POV: ELLEN BENEDITT O caminho de volta para Moonwalker foi silencioso, mas o peso da vitória ainda estava em nós. Cada passo que dávamos em direção à nossa casa parecia mais pesado do que o anterior, não por cansaço físico, mas por tudo o que havíamos enfrentado. O Tecelão havia sido derrotado, mas o custo disso ainda estava por ser refletido em nossos corações.A caverna onde a Pedra da Lua estava guardada agora parecia distante, um pesadelo que havia sido superado, mas cujos ecos ainda nos assombravam. O sol já começava a nascer quando chegamos à entrada de Moonwalker, iluminando nossas faces com uma luz suave e calorosa. O mundo estava mais tranquilo agora. O ar parecia mais leve, e até mesmo as árvores ao redor pareciam sorrir para nós.Eu olhei para Victor, que estava ao meu lado. Seus olhos estavam cansados, mas cheios de algo que eu não conseguia nomear imediatamente. Ele me olhou também, como se soubesse exatamente o que eu estava pensando. Nós havíamos superado o impossível
POV: Victor Crowley O som das nossas botas ecoava nas pedras frias de Ralpysen enquanto eu e Ellen nos aproximávamos do castelo real. Depois de tantas batalhas, da tensão constante da guerra contra o Tecelão das Sombras, finalmente estávamos de volta à cidade que tanto defendemos. O peso da vitória ainda estava presente em meus ombros, mas uma sensação de alívio tomava conta de mim. Sabia que, ao lado de Ellen, já não havia mais nada que eu temesse. Os ventos cortavam meu rosto, mas eu não sentia o frio. O calor que vinha de dentro era mais que suficiente para me aquecer. Ao meu lado, Ellen estava serena, mas seus olhos brilhavam com a mesma força que vi nela durante toda a batalha. Ela não era só minha companheira — era minha igual, minha parceira, e a razão pela qual conseguimos derrotar um inimigo tão poderoso. Eu sabia que, sem ela, o reino não estaria mais seguro. Conforme cruzávamos as grandes portas do castelo, uma sens
POV: VICTOR CROWLEY As paredes de minha mente estavam turvas, como se uma tempestade estivesse prestes a estourar. A notícia que eu acabara de receber havia sido um golpe certeiro, uma ferida profunda. Eu sempre fui um homem de honra e lealdade. Tentei confiar nos outros, tentei ser verdadeiro em tudo o que fazia, mas agora, a verdade estava diante de mim, e ela era difícil de aceitar.Eu e Ellen acabávamos de retornar da cerimônia com o rei Mayson, quando me vi forçado a confrontar o que estava me incomodando havia semanas. Quando Diana, minha ex-namorada, havia me procurado, dizendo que estava grávida, algo dentro de mim não se encaixava. Desde o início, algo me dizia que aquela história não fazia sentido.Diana sempre foi ardilosa. Ela sabia como manipular os sentimentos dos outros, e eu fui ingênuo o suficiente para cair na sua teia mais uma vez. Ela me disse que o filho era meu. Ela me disse que havia sido fruto de nossa última noite juntos, antes de
POV: VICTOR CROWLEY Eu estava em um estado de espírito frágil quando decidi que era hora de confrontar Diana. A mentira sobre a paternidade me corroía, mas o que mais me inquietava era a sensação de que havia algo muito mais sinistro acontecendo. Não era apenas uma questão de traição pessoal, mas algo que envolvia o reino e as forças sombrias que sempre pairaram sobre nós.Eu a encontrei em sua casa, sozinha, com um olhar tenso, como se já soubesse o que estava por vir. Ela não era estúpida; provavelmente, havia sentido a mudança em meu comportamento desde que o exame de DNA havia retornado. Ela sabia que seu jogo estava prestes a ser desfeito.— Victor, o que você está fazendo aqui? Ela perguntou, mas não parecia surpresa. Suas palavras foram suaves, como se tentasse manter o controle da situação, como sempre fazia.Eu entrei na casa dela sem ser convidado, sem olhar para ela de forma alguma. O peso da descoberta ainda estava em minha mente, e a
