Capítulo Vinte e Um: Não Foi Sua Culpa.

Pousamos na Rússia a quase duas horas, Thiago nos trouxe para a casa dele, onde ele e Tato moram quando estão na Rússia, havia um quarto, já preparado para mim, ironicamente, fica bem em frente ao quarto onde Thiago dorme, mas, não relutei a ficar nele.

                Coloquei um pijama de mangas compridas e um short curto, pois não fazia frio dentro da casa, agradeci aos céus, por isso.

  Acordo e olho pela janela, esperando que a paisagem que, nesse momento é uma das mais lindas que já vi, se iluminar com o nascer do sol. 

— A mesma mania de anos atrás, isso não muda, não é? –  Thiago pergunta me fazendo levar um susto e colocar a mão no peito.

— O que você veio fazer aqui? –  Pergunto ainda sentindo meu coração disparado.

— Vim te chamar para tomar café comigo, sabia que estava acordada. –  Thiago fala e eu me pego sorrindo.

— Preciso trocar de roupa! –  Falo e ele sorri, descaradamente, em seguida, vai até o closet e volta segundos depois, com um Hobbies preto, ironicamente, a cor preferida dele. 

— Veste, depois do café você vem e se arruma, quero te mostrar a cidade! –  Thiago fala e abre o Hobbies, me fazendo colocar os braços em suas mangas, obedecendo sua ordem, deixando o mesmo me vestir ele.

                Passo os braços pelas mangas dele, e então, Thiago sorri, mordendo o lábio inferior enquanto me olha, ainda com as mãos segurando o Hobbies. Reviro os olhos em resposta ao seu sorriso, ele solta o tecido e me encara novamente. 

— Vamos tomar o café, Thiago! –  Falo e ele ri e concorda com a cabeça.

                Descemos as escadas enquanto eu fechava o Hobbies, a mesa estava arrumada, com quase todo tipo de comida, mas, em frente a cadeira que eu sentei, havia salada de frutas, minha comida preferida. 

                Thiago não comeu nada, apenas tomou café, e enquanto tomava café, me olhava, o que sempre me irritou, mas, agora, deixei passar.

— Onde vamos depois do café? –  Pergunto tirando ele do transe. 

— Passear! –  Thiago fala e eu reviro os olhos.

— Preciso levar o Bryan no hospital, ainda hoje! –  Falo e Thiago para de tomar seu café.

— Posso pedir para o médico vir aqui quando chegarmos –  Thiago fala e eu concordo com a cabeça.

— Okay, vou ir me arrumar! –  Falo levantando e deixando a pequena tigela na pia. 

                Subi as escadas da casa lentamente, ainda refletindo no porquê de deixar Thiago ter tanto controle sob mim. Optei por vestir uma calça jeans escuro e uma blusa de mangas longas em um tom claro de azul e uma jaqueta grossa de frio, coloquei um tênis preto e deixei meus cabelos soltos, e voltei para a sala, encontrando com Bryan e Tato conversando com Thiago. Bryan ainda parecia doente, porém, nem tanto quanto ontem. 

— Posso saber porque você não está na cama, Bryan Harvelle Novack? –  Pergunto e ele me olha assustado. 

— A dor já passou! –  Bryan fala e eu o encaro, enquanto ele faz uma careta.

— Você vai subir e deitar na sua cama, e se tentar sair de lá, amarre ele na cama e me ligue! –  Falo e Tyson ri.

— Sophia, eu sou o mais velho! –  Bryan fala e eu reviro os olhos.

— Dois minutos! Prefere que eu ligue para a nossa mãe? –  Pergunto e ele ri, levantando as mãos em sinal de rendição. 

— Insuportável! –  Bryan fala e eu gargalho, enquanto ele sobe as escadas. 

— Vamos? –  Thiago pergunta e eu apenas concordo com a cabeça, Tyson dá um sorriso sacana assim que começamos a andar até a porta.

— Onde nós vamos? –  Pergunto já dentro do carro, colocando o sinto de segurança.

— Vamos até um parque, moya lyubov¹ –  Thiago fala e eu o encaro 

— Moya lyubov' é o nome do parque? –  Pergunto e ele ri, com certa inocência e leveza, que, fazia muito tempo que eu não via alguém ter.

