Ao entrar na sala do interrogatório — nós a chamamos assim só para não causar pânico; na verdade usamos o nome quando queremos mais do que um simples questionamento, quando queremos brincar um pouco com a nossa presa — sei que hoje será a vez do Henry se divertir. Que a esposa dele não escute isso. Se existe alguém que gosta de brincar com a presa, esse alguém é o Henry. Ele costuma dizer que é bom extravasar a fera interior; eu temo que, se lutasse em nossa forma lupina, o lobo dele salivaria ao quebrar o pescoço de algum desavisado.

Paguei uma cadeira e me sentei. Virei a cabeça e vi nossa presa encostada na parede, tremendo como vara verde — e o melhor de tudo é que nem começamos e ela já estava assim. Henry puxou outra cadeira e mandou:

— Beta, por que estou presa aqui? Não estou entendendo nada — ela dizia, soluçando.

— Sente aqui, querida. Não me faça pedir duas vezes. — A voz dele saiu tão grossa que a fez estremecer mais.

— Sin... sinto muito, me perdoe... eu não sei o que