Liguei a babá-eletrônica e saí dali com o outro aparelho menor no bolso, deixando a porta encostada.
Passei no quarto do Noah para ajudá-lo com o pijama, a decoração do quarto era uma gracinha, ele amava a Patrulha Canina. Ele pegou no sono rapidamente. - Você não sabe bater na porta não? - Alyson estava pondo o pijama, quase gritou me olhando toda corada. - Me desculpe, mas não precisa ter vergonha de mim. Também sou menina. - Ri. - Você é grande e tem seios. Eu não! - Ela sempre tinha resposta na ponta da língua? - Okay, mocinha. - Não vou mais entrar sem bater. E a propósito, adorei o pijama! - Pisquei para provocá-la. Era um conjuntinho com estampa de gatinhos. - Sai daqui! - Fez menção de jogar uma escova de cabelo. Fui rápida me retirando e fechando a porta enquanto ria. Alyson Benson era mesmo uma ferinha. O meu quarto era o de hóspedes, decoração simples e bonita. Paredes cor de creme enfeitadas com cortinas azuis-celestes, com bordados delicados brancos na barra. Tapetes no mesmo tom das cortinas, a cama era de casal, tinha um roupeiro com duas portas, e uma cômoda cinza com quatro gavetas. Um abajur bonitinho, acendi me deparando com a luz amarelada num tom fraquinho. Sentei na cama sentindo a maciez do colchão, a colcha era clarinha e os travesseiros bem fofos, eu já tinha dado uma olhada no banheiro, era pequeno, com pia de porcelanato, azulejos azulados, com um armário simples e espelho oval acima da pia. Levantei tirando a blusa, retirei o sutiã e vasculhei a gaveta da cômoda procurando uma das minhas regatas surradas, eram bem confortáveis e eu as usava para dormir. Continuei com o meu shortinho de tecido macio, era um daqueles de conjuntinhos para dormir. Fui escovar os dentes, já tinha domado banho antes do jantar, domei meus cachos num coque frouxo e fui ver se não tinha esquecido a TV da sala ligada ou algo fora do lugar. A louça estava lavada e secando no escorredor. Também tinha catado os brinquedos espalhados pela casa, e os guardei numa caixa grande de plástico. Fui até a cozinha tomar um copo d'água. Desliguei a luz e voltei para a sala indo pegar o aparelho da babá-eletrônica, o outro estava no quarto. Me assustei quando dei de cara com o Sr. Benson, ele tinha acabado de chegar e estava afrouxando a gravata. - Por Deus! - Dei um passo para trás pondo uma das mãos sobre o peito, meu coração tinha disparado. - Me desculpe, não quis assustá-la. - Minha nossa, como era bonito de terno, gravata e sapatos sociais. Sua maleta estava no chão. - Sem problemas. - Falei desconcertada me dando conta de que meu pijaminha curto não era nada adequado. Cruzei os braços sobre os seios, escondendo os bicos salientes sobre minha regata cinza-clara. Já se passava das 20h. Ele logo desviou o olhar e coçou a garganta. - O senhor vai jantar? - Perguntei pegando o bendito aparelho que tinha ido procurar. A luzinha piscava azul. - Sim. Não se incomode, eu mesmo preparo algo rápido. Já pode ir deitar. - Pegou a maleta marrom. - Fiz o jantar. Posso esquentar enquanto o senhor... - Comecei a gesticular. Qual era o meu problema? - Toma banho? - Sugeri, meio que perguntei feito uma idiota. - Ah, claro. Se não for incômodo algum. - As crianças já estão dormindo? - Perguntou olhando em meus olhos, ainda bem que não estava olhando para meu corpo... Já estava sendo meio constrangedor. - Não sei se a Alyson pegou no sono, ela é um pouco agitada e estava jogando aquele joguinho com a musiquinha... Irritante. - Respondi hesitante. - Ah, entendo.. - Assentiu e suspirou, parecia bem cansado. - Pode confiscar se ela estiver jogando o tempo todo. Deixe apenas ela jogar meia hora por dia e depois o guarde. - Era uma ordem. - Sim, senhor. - Assenti rapidamente. Ele passou perto de mim e eu pude sentir o cheiro de sua colônia masculina, aquele toque amadeirado com uma mistura de almiscar. Apertei o aparelho em minhas mãos e mordi o lábio inferior, era um homem muito bonito. Logo tratei de espantar qualquer pensamento inapropriado sobre meu patrão e fui esquentar seu jantar. Ainda tinha que abordar sobre o problema com o Noah, sobre o que ele passava na escolinha com os lanches roubados pelos coleguinhas... Não era um assunto tão fácil. Esquentei o jantar o do Sr. Benson, ele disse que jantava na cozinha mesmo, na bancada. Raramente usava a sala de jantar, era só utilizada em ocasiões especiais com a família e amigos reunidos, segundo ele. Ele chegou na cozinha, vestia uma camiseta branca e calça cinza de moletom, usava chinelos, o cabelo estava úmido e sem o topete impecável, mesmo assim ele continuava charmoso. Era um homem de boa aparência, muito