— Moya lyubov' significa, meu amor! –  Thiago fala e eu faço uma careta.

— Apenas dirija! –  Falo e ele gargalha.

                      Thiago dirige com calma, aproveito para ligar o som, que toca a música, "my blood –  Shawn Mendes " apoio minha cabeça na janela do carro, e observo a paisagem.

                      Trinta minutos depois, Thiago estaciona o carro e oferece a mão para que comecemos a andar pelo parque, aceitei pegar na sua mão, ainda maravilhada com a vista. 

                      O parque, cujo o nome é muzeon park, com toda a certeza, é um dos parques mais bonitos que já vi, haviam pessoas circulando por ele, algumas lendo livros, outras apenas sentadas observando a paisagem.

— Esse lugar é, incrível –  Falo e sorrio.

— É a minha segunda vista favorita –  Thiago fala e continuamos a andar.

— Qual a primeira? –  Pergunto e ele me olha, abre a boca para falar algo mas recua.

— No momento certo, você vai descobrir! –  Thiago fala e eu me sinto, novamente, uma menina boba, namorando um homem misterioso, que poderia me proteger de tudo, menos, dele mesmo.

— Porque estamos passeando? –  Pergunto e ele continua olhando para frente.

— Daqui a dois dias, Kenya vai começar a treinar vocês, achei que deveria te trazer para um lugar bom, antes de tudo começar a ficar complicado –  Thiago fala e parece sincero.

— Obrigada! –  Falo e continuamos a andar, algumas pessoas sorriem para nós e eu, como uma boa turista boba, sorrio novamente para elas.

     Durante nosso passeio, Thiago me levou para ver a Fontanea Square, a pequena fonte de água tem esse nome, porque fica ao nível da rua, o que a deixa ainda mais bonita, ao lado da fonte, em um banco, uma senhora vendia bonecas russas, uma delas me chamou a atenção.

    A boneca, provavelmente pintada a mão, segurava um coração, olho para ela por alguns instantes.

— Você quer a boneca? –  Thiago pergunta olhando para a senhora, que sorri para nós.

— Como você sabe que estou olhando para a boneca? –  Pergunto e ele revira os olhos.

— Seus olhos estão brilhando Sophia. Me espere aqui! –  Thiago fala e vai até a senhora. 

                Ele fala algo para ela e a mesma sorri, depois pisca para mim, e em segundos, Thiago entrega o dinheiro para ela e volta com a pequena boneca russa em suas mãos. 

— A senhora disse que, nunca viu alguém olhar com tanto carinho para as bonecas dela. Você conseguiu conquistar o coração dela, sem nem falar Russo, e eu consegui comprar seu mais novo presente! –  Thiago fala e me entrega a boneca, sorrio e o abraço.

                Thiago aproveita o momento e me aperta em seus braços, ouço seu coração acelerar.

                Continuamos sentados no banco, olhando para as pessoas que passavam pelo parque, Thiago me abraçou, prevendo que eu estaria com frio, ele acertou em cheio.

— Você leu a carta? – Thiago pergunta.

— Não! – Respondo me sentindo culpada.

— Imaginei. Fiquei feliz ao saber que você viria fazer seu treinamento aqui. Queria que você soubesse o quão é bom te ter por perto! – Thiago fala e eu o encaro.

— Não me olha assim! – Falo perdida em seu olhar.

— Assim como? – Thiago pergunta.

— Como se sua vida dependesse desse momento para continuar. – Falo e ele ri, sem graça.

— Quer saber qual a minha vista favorita nesse mundo? – Thiago pergunta.

— Claro. – Falo e ele prende nossos olhares.

— Seus olhos, quando estão olhando para mim! – Thiago fala e eu sinto meu rosto corar.

                Ali, nos braços de Thiago, me senti segura, como nunca havia me sentido, nesses quatro anos, sem ser com alguém da minha família. 

                Quando cheguei em casa, o médico já estava examinando Bryan, o mesmo disse que ele estava com infecção urinaria mas que logo ficaria bem, sendo assim, passei os dois dias seguintes cuidando do Bryan.

