Capítulo 2
Passei o dia inteiro deitada no hospital, e Mateus não apareceu.

No dia seguinte, depois de cuidar sozinha da minha alta, ao passar pela ala VIP, presenciei uma cena que partiu meu coração.

Meu irmão e meu pai estavam ao lado de Natália.

Um a alimentava com frutas, o outro ligava a televisão e escolhia uma comédia que ela gostava de assistir.

Enquanto isso, Mateus discutia o plano de tratamento com o médico responsável por ela, com uma expressão séria.

Natália puxou a barra da camisa de Mateus e apontou para um chocolate ao lado. Mateus pegou, abriu a embalagem e deu na boca dela.

Ao ver aquela cena tão acolhedora e harmoniosa, senti como se uma agulha atravessasse meu peito.

Eles sim eram uma família. Eu era apenas uma estranha.

Lembrei-me de quando, ainda crianças, eu e Natália fomos internadas juntas por uma pneumonia.

Meu irmão e meu pai ficaram ao lado da cama dela, cuidando de tudo.

Enquanto isso, eu estava sozinha num quarto frio, sem ninguém para me ajudar. Morria de sede, meus lábios racharam e sangraram sem que ninguém notasse, até que uma enfermeira percebeu e me trouxe um copo d’água.

Esse tipo de negligência foi constante desde a infância.

Só depois de me casar com Mateus é que comecei a ser amada. Ele sempre foi atencioso comigo, me dava tudo de bom.

Sempre acreditei ser o único amor de Mateus, mas não imaginava que ele também fosse tão gentil com Natália. A delicadeza com que ele lhe dava chocolate era de uma ternura surpreendente.

Enxuguei as lágrimas e fui para casa.

Liguei para meu orientador da faculdade e disse que aceitava participar do projeto de pesquisa fechado do Instituto Selenvista, concordando em não voltar para casa por dez anos.

Meu orientador comprou minha passagem para dali a três dias.

Ele pediu para eu me despedir bem da família, afinal, seriam dez anos longe de casa.

Assim que desliguei o telefone, Mateus voltou. Ele me abraçou pela cintura e me perguntou com carinho:

— Estava ligando para reservar o quê?

— Os ingressos para a apresentação de ópera que eu tinha comprado antes. Como fiquei internada, pedi o reembolso.

— Entendi. Mas por que você saiu sozinha do hospital sem me avisar? Eu podia ter ido te buscar.

Eu ia começar a explicar quando Natália entrou no quarto.

— Giselle, você é mesmo sem noção. Saiu do hospital sem avisar o Mateus. Fomos ao seu quarto e você não estava, ele ficou super preocupado, achou que algo tivesse acontecido.

— Ele é chefe da máfia, tem vários inimigos de olho nele. Ele pensou que você tinha sido sequestrada.

Olhei para Natália. Ela sempre conseguia me culpar por qualquer coisa, desde pequena era assim. Agora me acusava de ser irresponsável.

Olhei para Mateus, que se apressou em justificar:

— Natália não está bem de saúde, o médico recomendou que ela se recuperasse em casa. Nosso castelo tem uma floresta natural, o ar é puro, o ambiente é melhor. Por isso, pedi para ela ficar uns dias aqui.

— Giselle, desculpe por atrapalhar seu tempo a sós com o Mateus.

Natália me lançou um sorriso vitorioso.

Ela esperava que eu perdesse a paciência, para poder me acusar de ser mimada e irracional.

Era o truque dela de sempre.

Mas respondi com indiferença:

— Fique o tempo que quiser.

Natália ficou surpresa, não esperava que eu reagisse de modo tão diferente hoje.

...

No dia seguinte, Mateus pediu às empregadas que preparassem um quarto para Natália, detalhando cuidadosamente todos os cuidados especiais com a alimentação dela.

Descobri que Mateus, além de conhecer todos os meus gostos, também sabia muito bem das preferências de Natália.

Fechei os olhos, me sentindo ridícula por só agora perceber o quanto Mateus se importava com ela.

À noite, voltei mais cedo para arrumar as malas e descansar. Quando estava prestes a deitar, Mateus entrou no quarto, trazendo um copo d’água e abriu para mim o frasco de cálcio com todo cuidado.

— Tome o cálcio antes de dormir, senão vai ter cãibra de novo na perna à noite.
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