Lembrando do passado.
Como ele pode dizer para eu assistir alguma coisa, se mal consigo raciocinar sabendo que ele está a poucos metros de distância de mim? Vamos ter de dormir no mesmo quarto, na mesma cama. Eu sei que à tarde acabamos dormindo juntos, mas isso é totalmente diferente; dividir o mesmo quarto é algo para quem tem intimidade verdadeira, para quem já atravessou a linha do conforto.
— Calma, Helena… — murmuro para mim mesma — difere porque estamos no quarto do nosso companheiro, então é o mesmo que ser nosso.
Mas a resposta da minha consciência é imediata, quase áspera:
— Eu sei que ele é nosso companheiro, mas ainda assim não dá para ficar confortável em dividir o mesmo quarto.
Me sento na beira da cama. A luz baixa deixa o quarto quase dourado, há cheiro de madeira úmida misturado com o perfume dele que parece impregnar cada tecido. Me sinto exposta, como se o espaço fosse íntimo demais para o que ainda somos.
— Verdade, Helena, tudo ainda é novo, mas vamos nos adaptando aos poucos — a v