27. O contrato
O corredor parecia mais longo do que nunca quando saí da sala de Kairos. A cada passo, a sensação de que havia deixado parte de mim para trás me sufocava. Voltei para minha mesa, forçando-me a focar em planilhas e telefonemas, mas nada era capaz de me desligar do que tinha acabado de ouvir.
O contrato.
As regras, as cláusulas, os limites friamente calculados.
Revirei cada detalhe em minha mente. Por que ele precisava disso? Por que simplesmente não poderia ser… normal?
A ideia de que alguém com a intensidade dele escolhesse transformar o que poderia ser espontâneo em um acordo formal me deixava atordoada. E ainda assim, parte de mim compreendia: Kairos vivia em um mundo diferente, cercado de pessoas prontas para se aproveitar, jornalistas famintos por escândalos e inimigos à espreita. Mas aceitar isso significava abrir mão de coisas que eu sempre associei ao amor — liberdade, espontaneidade, o simples prazer de estar com alguém sem medo de ser vista.
A manhã passou como um borrão