A decisão de um Alfa.
— Filho, finalmente me ligou. Às vezes penso que se esqueceu de seus pais. Um alfa também precisa ter um tempo para a família… — O que está pensando alimentando as fantasias de Lisa? Nunca concordei em tomá-la como minha ômega! — Esbravejo, e meu pai suspira. — Ela invadiu minha casa e se deitou na minha cama sem um convite. Sabe que eu poderia puni-la publicamente por isso, certo? — Não faça isso, Malachi. Lisa foi influenciada pela conversa que tive com o pai dela. Tenho insistido há anos para arrumar uma esposa, uma ômega da nossa alcateia, mas você sempre dá uma desculpa. — E você insiste em desrespeitar minha decisão. — Precisa de um herdeiro. — Insiste, frustrado. — Encontrei minha parceira. — Solto de uma vez. — Não seja teimoso… O quê? Sinto vontade de gargalhar pelo choque evidente em sua voz. — Minha parceira predestinada… eu a encontrei. — Repito, e ele exala audivelmente. — É de outra alcateia? — Questiona, e me sento em minha cama, temeroso. — Ela se mudou para a cidade recentemente. — Ah, que maravilha, Malachi… — É humana. Totalmente humana. — Completo, e a linha fica muda momentaneamente. Pelo acordo e pela paz, não nos envolvemos com humanos. Vivemos entre os nossos e formamos nossas famílias. Nos relacionamos no passado, e isso gerou muitos problemas e vidas perdidas. Agora, virou um limite que evitamos a todo custo. — Malachi… — Meu pai começa com pesar. — Uma humana? Sabe que precisa honrar o acordo de paz. — É minha predestinada, a deusa a escolheu para mim. Ninguém vai me impedir de tentar conquistá-la. Nem mesmo você. Eu o respeito muito, pai, então não me peça isso. Ficamos em silêncio, o peso da minha decisão pairando no ar. Durante anos, evitei todos que me diziam que eu deveria ter uma esposa e um herdeiro. Tive minhas aventuras sexuais, mas nunca dei brecha para nenhuma mulher engravidar e ter um filho meu. Uma parte de mim sempre acreditou que a encontraria. Minha parceira predestinada. E agora que a encontrei, não vou desistir de tentar, mesmo que ela seja uma humana. — Nada vai mudar sua decisão, Malachi. Eu o conheço há muito tempo. Espero que essa escolha não lhe traga problemas. Não se esqueça que é o alfa líder desse vilarejo. — Avisa, com a voz séria. — Não me intrometerei mais. Em breve sua mãe e eu voltaremos para casa. Se precisar de ajuda, basta ligar. Meus ombros caem, aliviados. Meu pai sempre foi um alfa e homem justo. Às vezes intrometido, mas sempre preocupado. Saber que tenho seu apoio me deixa mais confiante sobre minha decisão. — Obrigado, pai. Manda um abraço para minha mãe. Vejo vocês em breve. — Se cuida, filho. Você é um bom homem e alfa. Lembre-se disso. Desliga, e eu deixo o celular de lado. Terei que tirar todas as roupas de cama e jogá-las fora, quem sabe até trocar o colchão. O cheiro de Lisa está impregnado no quarto, e odeio isso. Nenhum aroma além do de Elise me atrai. Pensando nela, resolvo deixar tudo para depois e tomar um banho para ir até a Taverna do Eddie. Quero vê-la, mesmo que ainda me ignore com todas as forças. E se tem alguém tentando chamar sua atenção, é melhor eu ir marcar meu território. • Vim sozinho hoje, e ao entrar na Taverna, só vejo Eddie atrás do balcão. O beta parece atarefado, servindo várias canecas ao mesmo tempo. Outros lobos ocupam as mesas, acenando ou inclinando a cabeça em respeito quando me veem. Caminho até o balcão, decidido a descobrir onde a loirinha está. — Alfa — Eddie cumprimenta, respeitoso. — A cerveja de sempre? Nego com a cabeça. — Onde está sua funcionária? A Elise. — Pergunto, e ele fica desconfortável. — Está doente? — Pedi para que ficasse em casa. Chegou sentindo um pouco de dor e, quando perguntei, respondeu sem rodeios que é por causa do ciclo dela. — Sussurra, cuidando para que ninguém mais ouça. — Não sei o que está acontecendo, Alfa, mas percebi que ela é importante para você. Certamente não gostaria de outros lobos a farejando. Apenas o pensamento me faz querer quebrar tudo. — Agradeço, Eddie. Sabe onde ela mora? — pergunto. — Sei, aqui. — Responde, anotando o endereço num pedaço de papel. — Com todo respeito, Alfa, Elise é uma boa moça que tem passado por tempos difíceis. Não leve a sério se, em algum momento, ela faltou com respeito. — Tempos difíceis? — Ela veio para a cidade para recomeçar. Pelo que entendi de uma