atraente. "O quê? Que raios de pensamentos são esses, Melinda? Ele é seu patrão, não ouse olhá-lo de outra forma. Foco, foco no trabalho. Você está aqui para trabalhar e não reparar no Sr. Benson, lembre-se que ele é o seu patrão e nada mais..." Repreendi a mim mesma, eu não sabia se me retirava ou se tocava no assunto sobre seu filho do meio. O Noah precisava de ajuda, e após pensar um pouco mais, resolvi não importuná-lo com aquilo, ele era um homem bem ocupado, pelo simples fato de chegar um pouco tarde em casa. Já devia ter preocupações e problemas demais, coitado... Decidi que resolveria o problema do Noah, já que as crianças eram a minha responsabilidade e passariam a maior parte do tempo comigo. Por quê não? Eu podia ir na escolinha, conversaria com a professora, com a diretora ou diretor, e tudo certo. Problema resolvido. E eu faria aquilo por conta própria. — Vou para o meu quarto, com licença. — Eu já ia me retirar. — Você cozinha muito bem. Está delicioso. — Elogiou minha comida. — Obrigada. — Agradeci. — Boa noite, Srta. Paxton. — Sorriu. — Boa noite, Sr. Benson. — Retribuí o sorriso. Me retirei e ele ficou jantando sozinho, devia ser bem ruim. Eu não gostava de fazer as refeições sozinha, pelo que notei, ele era um homem meio fechado, solitário, não era de falar muito e percebi também que ele era meio distante das crianças... Ou era apenas impressão minha? Fechei a porta e passei a chave, era bom ser precavida. Eu mal o conhecia e se ele invadisse o quarto e... Só de imaginar já me dava um nó horrível no estômago, embora ele não parecesse ser do tipo aproveitador. Portanto, nunca se sabe, certo? Era melhor manter a porta sempre fechada, só por precaução mesmo. Programei o despertador para tocar às 06h. Eu tinha que acordar cedo e ir me acostumando com a nova rotina, tomar banho, me aprontar, fazer o café-da-manhã, acordar e arrumar as crianças, levá-las para escolinha e tudo mais. Os dias seriam bem longos e agitados. Me acomodei na cama confortável debaixo do edredom quentinho, meu primeiro dia não tinha sido muito exaustivo, no entanto, eu estava morta de sono. No dia seguinte... Às 06h:25min, eu já estava pronta e na ativa no meu segundo dia na casa dos Benson, Alyson e Noah não queriam colaborar de jeito nenhum comigo. Foi um sacrifício tirar eles da cama, tive que carregar o menininho e a mini-rebelde bateu a porta na minha cara. Hannah estava um pouco enjoadinha, a manhosinha só queria estar no colo. Limpa, devidamente arrumada e de barriguinha cheia, a pequena estava no meu colo, grudada em mim. O Sr. Benson tinha saído cedinho, tomando apenas um café preto e umas torradas puras. Cruzes, o homem era apressado, nem se despediu dos filhos. — Solta, é meu! — Ally puxou a caixa de cereal. — Meu! — Noah agarrou da mão dela e puxou também. — Coma o seu, esse é meu! — Tomou a caixa num puxão, fazendo a tigela com leite cair no irmão que logo abriu um berreiro. — Alyson! — Exclamei, alarmada. — Olha o que você fez! — Peguei um pano e um fui limpar o pequeno. — A culpa é toda dele! — Disse amuada. — O que custa dividir? — Ajeitei a bebê no colo, ela não queria descer de jeito nenhum. — Ele é um invejoso, quer tudo que é meu! — Atirou a caixa no chão com raiva. Foi cereal para tudo quanto é lado, se espalhando no piso que estava limpo. — Vamos pôr outro uniforme, não chore. — Passei a mão no cabelo dele. — E você, mocinha, pode ir limpando o que sujou. — Mandei. — Eu não. É você que tem que limpar, não eu! — Retrucou. — Dona Valentina fez a limpeza ontem. Você sujou, você que deve limpar, entendido? E você vai me ajudar, vai retirar a louça e levar para a pia, não custa nada e mais tarde vou te ensinar a arrumar a sua cama. Você já vai fazer 8 anos, e não é nada bonito ser uma mocinha desleixada e preguiçosa. E nós duas daremos um jeito no seu quarto hoje, você é muito bagunceira, sabia? — Falei a encarando. — Não vou fazer nada disso, o papai te contratou para... — Cuidar de vocês. — Completei. — E é isso que estou fazendo, e você tem que colaborar comigo. Agora teremos regras, as minhas regras. Querendo ou não você tem que me obedecer. — Avisei. Pulso firme... Eu tinha que ter pulso firme. — BRUXA! BRUXA! BRUXA! — Gritou comigo e assustou Hannah que se pôs a chorar. — Shh, shh, não foi nada, Han. Não chore, neném. Já passou, já passou... — Dei palmadinhas nas costas da pequena que esperneava.Olá, sou Julie Oliver e espero que estejam gostando do meu primeiro livro. Conto com a ajuda de vocês para poder crescer aqui dentro da Plataforma. Por favor, me sigam, comentem e adicionem meu livro nos seus favoritos. Agradeço muito desde já!