                Bryan já está melhor e sem dor e eu, voltei a dormir no meu quarto. 

                Nesse momento, Tyson dirige o carro em direção ao centro de treinamentos, enquanto uma música qualquer ecoa no carro, Thiago está no banco da frente com ele, enquanto me encara disfarçadamente. Mexo no cabelo de Bryan, que ainda está meio doente, por isso provavelmente não participará do treinamento de hoje. 

                Durante esses dois dias, dividi meus dias entre falar com meus pais, cuidar de Bryan e invadir a biblioteca de Thiago e ler seus livros. 

— Chegamos! – Tyson fala e os grandes portões de ferro a nossa frente se abrem, revelando três grandes galpões, paramos no primeiro.

                Kenya estava nos esperando do lado de fora.

                Kenya Bakhtin, é neta de Mikhail Bakhtin e até onde sei, a única herdeira biológica de tudo que Mikhail tem, ela será a responsável por todo o nosso treinamento durante esses seus meses que ficaremos em treinamento. 

                Segundo Thiago, o treinamento tem três fases e em todas elas, Kenya irá nos observar severamente. 

                A primeira fase do treinamento, é onde aprendemos a nós defender e a lutar, de todas as formas possíveis, até nossos corpos aprenderem a lidar com toda e qualquer situação de perigo. 

                A segunda parte, será com armas, desde pequenas agulhas até mesmo armas de alto porte. 

                A terceira parte, é a parte mais complicada, trata–se do treinamento psicológico, onde iremos passar por exatamente todos ou quase todos os métodos de tortura psicológica. 

                A visão que tivemos ao entrar no galpão, foi surpreendente.

— Sejam Bem Vindos! Tyson e Thiago estão liberados a partir de agora! – Kenya fala.

— Devolva eles vivos! – Tyson fala.

— Bom, Bryan é bom te ver outra vez! E Sophia, ouvi tanto falar de você, é bom te ver aqui finalmente! – Kenya fala e sorri.

— É um prazer te conhecer! – Falo sorrindo, simpaticamente também.

— Bom, me sigam, preciso passar algumas informações para vocês! – Kenya fala e eu e Bryan a seguimos.

  

    Kenya nos guia até o local de treinamento, ela acena para algumas pessoas presentes ali, e então, ela bate palmas atraindo a atenção das pessoas.

— Atenção, antes de começarmos, saibam que, essa é a primeira parte, eu estarei com vocês até o fim da segunda e acreditem, eu não estou de bom humor e não pegarei leve com vocês! Se vocês estão aqui, é porquê ou fizeram algo para chamar atenção do meu avô então, são importantes e inteligentes o suficiente, mas, eu não sou meu avô e se vocês não passarem por mim, estão fora! – Kenya fala ressaltando sua voz e a postura autoritária.

— Naqueles armários pretos, tem três mochilas com os nomes de vocês, peguem elas, abram, e coloquem os protetores. Vou começar o aquecimento em dez minutos! – Kenya fala e eu e Bryan andamos até o armário preto, na frente dele, haviam várias mochilas, peguei a que tinha o meu nome e Bryan fez o mesmo. 

                Depois de colocar o colete de proteção, luvas e protetores de pernas, ajudei Bryan a colocar os protetores dele também. 

   Kenya iniciou o aquecimento e em cinco minutos, e eu já estava cansada quando acabamos o aquecimento entretanto Kenya não nos deixou parar antes que desse uma hora exata de treino, depois disso, ela nos deu cinco minutos para tomar água e então, voltamos a treinar, dessa vez, luta corporal.

                Minhas costelas doíam ao sentir os golpes dados por Kenya, que me mandava controlar a respiração, cada vez que eu caia no chão, ou ficava sem ar e assim eu fazia, levantava e começava de novo. 

                Bryan, estava fazendo o mesmo processo com outro membro da máfia, ele sofreu durante o treinamento, apesar de aguentar bem mais que eu, que a essa altura, já estava com o rosto inteiramente vermelho por conta do cansaço. 

                Foram seis horas exaustivas, e apesar de querer me jogar no chão e fingir que havia morrido, me mantive firme fazendo o que Kenya mandava, sempre dando o máximo de mim, por um lado, foi bom gastar toda a energia e raiva que eu estava acumulando.

