Minha Redenção é Você
Minha Redenção é Você
Por: Anne Elliot
Prólogo - Oliver Ferraz

Respiro fundo e novamente as lembranças do dia anterior vêm como um raio. Ainda estou incrédulo com tudo o que aconteceu, como pude não perceber que a Andréa estava me traindo, se não tivesse visto com meus próprios olhos eu não acreditaria. Mais uma vez, puxo o ar para meus pulmões e solto devagar, faço isso para tentar me acalmar. Vivemos juntos praticamente, durante quatorze anos e achei que iríamos nos casar, como era o desejo de nossos pais, mas, pelo jeito o destino tem outros planos, ainda mais depois do que presenciei, isso está fora de cogitação. Me fazerem de otário, nunca mais.

Retorno com meus pensamentos para o dia anterior, e  enquanto repasso todos os momentos, só para ter certeza de tudo o que aconteceu, percebo que as lembranças não são nada agradáveis. Me sinto um idiota por ter acreditado tanto em Andréa, acreditado em nosso amor, se é que era amor verdadeiro! Quem ama de verdade, não engana.

Dia anterior:

Olhei para minhas mãos ao mesmo tempo que abria novamente a caixinha, que continha o maravilhoso anel que comprei para a minha noiva, admirando-o mais uma vez. Ela já tinha uma aliança, mas queria impressioná-la e dar um anel para marcar o dia que realmente iria pedi-la em casamento, um dia que foi muito esperado por todos. Caminhei pelo apartamento e segui diretamente para a saída, estava nervoso, não sabia o motivo, porque sou um cara super tranquilo, talvez por ser um momento importante para nós, um passo definitivo que daríamos em nosso relacionamento.

— Vamos lá, Oliver, chegou a hora — falei para mim mesmo, saindo pela porta e batendo-a em seguida. Caminho para o elevador e o chamo. A Andréa não faz ideia de que estou indo até ela, quero fazer uma surpresa.

Ando até meu carro, destravo, entro e dou partida. Ainda estou nervoso, com uma sensação estranha, será que devo avisá-la que estou a caminho?! Melhor não, quero surpreendê-la. Dirijo pelas ruas de Nova Iorque, sentindo o vento fresco entrar pela janela do carro. Gosto muito dessa cidade, foi muito bom passar esses anos aqui, aprendi muito e estou pronto para retornar e assumir a empresa no lugar do meu pai, que já passou da hora de se aposentar. Chego no edifício em que a minha noiva mora. Decidimos morar em locais separados, mas sempre estamos juntos, e logo, logo, isso irá mudar, pois estaremos casados e felizes, mal posso esperar por esse momento. Com esse pensamento dou um sorriso e chamo o elevador, aperto para o andar dela e as portas se fecham. Enfim, chegou a hora, paro de frente à porta e digito a senha, logo ela se abre, olho em volta e tudo parece no lugar. Fecho a porta atrás de mim e saio à procura da minha mulher, minha amada.

Dirijo-me até o corredor, em direção ao quarto, mas algo me faz paralisar ao me aproximar. Ouço vozes vindo de dentro, e me esforço para não fazer barulho, tentando identificar a outra voz, que parece ser de um homem.

— Amor, o Oliver não virá para cá, combinamos de nos encontrar mais tarde, então vem e me faz gozar nessa sua boca gostosa.

— Você tem um fogo, agora entendo o porquê de me procurar, aquele imprestável não tem cara de que dá conta desse mulherão todo.

— Para de falar e me chupa de um vez.

Imediatamente reconheço a voz. É do maldito Alex, nosso carismático amigo que está conosco desde a vinda para cá. Como pude ser tão idiota e tolo, nunca percebi nada. Isso é como enfiar uma faca no meu peito, justo de alguém que sempre confiei cegamente. Como essa vagabunda teve coragem? Sempre lhe dei tudo, jamais esperei algo nesse nível. Estou dilacerado, mas não darei o gostinho de mostrar na frente deles. Poderia ir embora sem pedir explicações, pois o que tinha pra ver aqui, já vi o suficiente, mas preciso ver a cara desses mentirosos. Abro a porta e sinto o nojo diante da cena digna de Oscar, para depois não dizerem que sou louco.

