Daphne Cheguei em casa e Evangelina não estava lá. Deixou um recado na geladeira dizendo que iria ao mercado e que voltaria em breve. Seria melhor assim, eu poderia arrumar minhas coisas sem que ela ficasse me perguntando o tempo todo para onde eu estava indo ou porque eu estava indo. Eu só precisava ir. E eu não tinha em nenhum momento pensado nessa parte da vida de casada, que eu teria que ir morar com o meu marido. Eu realmente acreditei que Haiden não levaria as coisas tão a sério ao ponto de me levar para morar com ele. Joguei meu corpo na cama e lamentei com um gemido alto e angustiante. Eu queria gritar, colocar para fora toda a tempestade que se formava dentro de mim. O pior de tudo era que eu nem mesmo poderia compartilhar aquele segredo com alguém. Quando Evangelina chegasse e me visse de malas prontas, eu teria que me esquivar como um quiabo o máximo que eu conseguisse para não contar a ela toda a verdade. Demorei mais do que o normal para colocar em uma pequena mala
Daphne O carro parou em frente a uma enorme mansão. Em toda a minha vida, eu jamais havia visto uma casa tão bonita quanto aquela. Eu realmente não estava preparada para aquele momento, sair de uma situação de desabrigada, morando de favor na casa da melhor amiga, para ir morar em uma mansão que eu até me perderia dentro dela. Meus olhos brilhavam, eu estava deslumbrada, tanto que não ouvi a empregada falar comigo. Ela estendeu a mão para mim sorridente enquanto dizia seu nome. — Sou a Rute – depois girou o pescoço apreensiva, temendo que alguém a visse fazendo aquilo – o senhor Haiden ordenou que eu a levasse até os seus aposentos. Eu sorri para ela, um meio sorriso porque eu ainda não sabia o que estava sentindo, eu estava fascinada com aquele lugar, mas eu tinha medo do que encontraria ali dentro. — Onde está o Haiden? – indaguei e ela arqueou as sobrancelhas confusas, achando incomum meu comportamento. — Ninguém o chama assim tão formalmente – ela disse, pegando minha mala e
Daphne Sentei-me vagarosamente na cadeira. Haiden não tirava os olhos de mim e ali estava uma coisa que eu realmente detestava nele, a sua mania e poderosa observação. Eu sentia que ele desnudaria minha alma a qualquer momento. — Espero que você tenha sido bem recebida em minha casa – ele disse – e eu espero que você realmente mereça estar aqui. Aquelas palavras ressoaram amargamente em minha mente. Comecei a me arrepender de estar ali. Haiden não me dava nenhuma chance para me sentir confortável ao seu lado. Respirei fundo e esperei que ele continuasse derramando seu castigo em cima de mim. Ele me puniria eternamente por eu mentir para ele. — Quero fazer um novo acordo com você – levantei o olhar rapidamente até ele, assustada. O que ele inventaria dessa vez – o nosso casamento vai permanecer em segredo. Nem aqui na minha casa, nem no escritório, ninguém vai saber que você é a minha esposa. — O quê? – era um erro desafiar o Haiden – sabe o que as pessoas andam dizendo por aí?
