Andava pela rua sem direção, abraçada a si mesma, o moletom encharcado de garoa. Os saltos da sandália batiam no asfalto com um som oco. Nenhuma alma viva cruzava o seu caminho naquela hora da madrugada. Olhou o celular por reflexo, mas não havia bateria. Mesmo que houvesse, não teria coragem de ligar para Laura — "Ela já fez tanto por mim hoje. Não posso incomodar mais... não agora."
Sentia-se sozinha no mundo. “Pai... mãe... como eu queria vocês aqui.” As lágrimas voltaram, agora misturadas ao lamento abafado da sua alma. “Sinto tanta falta de vocês...”
Aquela rua parecia não ter fim. As luzes dos postes vacilavam e o vento frio cortava a sua pele como lâminas. Isadora seguiu caminhando, sem rumo, sem lar, como uma sombra arrastando os próprios fantasmas.
De repente, percebeu um carro se aproximando lentamente por trás. Os faróis refletiam a sua silhueta no chão e o som abafado do motor a deixou alerta. O seu coração disparou. Ela não se virou. "Não para. Finge que não percebeu. Fic