Andréa se assusta com o barulho da porta sendo aberta em um rompante, e me olha espantada. Alex está tão focado em seu trabalho que continua sem notar minha presença. Essa cena me embrulha o estômago, então, resolvo tirá-lo do seu momento magnífico, pois é assim que ele descreve, começando a bater palmas para os dois e dizendo:

— Parabéns ao novo casal! Confesso que esperava mais de você, Andréa. Logo o Alex, esse pé-rapado. O que mais devo esperar de vocês?

— Oliver, o que está fazendo aqui? — ela me pergunta com uma expressão assustada no rosto, e a voz trêmula. Nesse momento o vagabundo do meu melhor amigo, afinal, ele se identificava assim para todos, levanta sua cabeça e me fita com olhos arregalados, de quem foi pego no flagra, mas não tem coragem de dizer uma palavra sequer.

— Vim aqui para finalmente decidirmos a data do nosso casamento, era pra ser uma surpresa, mas o surprendido foi o corno aqui, pois vejo que está muito ocupada, fodendo com nosso “melhor amigo”. — Faço aspas com os dedos. — Desculpa atrapalhar a sua maravilhosa chupada. — Resolvo ser irônico, pois tudo já estava perdido naquele momento.

Viro as costas e a ouço vindo atrás de mim, enrolada em um lençol pedindo para eu esperar. Resolvo parar e escutar a desculpa esfarrapada que ela tem para me dar.

— Oliver, meu querido, não é o que está pensando, vamos conversar, só irei me vestir e já saímos daqui — a mentirosa fala com a maior cara de pau, sempre se fazendo de boa moça. Só consigo sentir nojo e pena. Todo aquele amor e carinho que sempre tivemos, evaporou em questão de segundos. Ela sempre soube, que confiança, para mim, é algo inquebravél, e justo em que mais confiei, me iludiu.

— Desculpa, Andréa, mas não tem explicação para o que vi, eu nem iria me sujeitar a essa cena repugnante, ia dar as costas e ir embora, mas resolvi me humilhar, abrindo a porta para ter certeza de que o que ouvi não era uma alucinação e que não me daria o crédito de louco depois. Ainda estou me perguntando como teve essa coragem, de jogar anos de companheirismo e amor no lixo. Sinal que nunca tivemos nada, né?! Quem ama nunca magoa a pessoa amada e você cumpriu esse papel direitinho de me magoar e muito, pois sempre soube que nunca perdoo traição. Conseguiu o que queria, acabar com nosso casamento — digo isso enquanto olho nos seus olhos de onde escorrem lágrimas. Mas isso não me comove mais.

— Mas nós vamos nos casar, Oliver. Não podemos jogar fora anos de relacionamento por algo banal, estamos terminando nossos cursos e logo estaremos de volta ao Brasil, que desculpa daremos para nossos pais? Não pode fazer isso comigo — ela diz soluçando, devido ao choro. Quase sinto pena, mas não consigo mais olhar pra essa mulher, tudo foi uma mentira.

— Irei falar a verdade, e você deveria fazer o mesmo, já que nosso casamento está cancelado. Não irei me casar com uma puta que não me respeita. Pensasse nisso, antes de se sujeitar a esse papel de vadia do ano. Você fez sua escolha, Andréa.

— Não me ofenda, eu e o Alex tivemos uma recaída e nada mais, afinal, meu noivo ultimamente não me dá mais atenção, só pensa no curso que está fazendo, e eu tenho as minhas vontades — ela se altera e diz as palavras gritando, como se eu que a estivesse humilhando e não o contrário. Essa mulher não se enxerga mesmo. Ainda depois de tudo o que vi querendo vir me cobrar algo. Confesso que ultimamente devido à correria do curso e do dia a dia, ficamos meses sem sexo, mas isso nunca vai justificar a falta de caráter dela. Pra mim já chega.

