Capítulo 2
Serena estava ao pé da escada, vestindo um simples vestido branco, era tão delicado que doía olhar para ela.

Quando seus olhos encontraram os meus, ela sorriu docemente.

— Você deve ser Freya Seymour. Eu sou Serena Jarman. Prazer em conhecê-la.

Eu não respondi. Apenas encarei.

Alfred Seymour surgiu da sala de estar. Ao vê-la, sua expressão se derreteu de um jeito que eu raramente via.

— Rena, você deve estar exausta. Deixe que Freya te leve até o quarto.

— Obrigada, Sr. Seymour. — Disse Serena, recatada.

Alfred acrescentou:

— Use o quarto da Freya. É o que tem a melhor luz, vai ser perfeito para sua recuperação.

Virei-me para ele.

— Meu quarto?

— A partir de hoje, esse é o quarto da Rena. Você vai se mudar pro terceiro andar. Tem um vago lá em cima.

Soltei uma risada sem humor.

— Passo.

Subi e comecei a arrumar minhas coisas. Meia hora depois, desci com a mala pronta.

Alfred a viu e franziu a testa.

— Aonde pensa que vai?

Sem olhar pra trás, respondi:

— Estou indo embora. Não sou mais uma Seymour. Não tenho motivo pra ficar aqui.

— Freya! O casamento é em duas semanas. Não seja absurda!

— Eu sei.

Abri a porta.

— Aparecerei no dia certo e cumprirei minha parte do acordo.

Bati a porta atrás de mim e saí dirigindo da mansão dos Seymour. Meu destino: o hotel mais luxuoso de Belcaster.

— Quero a sua suíte mais cara. — Disse à recepcionista.

— Quantas noites?

— Duas semanas.

Paguei com o cartão secundário dos Seymour, que tinha um limite de 30 milhões de dólares e mal havia sido usado até então. Hoje, eu pretendia acabar com ele.

Depois de fazer check-in na suíte, comecei uma maratona de gastos vingativos.

Procurei a consultora da grife de vestidos de noiva mais famosa do mundo e encomendei três modelos, todos acima de um milhão cada. Depois vieram dez conjuntos de joias e dois relógios de edição limitada.

Ao cair da noite, eu já tinha torrado quase 25 milhões de dólares. Alfred ligou logo em seguida.

— Freya! Você ficou louca? Gastou quase 30 milhões em um único dia!

Deitada no sofá de couro do hotel, respondi:

— Qual o problema? Vou me casar com uma família rica. Preciso gastar um pouco para estar à altura.

— Você precisa de tudo isso só para parecer à altura?

Tomei um gole do champanhe.

— Claro. Vou me casar com o herdeiro dos Gaskell. Espera que eu apareça parecendo barata? Além disso, eles estão colocando três bilhões de dólares na mesa. Dezenas de milhões nem fazem cócegas.

— Você... — Alfred engasgou de raiva, sem conseguir continuar.

Eu ri e disse:

— Pai, ou melhor, Sr. Seymour. A gente já não tinha cortado laços? Tecnicamente, eu nem deveria estar gastando o seu dinheiro. Relaxa. Assim que o dinheiro cair na conta, você será o primeiro a receber de volta.

Desliguei e voltei à minha farra de compras. Antes que o pagamento do casamento fosse feito, eu drenaria todo o fluxo de caixa dos Seymour.

Quando aqueles três bilhões caírem na minha conta, Alfred teria que implorar pra ver um centavo de volta. Aí sim, eu queria ver se ele ainda teria coragem de ficar do lado da Rowena e da Serena.

Eu estava prestes a começar mais uma rodada de indulgência quando o celular vibrou. O nome de Daniel apareceu na tela.

— Você não apareceu no escritório há três dias. O que está acontecendo?

Olhei pra mensagem. Meu coração disparou, mas eu o reprimi imediatamente. Ele não se importava comigo.

Só se importava quando eu saía do roteiro que ele mesmo tinha traçado. E era só isso.

Respondi:

— Problemas de família. Fico bem em alguns dias.

Ele nunca respondeu.

Na manhã seguinte, quando eu estava saindo pra mais uma rodada de compras, a recepcionista do hotel me parou.

— Srta. Seymour, sinto muito, mas o cartão que a senhora vinha usando foi bloqueado. Não podemos mais processar pagamentos da sua estadia.

— Como assim?

— A senhora precisa quitar a conta imediatamente ou… — ele hesitou — teremos que pedir que desocupe o hotel.

Uma hora depois, eu estava do lado de fora, mala na mão — sem dinheiro e sem lugar pra ficar. Não consegui me obrigar a vender as peças de luxo que havia comprado. Eram pro casamento.

Por um momento, pensei em ligar pra alguma amiga. Mas logo lembrei que eu não tinha nenhuma.

Ninguém nunca tinha se importado comigo. Só com o nome Seymour. E agora que eu tinha sido expulsa, quem se importaria?

A noite caiu enquanto eu arrastava a mala pelas ruas.

Por fim, encontrei um banco de praça e me sentei. O silêncio era pesado, só cortado pelo barulho distante do trânsito.

Abracei os joelhos, contando os dias. Faltavam doze até o casamento. Eu não sobreviveria na rua tanto tempo. Enquanto eu pensava nisso, um grupo de bêbados entrou cambaleando no parque.

Um deles se aproximou, fedendo a álcool barato.

— Ei, gatinha. Sozinha?

Levantei num pulo, tensa.

— Fique longe!

— Que isso, não seja assim. — Ele estendeu a mão.

— Vem beber com a gente.

Dei um passo pra trás e esbarrei no banco.

Foi então que uma voz grave cortou a noite:

— Ela não está sozinha.

Virei-me e vi Daniel saindo das sombras, com uma expressão tão escura que dava medo.

A força de sua presença fez os bêbados recuarem e sumirem dali. Ele parou diante de mim, o olhar passando da minha mala para o banco.

— Sem casa… e mesmo assim, você não vem até mim?

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