O céu ainda estava tingido de tons acinzentados quando Salvatore estacionou a moto na base. O vento frio da manhã cortava o silêncio como uma lâmina, e o cheiro de terra molhada denunciava a chuva da madrugada. Ele desceu com firmeza, ajeitando a jaqueta militar sobre os ombros largos. A expressão era séria, focada, como sempre. Ali, ele não era apenas um soldado — era um exemplo.
Os recrutas já se reuniam no pátio, alguns nervosos, outros apenas cansados. O olhar de Salvatore percorreu o grupo como uma rajada. Não precisava levantar a voz para impor respeito; sua presença bastava. Ele carregava no olhar o peso de quem sobreviveu ao que muitos sequer imaginavam. E, naquele dia, não seria diferente.
— Formem duas fileiras. Agora. — Sua voz saiu firme, cortando o ar com autoridade.
Os rapazes se apressaram, endireitando as posturas, tentando esconder o sono e a tensão. Salvatore caminhou entre eles com passos calmos, mas pesados. Ele observava cada um como se pudesse enxergar além