Segurei Helena com força enquanto ela chorava como eu já previra — como sempre acontece depois de uma tempestade. Conheço minha mulher como ninguém: ela tenta ser durona até o fim, segura a fera dentro de si com unhas e dentes, mas quando a maré baixa a culpa e a fragilidade vêm à tona. Deixei-a desabar no meu peito, deixar sair tudo o que precisava sair, e segurei até que as lágrimas fossem menos ardidas.

— Amor, eu me igualei a ela. Fui um monstro — as palavras saíram emboladas, quebradas pelo choro.

Coloquei os olhos nos dela, firme, até fazê-la erguer a cabeça.

— Olha para mim — pedi. Ela me olhou, os olhos inchados por tanto chorar. — Nunca ouse dizer que você é igual a ela. Ouve o que eu digo: Vanessa teria feito mal ao nosso filho sem pensar duas vezes. E você… você jamais faria isso. Nem por raiva, nem por vingança.

Ela respirou fundo, soluçando, tentando encontrar algum fio de razão entre a dor.

— Eu sei — murmurou. — Mas ela era filha de alguém. Eles a criaram torta, e e