A primeira dor veio como uma onda surda, pesada e profunda, arrancando-me o ar por um momento. Eu estava no jardim dos fundos da mansão, colhendo folhas de hortelã com Lis para o chá da noite, quando ela me olhou de lado, olhos estreitados como se ouvisse algo que o mundo ainda não captava.
— Sentiu?
Assenti, levando a mão à barriga. A dor já havia passado, como se nunca tivesse estado ali, mas deixou para trás um calor estranho, uma promessa silenciosa. Meus dedos apertaram levemente a barriga arredondada e senti o bebê se mover — não como das outras vezes. Era diferente. Mais forte. Quase impaciente.
Lis largou as folhas.
— Está começando.
Minha garganta secou.
— Tem certeza?
Ela me encarou com a calma que só os séculos trazem.
— Eu conheço esse olhar. E conheço essa energia. Está na hora, Izzy.
A notícia correu como fogo entre as árvores. Quando cheguei ao quarto, Caelum já estava lá, olhos arregalados, o rosto dividido entre ansiedade e amor bruto.
— Agora? — ele perguntou, como s