POV: VICTOR CROWLEY Eu saí da casa de Diana com a sensação de que o peso da traição ainda me esmagava o peito. Tudo o que havia descoberto ainda estava me consumindo. Mas, antes que eu pudesse sequer tomar fôlego, uma sensação estranha me atingiu, como se o ar tivesse ficado mais denso.Ao virar a esquina, encontrei meus pais, Ivan e Sarjah, aguardando na entrada da casa de Diana. Eles estavam posicionados como uma barreira, seus olhares cheios de desaprovação. Ivan, meu pai, tinha um semblante severo, típico de um Lobisomem de Sangue Puro, com o olhar afiado que sempre me fazia sentir como se estivesse sendo examinado minuciosamente, como se eu fosse uma falha no legado que ele esperava de mim.Sarjah, minha mãe, estava ao seu lado, sua postura altiva e rígida, como uma loba que se preparava para atacar. Ela nunca foi fácil de lidar, mas eu sabia que ela tinha uma visão ainda mais rígida do que o acasalamento entre um lobisomem puro e uma híbrida, como E
POV: VICTOR CROWLEY A tensão que pairava no ar se tornava insuportável à medida que eu observava meus pais, Ivan e Sarjah, aplaudindo a humilhação de Ellen com palavras cruéis e infundadas. Eles não eram mais os pais orgulhosos que eu conhecera, os Lobisomens de Sangue Puro que se mantinham leais ao seu legado e ao rei. Eles haviam se tornado algo bem pior: arrogantes, preconceituosos, e sem qualquer vestígio da honra que um dia carregaram.Eu os vi como o reflexo de um passado que não queria mais fazer parte, mas as palavras de Sarjah e Ivan me cortaram, como se quisessem arrancar minha dignidade de uma vez por todas. Eu havia sido enfático em minha defesa de Ellen, mas agora era hora de mais uma verdade ser revelada.— Vocês estão todos enganados, eu disse, a voz carregada de frustração. — Diana me enganou. Me usou o tempo todo, e com ela, Samal, aquele que vocês confiavam. Samal era nada mais do que uma marionete do Tecelão das Sombras, e o que Diana f
POV: VICTOR CROWLEY Depois da tormenta, veio a calmaria.Deixar para trás o peso dos últimos acontecimentos parecia quase irreal. Caminhar ao lado de Ellen, sentindo sua mão entrelaçada na minha, enquanto o sol começava a mergulhar no horizonte, trouxe uma paz que há muito eu não sentia.Lucas nos esperava na frente de sua casa, um largo sorriso iluminando seu rosto bronzeado. Meu velho amigo, alguém em quem sempre pude confiar, mesmo nos dias mais sombrios.— Finalmente! ele exclamou ao nos ver, vindo em nossa direção com passos largos. — Achei que iam se perder no caminho, ou serem sequestrados por outra aventura perigosa.Ri, genuinamente, pela primeira vez em dias. Ellen soltou uma risada baixa ao meu lado, e eu a puxei para mais perto.— Não desta vez, respondi, batendo no ombro de Lucas com força. — Hoje é noite de paz, pelo menos assim espero.Margareth, a companheira de Lucas, apareceu na porta. Seus olhos azuis
POV: VICTOR CROWLEY A alvorada chegou com um vento fresco, trazendo com ela a sensação de recomeço. Deixamos Ralpysen atrás de nós com a bênção do rei Mayson, levando apenas o essencial: nossas armas, nossas lembranças e a esperança de um futuro mais livre. Ellen cavalgava ao meu lado, sua expressão serena, mas seus olhos brilhando com emoção contida. Moonwalker nos esperava, o lar dela, e agora, meu também. O caminho até lá foi tranquilo, ladeado por florestas antigas e campos dourados sob o sol. Cada batida do meu coração parecia acompanhar avião e a ansiedade de ser aceito pela família dela crescia a cada quilômetro. Mesmo sabendo que Ellen me amava e confiava em mim, eu queria ser digno da confiança da sua matilha, da sua linhagem. Quando chegamos às fronteiras de Moonwalker, fui tomado por uma sensação diferente. O território parecia pulsar com a bênção da Deusa da Lua, uma energia suave e protetora que se espalhava p