— Sim, estou focado no curso, pois falta pouco para terminar e terei que assumir a empresa do meu pai, sabe melhor que ninguém que tenho que dar o meu melhor. Agora se você não presta, não coloque a culpa em mim, não inverta a situação aqui, se fazendo de vítima, sua falta de vergonha na cara e infidelidade são somente culpa sua. Adeus, Andréa, e não me procure mais, não quero te ver nem pintada em minha frente.

Digo isso e saio batendo a porta atrás de mim. Preciso sair daqui, e depressa. Chamo o elevador e logo estou de volta dentro do meu carro, dou partida e saio indo em direção ao primeiro bar que encontro. Sento-me no balcão de frente ao barman que me olha e já percebe que preciso de várias bebidas, ele logo pede a chave do meu carro, e eu olho para ele pensativo, que me entrega uma garrafa de uísque, um copo e diz em seguida:

— Deixe o seu endereço anotado aqui. — Ele me entrega um pedaço de papel. — Deixe a chave do seu carro comigo, amanhã quando estiver melhor, você retorna — ele diz abrindo a mão e fico pensando, será que está tão perceptível assim a minha decepção. Mas logo tenho a resposta.

— Sim, meu caro, já estou acostumado com isso.

— Como assim, está tão nítido? — pergunto a ele.

— Quando entrou por aquela porta, já percebi que não ia nada bem. Levou um fora da namorada?

— Fui traído pela noiva, mas não quero lembrar disso mais, então me deixa beber e ficar em paz.

— Claro, seu pedido é uma ordem, fique tranquilo que te deixaremos em sua casa  — ele me garante.

E assim foi, no sexto copo já não me lembrava de mais nada, nem sei como cheguei em casa, como me deitei na cama e muito menos como abri a porta. Acordei com o sol batendo em meu rosto, uma dor de cabeça terrível, resolvi me levantar e tomar um banho gelado. Saí do banho, vesti apenas uma calça de moletom e fui preparar o meu café da manhã, precisava comer para tomar um remédio, pois a minha dor de cabeça estava me matando, tinha que ligar para os meus pais e contar tudo o que aconteceu, mas não faria isso hoje, no momento eu precisava de paz. E assim foi o meu dia, trancado em meu apartamento pensando em tudo o que aconteceu, e como eu iria contar para todos.

Iniciei minha última semana em Nova Iorque, adiantei o meu curso e terminei antes do prazo. Liguei para os meus pais e lhes contei sobre o ocorrido, eles não ficaram felizes com a novidade e disseram que quando eu voltasse iríamos conversar, meus pais adoravam a Andréa, tinham ela como uma filha. Mas, infelizmente as coisas às vezes fogem do nosso controle, isso foi uma escolha totalmente dela. Me senti usado e fracassado, mas quem nunca teve uma decepção amorosa que atire a primeira pedra. Essa dor iria passar.

Busquei meu carro e dei uma gorda quantia para o barman que me ajudou, afinal, não é sempre que encontramos pessoas assim. Andréa tentou contato, mas proibi a entrada dela no meu edifício e bloqueei as ligações no meu celular. Essa semana eu iria embora e não queria mais problema nenhum, não vou mentir e dizer que não senti nada com o término, eu amava aquela mulher, mas iria esquecê-la e começaria uma nova vida, sem me envolver sentimentalmente com mulher alguma.

A partir de hoje, surgiria um novo Oliver Ferraz. De mim, as mulheres teriam somente sexo e eu iria usá-las como um dia fui usado pela minha ex-noiva. Eu só não esperava, nem imaginava, que no meio do caminho iria conhecer Alice, alguém com uma doçura envolvente e uma intensidade à flor da pele, que iria realmente me mostrar o que é o amor verdadeiro.

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