conversa que teve com a amiga, não tem família. Deixou tudo para trás após terminar um relacionamento. Se reparar bem, verá que não está nas melhores condições. Engulo em seco e assinto. Saber que minha parceira está sofrendo não me agrada. Vou ter que começar a mudar isso. — Quando ela voltar, triplique sua diária. Pedirei ao contador que deposite a quantia mensalmente na sua conta. — Ordeno, vendo os olhos de Eddie se arregalarem. — Não pergunte e nem conte a ela. — Tudo bem, Alfa. Considere feito. — Ah, Eddie? Quero saber o nome de cada filho da puta que olhar para Elise de forma desrespeitosa. O beta concorda nervosamente, e eu me viro, saindo da Taverna. Preciso melhorar as coisas para Elise, e preciso começar agora.Uma dor e um cartão misterioso. O barulho de alguém batendo na porta da frente me desperta. Eddie tinha me dispensado depois que contei sobre minha cólica. O mais surpreendente foi ele pedir para eu voltar só quando meu período acabasse. Nem tive como discutir, por mais que quisesse. Ele parecia constrangido ao dizer aquilo, e eu preferi não piorar uma situação que já estava longe de ser boa. Ana está no trabalho, como sempre. Estou preocupada com as diárias que estou perdendo. Sem conseguir um segundo emprego, ficar sem pagamento é uma merda. Levanto com o estômago se revirando. Essa cólica tá diferente de todas as outras. Mais intensa, mais cruel. No primeiro dia, cheguei a considerar ir pro hospital. A dor me deixava à beira de desmaiar. Só apaguei depois de tomar três analgésicos e, graças a isso, consegui ignorar o tormento por algumas horas enquanto dormia. Arrasto os pés até a porta, com o corpo sensível e dolorido. — Senhorita Elise? Entrega para você. — Um rapaz ruiv
Black Card e problemas. “Não quero nada de você, seu maldito! Vou devolver tudo, e se não aceitar, jogo essa merda no lixo! Tá achando o quê? Que vai me comprar com isso? Não achei minha buceta no lixo, porra! Me deixe em paz!” As palavras furiosas se repetem em minha mente. — Não diga nada! — Aviso a Kiran, que sorri e já abre a boca. — Eu preciso dizer, ou vou sufocar e morrer. — Então morra. — Rosno, irritado. — Irmão, você realmente achou que mandar um black card pra ela seria um bom primeiro passo? — Solta, e só não arremesso algo na cabeça dele porque seria perda de tempo. — Ela deve estar pensando que você tá chamando ela de prostituta. — Só quero cuidar dela! — Digo, frustrado. — Depois do que Eddie disse, não pensei muito, só agi. — Bem, você se lascou. Agora vai ter que voltar à estaca zero. Ah, não, espera... você nunca saiu dela! — Provoca, gargalhando. Elise definitivamente foi de me ignorar pra me odiar. Não imaginei que ela levaria o presente como uma ofensa tão
Lobo x Humano Olho para Eddie, que me encara de volta. Após quatro dias, estou de volta ao trabalho. Ainda não entendo por que ele me pediu para retornar depois que meu período acabasse. Apesar de ser uma atitude antiquada, não posso reclamar. Nunca tive um ciclo tão maluco antes. Meu corpo ficou absurdamente sensível, as cólicas pareciam virar meu útero do avesso, e o tesão… senti que poderia escalar paredes. Ainda não me sinto completamente normal, mas preciso das diárias para me sustentar e pagar o aluguel. O "presente" de Malachi continua no meu quarto, intocado. Não contei nada para Ana. Só quero devolver aquele desaforo para o canalha e fingir que nada aconteceu. Não sou ninguém neste mundo, mas ser tratada de forma tão ofensiva é demais para mim. Achava que essa história de homens ricos querendo comprar a atenção de mulheres só existia em livros, mas estava enganada. — O que é isso? — pergunto a Eddie. — Seu pagamento — responde, direto. — Não trabalhei por dias, e aqui t
O preço a se pagar. Minha cabeça lateja como se fosse explodir, e o pedaço de merda na minha frente está prestes a perder a dele se continuar me encarando com esse desprezo. — O que foi que disse? — pergunta, o desdém estampado na cara. Ele é a porra do chefe do conselho humano. E como preciso que concorde com os novos termos, engulo meu orgulho e respondo de novo. — Temos algo chamado parceiros predestinados: pessoas escolhidas como reflexos, destinadas a nos completar e dividir a vida. — explico com firmeza. — E encontrei a minha parceira. Uma humana que chegou recentemente na cidade. — Você sabe que não pode se envolver. — dispara, enfático. O encaro até que comece a se contorcer. Só paro quando vejo o rosto dele ficando vermelho. — E você sabe que desvio de mercadoria é crime, não sabe? — digo, sem mexer um músculo. — Do que está falando? — questiona, fingindo confusão. Cruzo os braços, deixando meu tom mais incisivo. — Recentemente, recebi um pedido suspeito. Imagine min
