— Lion —
Tudo parecia uma cena fora do meu controle, como se minha vida tivesse desmoronado diante dos meus olhos e eu fosse incapaz de impedir. O corredor parecia mais estreito, o ar mais pesado. Eu estava em choque. Como deixei isso acontecer? Como fui capaz de machucar alguém como a Ana?
Ela estava ali, parada, devastada. Os olhos que antes me olhavam com carinho agora transbordavam mágoa e repulsa. Aquilo doía mais do que qualquer coisa. Meu estômago revirava só de lembrar da expressão dela ao perceber… ao entender.
Eu nunca tive a intenção de enganá-la. Juro por tudo que há em mim. Mas o erro já estava feito. E agora, tudo que sobrava era o gosto amargo da culpa e o peso insuportável da consequência.
A discussão com minha esposa ainda ecoava pelos corredores, alta, suja, reveladora. Ela sabia. Ela sempre soube. E agora Ana também sabia. Por minha culpa.
— Ana… — falei com o pouco de coragem que ainda restava — por favor, venha até minha sala.
Ela caminhou até mim como um fantasm