A escuridão era viva.
Ondulava.
Pulsava.
Sussurrava seu nome.
Yara via-se presa dentro de um oceano negro e sem fim, como se tragada por uma amplitude onde tempo e espaço não significavam mais nada.
Não havia chão sob seus pés.
Nem teto sobre sua cabeça.
Apenas sombras, retorcidas como raízes de uma árvore doentia, sussurrando palavras inefáveis.
No início, ela tentou lutar. Tentou se mover, gritar, arrancar-se daquilo. Mas não havia nada a que pudesse se agarrar.
Então, as sombras começaram a mostrar-lhe imagens.
Primeiro, flashes distantes.
Uma fogueira numa noite de lua cheia.
O brilho do olhar de Tupã conforme sussurrava promessas em seu ouvido.
O calor das mãos dele deslizando por sua pele.
O coração de Yara cavalgando.
Era uma lembrança?
Ou estava acontecendo agora mesmo?
A cena mudou.
Ela estava numa clareira banhada pela luz prateada da lua.
O ar cheirava a folhas molhadas e... terra recém-revolvida.
À sua frente, Tupã se erguia, olhando-a com a intensidade de sempre.
Mas algo