                Durante as seis horas que ficamos com Kenya, ela gritava sem parar e nos analisava a cada instante, deixando sua missão bem clara. Dividir as pessoas que ficariam para a segunda fase, das que voltariam para casa. 

                Kenya Bakhtin é bonita, seus cabelos são pretos, seus olhos, em um azul tão intenso que chega a parecer irreal e sua pele branca. Ela deixa bem claro que foi treinada e instruída para ser cautelosa e ter precisão em cada passo que dá, o que faz dela uma das mulheres mais admiráveis que conheci. 

                No fim do treinamento de hoje, Kenya se despediu de nós com um aperto de mão e um aceno, Thiago e Tyson se aproximaram de nós, assim que Tyson viu meu estado de cansaço, ele gargalhou. Thiago por outro lado, apenas me entregou uma garrafa de água e riu levemente.

— Bebe! – Thiago fala e eu apenas abro a garrafa e bebo, ele volta a se afastar de mim esperando que Kenya nos libere.

— Vocês estão horríveis! – Tyson fala rindo.

— Tyson, amanhã no mesmo horário! – Kenya fala rindo de canto.

— Estou morto, mas passo bem! – Bryan fala e eu sorrio. 

— Vamos pra casa, Bryan está fedendo mais que o normal – Falo e Bryan me empurra, me fazendo ser segurada por Thiago, que me impede de cair no chão.

— Além de fedorento ainda machuca a irmã! – Tyson fala e Thiago me solta de seus braços, sorrio em forma de agradecimento, ele retribui.

— Caramba, para de olhar assim pra minha irmã! – Bryan fala em forma de protesto ao ver Thiago me olhando de cima a baixo, reparando agora, que estou usando apenas um top preto e uma legging também preta. 

— Vamos logo, eu preciso de um banho! – Falo e então, ao som das risadas de Tyson, saímos do galpão.

    O caminho até a casa onde estamos, foi divertido, Tyson ligou o som e começamos a ouvir Jorge e Mateus, e começamos a cantar as músicas que tocavam, já que, todos nós sabíamos a letra, Bryan e Tyson foram na frente, obrigando eu e Thiago a irmos atrás, as vezes, durante o caminho, Thiago me olhava como se nunca tivesse se sentido tão feliz quanto agora, e isso, pareceu despertar algo em mim. 

                Durante o caminho parei para observar Thiago, e admiti para eu mesma, que ele, foi o único homem que já teve meu coração em suas mãos. Eu adoraria voltar a ser aquela garota que ele conheceu, que ainda não tinha magoas nem cicatrizes, mas não posso, desde que tudo aconteceu, me tornei outra pessoa, lidei sozinha com meus pesadelos e com a falta que Thiago fez na minha vida, agora, consigo sorrir mesmo quando algo está doendo muito, a incrível ironia em tudo isso, é que perto dele eu não sinto a necessidade de esconder o que sinto, algo em Thiago me faz sentir como se ele pudesse e fosse me protege do mundo, como uma vez prometeu que faria e vem tentando cumprir tal promessa a anos, mas, não tenho o direito de condenar ele a isso, pois, sei que ele daria a vida por mim, e isso é mais do que posso receber de alguém.

Chegamos em casa e eu subi as escadas em silêncio, entrei no quarto e fui direto para o banheiro, tomei uma ducha no chuveiro e enchi a banheira, entrei nela e me deliciei ao finalmente relaxar, depois que sai do banho, me enrolei na toalha e coloquei uma roupa confortável. 

   Fui até a cozinha para pedir se  Lana, a cozinheira de quarenta e três anos, com o espírito de no máximo vinte, precisava de ajuda, a mesma aceitou de bom grado, então, passei as poucas horas que restavam, na cozinha, ajudando a mesma.

   Depois do jantar, liguei para os meus pais para saber como estavam as coisas, segundo eles, tentaram invadir o morro duas vezes desde que saí de lá, porém, fomos mais fortes. 

