Capítulo Quinze: Outra Vez, Ferida.

Quando passei pela porta do hospital, meus irmãos estavam sentados e Diogo permanecia em pé, perdido em seus pensamentos, que nesse momento, nem mesmo eu, que achei que o conhecia, poderia decifrar. 

             Quando Diogo notou a minha presença, vi seus olhos se tornarem ainda mais tristes, por algum motivo que, eu também não sabia decifrar.

— Você é Diogo Santiny? –  O médico pergunta.

— Sim, meu pai está bem? –  Diogo pergunta e o médico respira fundo. 

— O estado do seu pai não é dos melhores senhor Santiny. Ele está em coma induzido, mas, temos esperança de que, ele acorde em poucos dias –  O médico fala e finalmente, respiramos tranquilamente.

— Posso ver ele? –  Diogo pergunta.

— Claro, me acompanhe! –  O médico fala e Diogo o acompanha, sem nem olhar para mim.

                                                               ***

                Minutos depois, Diogo voltou a sala de espera.

— Sophia, podemos conversar? –  Diogo pergunta e, eu ando até ele.

— O que quer falar? –  Pergunto e ele respira fundo.

— Preciso que fique longe de mim. –  Diogo fala e eu. 

— Vai me dar um motivo? –  Falo sentindo vontade de chorar.

— Eu vou precisar tomar decisões que, vão te ferir, vai ser mais fácil se você se mantiver longe! –  Diogo fala e eu congelo, vejo a frieza em suas palavras.

— Você tem certeza disso? –  Pergunto olhando para ele. 

— Eu estou destinado a isso desde que nasci Sophia. –  Diogo fala. 

— Tudo bem. Mas antes, quero que me responda algo. –  Falo e ele respira fundo, antes de voltar a postura fria que assumiu.

— fala! –  Diogo fala e eu me preparo lentamente para ouvir sua resposta.

— Eu conheci você de verdade ou tudo isso foi parte da sua decisão? –  Pergunto e Diogo parece pensar no que falar. 

— Foi real, mas, você nunca me conheceu Sophia. –  Diogo fala e então, eu me afasto.

                  Com toda a certeza, meus irmãos perceberam que a conversa não foi nada agradável, entrei no carro e dirigi até em casa.

                Eu perdi. Eu perdi o jogo que nunca me avisaram que eu estava jogando. 

                Dizem que normalmente, antes da tempestade chegar, a calmaria domina tudo, e agora, posso sentir todos os possíveis medos da tempestade, chegando junto com ela.

              Quando cheguei em casa, não chorei, Diogo foi uma pessoa mais incrível que eu já conheci nos últimos três anos, e sim, por alguns segundos, eu amei ele, em cada pequeno momento que tivemos nesses últimos meses, eu amei.

              No momento em que a calmaria dominava o ambiente onde estávamos, Diogo abraçou meus medos de que, a tempestade de um coração partido, viesse a tona, e como em todo medo, a um fundo de verdade, os dias ruins fizeram meu coração se partir, sem ao menos ser reconstruído.

                   A vida nos prega peças, nos da felicidade momentânea e arranca de nós. Agora, olhando para a panela de brigadeiro que fiz, enquanto tento me concentrar na série que passa na TV, vejo que, em algum momento, a Sophia que deixou o namorado ir embora a quatro anos atrás, foi substituída por outra versão da mesma pessoa, uma versão que apesar de querer implorar para que, a única pessoa que fez seu coração disparar verdadeiramente em quatro aterrorizantes anos, não ir embora, conseguiu ser cruel o suficiente para deixa– lo ir e chorar apenas durante alguns minutos durante o banho.

— Oi Sophi! –  Tyson fala passando pela porta do meu quarto, com uma sacola nas mãos 

— Tato! –  Falo levantando da cama e abraçando ele.

— Kauan dedurou que você estava fazendo brigadeiro e bom, sabe que eu não resisto a brigadeiro. –  Tato fala e eu sei que ele está mentindo. 

                Tyson é o único ser nesse mundo, que não come doces, mesmo assim, ele sempre me aturou nesses momentos e, como Kauan chamou ele, por que, precisou ir com Bryan para a boca, e Thomas está dormindo em seu quarto, provavelmente, ele já deve ter contado, sobre as brigas e sobre a conversa no hospital.

— Kauan é um irmão péssimo! –  Falo e Tato gargalha.

— o que Diogo fez pra você princesa? Posso socar ele? –  Tyson fala e eu gargalho. 

— Eu liberei ele para sair da minha vida e bom, coisas aconteceram e ele resolveu sair! –  Falo e Tato me abraça.

— Thiago tem algo a ver com isso? –  Tyson pergunta e eu reviro os olhos. 

— Thiago sempre tem a ver com algo! –  Falo e Tyson ri. 

— Se serve de conselho, Thiago tem muito mais a falar do que você imagina e se importa mais do que demonstra. E, eu queria poder falar que tudo vai se arrumar, mas não depende do que eu acredito ou torço para acontecer –  Tyson fala e eu tento não pensar na suposta conversa que preciso ter com Diogo. 

— Tudo bem, chega disso. O que você trouxe? –  Pergunto desviando o assunto. 

— Bolo para você e cerveja pra mim! –  Tyson fala empurrando o bolo para mim e pegando as garrafas de Skol Beats que comprou.

— Quer escolher o filme? –  Pergunto e Tyson sorri.

— Velozes e Furiosos! É hora da diversão, vamos ver todos os filmes! –  Tyson fala e eu gargalho.

                Tyson tem duas paixões obscuras, Rafaela e filmes de ação. Por sorte, os filmes de ação não querem arrancar a cabeça dele cada vez que veem ele, já a Rafaela, apesar de sentir à vontade e jurar que faria, jamais machucaria Tyson da mesma forma que foi machucada anos atrás.

— Preciso de álcool! –  Falo roubando uma de suas Skol Beats.

— Você é uma amiga péssima! –  Tyson fala e eu gargalho.

                Meu coração, ainda estava em pedaços quando deitei no peito de Tyson e deixei a tristeza me dominar, enquanto via os filmes, entretanto, com coração partido ou não, eu havia voltado para a minha família, minha casa e todos os riscos que isso carregava e for fim, meus fantasmas também estavam presentes, mais do que nunca, batendo na minha porta e uma hora ou outra, eles entrariam e eu, teria duas opções, deixá– los me ferir ou enfrentar eles.

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