O Voto Interrompido pelo Negócio
Xavier Lancaster
Eu a observava dormir.
Daniela estava enrolada no meu roupão de seda, no meio do meu sofá da sala de cinema privada. O dia tinha sido uma obra-prima de controle emocional e física: o café na cama, o banho lento, as conversas sobre Paris e o futuro. Na verdade, tínhamos acabado de rever mentalmente os pontos-chave do acordo com Pierre no Sul da França. Eu a curava, a mimava, a blindava, e o meu poder residia nisso. Sentia que a obra no nosso hotel francês já tinha começado, aqui, na fundação de nós dois. A do Brasil já estava na fase final, mas seria surpresa para depois do nosso casamento.
Eu estava prestes a acordá-la. Olívia estava quase a chegar da escola, e eu tinha planeado o momento: o abraço das minhas duas mulheres, a minha apresentação silenciosa da nova dinâmica. Esta era a minha família, o meu voto, a minha prioridade.
Foi então que o mundo exterior bateu à porta do meu controle. Não com uma batida, mas com o so