   Minutos depois de falar com eles, acabei dormindo ao som da chuva que batia contra o vidro da minha janela.

sonho on*

     O carro em alta velocidade atrás de mim, acelera cada vez mais, tento tirar minha arma do porta malas e em um segundo, vejo o carro ao meu lado, batendo contra o meu, sinto o impacto direto contra o meu corpo e o carro gira, perco por segundos a visão que tenho, o carro está girando de ponta cabeça, o vidro quebrado crava em meu braço e eu grito, segurando o volante, minha cabeça bate contra o vidro por diversas vezes, perco a consciência por alguns segundos, quando volto a abrir os olhos, vejo a figura encapuzada a minha frente, seus cabelos são loiros e compridos, mas não consigo definir seu rosto, minha visão é ruim demais pra isso, a dor é aguda e me sufoca.

   A figura parada a minha frente, olha para o lado, ali, parado me olhando, à  outra figura, essa, masculina, ele olha para trás e fala algo para a criança que tentava se aproximar, meus olhos escurecem e perco parte da visão.

   Ainda agonizando por conta da dor, olho para a figura em pé a minha frente, dessa vez, não é a mulher de cabelos loiros, e sim a figura masculina, ele está segurando uma arma, que com toda certeza, acabará com a minha vida em segundos, olho para ela, tentando implorar para que não faça.

— Por favor...o bebê... – Falo com a voz falhando, não obtenho resposta, apenas, sinto meu ombro queimar.

   Ele se afasta, e agonizo mordendo o lábio inferior para não gritar, assim que o carro onde eles estavam sai derrapando, solto o grito que estava preso em minha garganta, e então, sinto o sangue escorrer.

           Meu bebê está morrendo.

— Socorro! – Grito o mais alto que posso, por estar em baixo do carro no meio de algo que parece uma floresta à beira da estrada.

— Socorro! – Grito mais uma vez e sinto o toque de mãos desesperadas no meu ombro.

sonho off*

— Sophia, acorda! – Thiago fala passando as mãos nos meus cabelos, abro os olhos, lentamente.

— Eu. – Falo mas travo, não consigo formular a frase correta, ele me abraça e não diz nada, apenas me faz sentir seus braços confortarem meu choro desesperado.

    Minutos depois, Thiago me soltou na cama para que pudesse ir a cozinha e trouxesse com ele, um copo com água e açúcar, tomei sem hesitar.

— Thiago, você pode .. – Não termino de formular a frase e ele se senta na cama onde estou e me abraça novamente.

— Ficarei aqui, até que você me mande sair! – Thiago fala e eu deixo mais algumas lágrimas rolarem.

                Depois de chorar o suficiente, olhei para Thiago, que permanecia com os braços em volta do meu corpo, acariciando meus cabelos, como se eu fosse frágil ao ponto de quebrar.

— Eu nunca te contei o que aconteceu no dia do acidente. – Falo e ele respira fundo.

— Eu soube de algumas coisas por Tyson, mas nunca soube o que realmente aconteceu! – Thiago fala e eu suspiro, me sento na cama.

— Isso vai ser difícil, então, se quiser que eu pare, me fale! – Falo e ele concorda com a cabeça.

— Bom, eu estava quase na metade do caminho quando notei o carro me seguindo, quando comecei a acelerar, veio a primeira batida, logo depois outras duas, o carro não aguentou e começou a capotar, fiquei presa no carro, com um ferimento no pescoço. Desmaiei por alguns segundos e quando abri os olhos, vi duas pessoas, uma mulher e um homem, a mulher se afastou e ele apontou a arma para mim e eu implorei para não morrer, sabia que era em vão, perdi a consciência, quando o tiro acertou meu ombro, acordei depois de um tempo, gritando muito por ajuda, sabia que estava perdendo nosso filho! – Falo e  vejo Thiago apertar as mãos, com raiva.

— Se eu tivesse ido junto. – Thiago fala e eu seguro suas mãos.

— Não foi culpa sua! – Falo verdadeiramente.

— Eu poderia ter feito algo. Deveria estar lá! – Thiago fala e eu faço ele olhar para mim.

— E ai seriamos dois mortos! Não se culpe, por favor! – Falo e ele segura as lagrimas.

                Deitamos, ao som da chuva, Thiago me fez deitar em seu peito e ali eu dormi, ouvindo o som do coração dele bater.

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