Daphne O trânsito daquele lado da cidade era um caos, eu dirigia a menos de vinte quilômetros por hora e as horas não paravam, provando para mim que eu chegaria atrasada e levaria outra bronca de Haiden. Bati no volante com força, completamente frustrada. Eu não parava de pensar o quanto era ruim ter que trabalhar ao lado de Haiden sabendo tudo o que eu sabia sem poder dizer nada a ninguém. Eu precisava agir naturalmente para que ninguém desconfiasse. Eu me sentia como uma criminosa escondendo um homicídio. Quando finalmente estacionei o carro em frente ao prédio, estava uma hora atrasada. Corri até o elevador com minhas mãos tremulas. Ainda era o meu emprego e, embora eu estivesse morando em uma mansão, aquele emprego ainda era tudo o que eu tinha. Eu não podia perdê-lo e depender completamente do Haiden. Cinco anos, eu pensei, cinco malditos anos vivendo ao lado do homem que eu amava sem poder tocá-lo. Eu senti o impacto do abraço de Evangelina contra o meu corpo assim que saí
Haiden Naquela manhã, eu me vi abrindo a porta do quarto da Daphne e observá-la dormir. Quando percebi o que eu fazia, me afastei rapidamente, fechando vagarosamente a porta atrás de mim. Eu não entendia por que passei a agir assim, mas odiava a sensação que a Daphne causava dentro de mim. Dei as chaves do carro dela, que ordenei que o meu motorista fosse buscar no dia anterior, para a empregada entregar para Daphne assim que ela acordasse. Minha atitude gerou o atraso de Daphne, que gerou uma bronca em público. Eu podia ver no rosto dela o quanto estava envergonhada. Às vezes considerava minhas atitudes exageradas, mas era a maneira mais fácil que encontrei de evitar que ela se aproximasse e aumentasse o que eu estava sentindo nesse momento. O trabalho era a coisa mais importante para mim nesse momento. A posição em que eu estava era o que eu havia desejado e conquistado. O meu objetivo era desfrutar disso e nada mais. Entrei no meu escritório para me concentrar no trabalho, ma
Daphne Eu nunca teria um lugar no coração de Haiden, mas ele sempre teria o seu no meu coração. Agora estou parada sozinha, perto do elevador, sentindo meu corpo inteiro tremer enquanto não contenho o choro. As lágrimas estão rolando com as últimas palavras de Haiden para mim. “Como ele pode dizer isso para mim?” Sussurrei para mim mesmo, enquanto suas palavras continuavam me atingindo como um trem de carga. O silêncio caiu sobre mim e eu fiquei lambendo as feridas que suas atitudes causaram sobre mim por longos minutos. Ele ainda estava lá, trancado no escritório com a ex namorada, a mulher com quem ele deveria ter se casado. Ele a ama? Ela era a mulher que Haiden realmente desejava? Lembrei-me então dele, dizendo o quanto desprezava o amor. Era impossível aquele homem amar alguém, mas eu era o centro do seu desprezo, pelo menos eu tinha alguma posição na vida dele. — Está chorando, Daphne? – a voz de Vincent me elevou para um surto. Meu coração batendo contra minhas costelas.
Daphne Liguei para o Haiden o percurso inteiro, mas ele não atendeu nenhuma das minhas ligações. Ele certamente estava muito ocupado com sua nova companhia para me ignorar. Eu decidi, então desisti, dirigi em direção ao hospital. Fui direto para o quarto dela, sabendo que eu não teria a desagradável presença de Ember. Rosália estava sozinha, dormindo enquanto os aparelhos monitoravam seus batimentos cardíacos. Fiquei a observar, tão frágil e limitada naquela cama. Quem diria que a mulher forte e arrogante um dia precisaria de mim. Depois de alguns minutos, eu saí e fui atrás do médico que cuidava dela. O celular vibrou na bolsa. Olhei o identificador de chamadas e era Haiden. Olhei para a tela e apertei o botão de rejeitar ligação. “Agora você quer falar comigo?” Eu disse, agindo da maneira mais imatura possível, “agora eu não estou disponível.” Enfiei o celular na bolsa novamente e caminhei pelos corredores do hospital. Depois de quase vinte minutos, eu o encontrei no seu consul
Haiden Ethan passou o almoço quase inteiro perguntando sobre a Daphne e eu precisei me controlar para não o mandar calar a boca e revelar de uma vez que ela era minha esposa. Ela não tinha o direito de flertar com ela e eu ficava voltando na lembrança da maneira como ele segurou a mão de Daphne e entregou a ela o seu cartão de visita, planejando vê-la mais uma vez. Nem por cima do meu cadáver ele se aproximaria dela outra vez. O celular vibrou insistentemente, era Daphne, mas ignorei todas as ligações. Que desculpas eu daria aos meus convidados atendendo uma ligação da minha assistente pessoal no meio do almoço. Depois de um tempo, Daphne desistiu. – Quando conheceremos sua esposa? – Ethan perguntou e eu senti uma pontada de provocação nas palavras dele – estou curioso para saber quem é essa mulher. — É verdade que você só se casou para conseguir a vaga de novo CEO? Natalia olhava para mim com os olhos exalando de curiosidade. Cocei a barba e imediatamente pedi licença. Camin