Passado.Avisos: Esse capítulo fará menções sobre os abusos passados da personagem. — 90 pratas. — O atendente informa, e entrego o valor. Ele embala tudo e me devolve as sacolas. — Obrigada. — Murmuro o agradecimento.Depois do constrangimento que passei na última vez que vi Malachi, usei metade do pagamento generoso de Eddie para comprar algumas roupas e trocar aquela maldita bolsa.Não posso reclamar. Cheguei nesta cidade com uma mala pequena e nada mais. Agora, vivo com Ana, tenho um teto sobre minha cabeça, comida e um emprego. Ainda preciso de tempo para me reerguer; as marcas do passado estão fixadas em mim, me impedindo de ser feliz e seguir em frente.Foram quase dois anos de abuso físico e mental. Trevor não é um bom homem, e demorei muito tempo para perceber isso. Na primeira agressão, três meses depois que nos conhecemos, ele alegou que foi sem querer, que estava irritado e bêbado. Eu, burra e carente, aceitei. Depois disso, entrei em uma repetição de desculpas e hematom
Um conselho amigo. O teto do quarto é branco, assim como as paredes. Minha cama é um colchão que o vizinho da Ana doou, e minhas roupas estão numa caixa de papelão que peguei na loja de conveniência. Ainda assim, é a primeira vez que me sinto verdadeiramente feliz. A vida está longe de ser perfeita, e tenho muito o que conquistar, mas, pela primeira vez, não sou dominada pelo medo. A luz da lua cheia entra pela janela aberta, e meus pensamentos insistem em trazer Malachi para a realidade. Depois de Trevor, não achei que voltaria a sentir atração por alguém tão cedo, mas há uma força enigmática que o impregnou na minha mente. Ele é lindo, com um corpo forte, uma estrutura poderosa e olhos negros misteriosos. O presente que ele enviou está perto da caixa com minhas roupas, como se me desafiasse a devolvê-lo. Desde que me seguiu após o trabalho, não o vi mais, e quero distância de Davie. Nunca mais vou ignorar sinais claros para me afastar de quem pode me fazer mal. Não sei qual é a i
Kiran e um conselho. — Ela disse isso? Que você queria comprá-la como uma prostituta particular? — Kiran ri, a voz ecoando em minha mente enquanto percorremos a floresta em nossa forma de lobo. Como Alfa, tenho o poder de me conectar à mente da minha alcateia enquanto estivermos transformados. Posso escolher a quem me conectar, e agora, apenas Kiran compartilha essa conversa mental. — Sim, ela disse. — repito, seco. — Aposto que isso balançou seu ego. — provoca, desviando quando tento mordê-lo, mas ele escapa no último segundo. — Duvido que tenha passado despercebido. — Nunca ouvi reclamações. Sei muito bem como agradar uma mulher. — retruco, irritado, sentindo minha paciência se desgastar. — Na cama, talvez. — Kiran dispara, rindo. — Mas fora dela… um verdadeiro desastre, irmão. — Sua risada irônica ecoa em minha mente. — O vilarejo está em alvoroço com as mudanças. Alguns estão até animados com a chance de encontrar seus predestinados entre os humanos. — Oliveira deve estar em
Uma decisão. É surpreendente. Sinto exatamente quando Malachi entra na taverna. O ar pesa de repente, meu corpo se arrepia inteiro, e nem sei o motivo, mas parece que tenho reagido cada vez mais a ele. É como se fosse um imã me atraindo de um jeito que foge da razão. Continuo servindo as bebidas, fingindo prestar atenção no que Eddie diz sobre a nova remessa de cerveja amanteigada que chegou hoje. Mesmo assim, não consigo evitar a tentação de buscá-lo com os olhos. Pergunto a mim mesma se seria tão ruim dar uma chance a ele. Conhecê-lo sem as comparações de sempre. Quero entender quem sou, me reerguer, mas também quero descobrir como é amar de verdade. Sentir o amor e ser amada. E nunca vou saber se deixar Trevor continuar me assombrando. Já deixei meu passado e até meu verdadeiro nome para trás. Talvez esteja na hora de libertar meu coração também. Nossos olhares se encontram quando ele se senta no balcão, os braços fortes apoiados ali, sem pressa. — O que vai querer? — pergu