Um pedido sem palavras
Xavier Lancaster
O silêncio na mansão era tão denso que quase se podia tocá-lo. O ar, pesado, parecia conspirar contra qualquer tentativa de respiração tranquila. A discussão ainda não havia começado, mas a tensão já estava lá, espremida entre os dois corpos no sofá. Daniela, com o olhar fixo no copo de suco que segurava, revirava a bebida com a ponta do canudo, como se procurasse respostas em um redemoinho laranja. Eu, por outro lado, olhava para o horizonte cinzento de Londres pela janela, como se a resposta estivesse em algum lugar no céu.
A noite anterior havia sido um furacão. Um turbilhão de emoções, perguntas e, principalmente, omissões. O pedido, se é que se podia chamar aquilo de pedido, havia sido um evento atípico, uma demonstração longe de ser por amor, tão pragmática que parecia mais um plano de negócios do que uma declaração. Eu era conhecido por minha frieza calculada, havia estendido a mão para Daniela e, sem rodeios, havia dito: "Então, va