora, eu aceitei. A proteção que seria para mim, será toda para você, não se preocupe, ninguém mais irá encostar em você, nunca mais irá doer tanto quanto está doendo.

Eu sempre serei seu, Sophia....

Se um dia as coisas ficarem ruins e você precisar de mim, ou de algo, ligue para o Tyson, ou, para mim, eu embarco em um avião no mesmo minuto e resolvo o que quer que seja.

Tente viver, enquanto isso!

Para Sempre & Depois...

Thiago Miranda.”

                Respiro fundo e coloco rapidamente as coisas na mala antes que Bryan comece a gritar comigo, meus pais irão nos levar para o aeroporto e de lá pegaremos um jato particular, apenas eu, Bryan, Mikhail, Kenya, Thiago e obviamente, a tripulação.

                Ao chegarmos no aeroporto, meus pais começaram a se despedir.

— Baby, promete se cuidar lá? –  Minha mãe pergunta e eu sorrio.

— Prometo! –  Falo e abraço ela. 

— Oi filha, seu presente de viajem! –  Meu pai fala me entregando uma pequena caixa, dentro delas havia um ursinho de pelúcia. 

                Meu pai tem o hábito de me dar um desses quando viajo, todos são diferentes um do outro, guardo todos eles. Esse, tem uma pedra preta em forma de coração, bem ao meio dele. 

                Para os meus irmãos, ele dá pulseiras com símbolos diferentes, mas, todos muito bonitos.

— Obrigada pai! –  Falo abraçando ele. 

— Se cuida, qualquer coisa me chama! –  Ele fala e eu sorrio. 

— Entrega isso para os meninos, por mim? –  Pergunto olhando para as cartas que seguro nas minhas mãos.

— Claro! –  Minha mãe fala pegando as mesmas. 

— Vamos Sophia! –  Bryan grita, buzinando.

— Vou ir, antes que o Bryan me mate! –  Falo e eles riem.

                Tyson estava na porta do avião, e quando me viu abriu um sorriso vitorioso.

— Minhas princesas chegaram! –  Tyson fala zoando Bryan, que caminhava com a mão em torno do meu pescoço.

— Vadia mafiosa! –  Bryan fala olhando pra ele e em seguida rindo.

— Entrem logo! –  Thiago fala de dentro do avião. 

— Meu irmão é um saco! –  Tyson fala e eu rio.

— Entendo bem, meu gêmeo também é! –  Falo e Bryan finge ficar ofendido.

— Ainda te troco por um coelho, menina! –  Bryan fala e eu gargalho. 

                Entro no avião, que é maior do que o esperado, tem camas dele, além das poltronas normais, Thiago está sentado na última poltrona, vestindo uma regata cinza, nossos olhares se cruzam, e ele sorri. 

           Maldito sorriso.

                Ergo uma sobrancelha e aceno com a cabeça, não tive coragem o suficiente para ir até ele cumprimentá– lo, como Bryan fez, apenas de ainda nutrir raiva por tudo o que aconteceu no passado, meu irmão consegue separar as coisas, Thiago e Tyson foram os melhores amigos dele desde que ele os conheceu, e isso, nem eu nem ninguém, poderia mudar.

                Bryan se jogou na cama que havia ali e assim que decolamos, ele pegou no sono.

                Meu irmão definitivamente está doente, ele normalmente ficaria pulando de um lado para o outro, e isso, me preocupa muito. Bryan nunca foi quieto como agora, apenas quando algo o incomoda ou quando está com algo errado em razão da saúde.

                Sento em uma das primeiras poltronas, e coloco meu celular para reproduzir as músicas do mesmo, de forma aleatória, e então, fecho os olhos, aceitando o fato de que, agora, não tem mais volta.

                           ***

                Acordo lentamente, sinto meu braço formigar, provavelmente que eu tenha dormido em cima do mesmo, abro os olhos e vejo todos ao meu redor dormindo, Tyson está em uma cama de Thiago na outra. 

                Levanto e ando até o banheiro, definitivamente, tudo que o avião tem de espaçoso, o banheiro tem de pequeno, faço minhas higienes e lavo as mãos, e então, abro a porta. 

    Me assusto ao dar de cara com Thiago, que sorri ao ver a minha reação, reviro os olhos.

— O que você tem de errado? –  Pergunto controlando a voz para não acordar Tyson e Bryan.

— Muita coisa, você sabe da maioria delas! –  Thiago fala e eu abaixo o olhar. 

                Ele sabe que eu não falei nesse sentido, mas mesmo, assim, fez questão de lembrar que conheço a maior parte dos seus defeitos, e por sua vez, ele conhece os meus.

— Escuta, teremos um tempo antes do seu treinamento começar. Quero te levar em um lugar, para terminarmos nossa conversa? –  Thiago fala calmamente, e mesmo sem me tocar, seu tom faz com que eu fique arrepiada.

— Achei que já tínhamos conversado. –  Falo e ele se aproxima.

— Eu não contei tudo e acredite, quero que você saiba de tudo! –  Thiago fala e eu o encaro, tomando coragem para lidar com seu olhar, que analisa cada pensamento meu.

— Thiago, eu não sou mais aquela menina boba que você conheceu a três anos, mesmo que tenhamos essa conversa, nada será como antes, magoamos um ao outro. –  Falo e Thiago se aproxima mais, encostando nossos corpos, e então, leva sua boca até o meu ouvido, me fazendo sentir sua barba roçando em meu rosto.

— Eu sei que não tenho como voltar atrás com as minhas atitudes, e sei que nada será como antes. É exatamente por isso, que eu torço. Dessa vez, farei o certo! –  Thiago fala e beija minha testa e então se afasta.

                Xingo ele mentalmente por ter tanto poder sobre mim, aproveito que estou perto do banheiro, e troco de roupa, como nosso voo é particular, só paramos para abastecer por tanto, imito Bryan e coloco meu pijama, e então, deito ao seu lado, ele acorda, mas não fala nada, apenas pisca um dos olhos e faz carinho na minha cabeça.

                Bryan não é só meu irmão gêmeo, com quem eu implico, ele é meu porto seguro, enquanto eu souber que tenho alguém para lutar por mim, lutarei para que eles estejam seguros.

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