Laura
Se tinha uma coisa que eu odiava mais do que estar presa sem poder sair para lugar algum era ter alguém me observando vinte e quatro horas por dia. Não importava quem fosse; amigo, inimigo, um colega ou desconhecido. Bastava estar no mesmo lugar que eu, me olhando descaradamente, sem nem se importar se isso iria ou não me incomodar. E era exatamente isso que Lopes fazia naquele momento, enquanto eu estava no sofá e ele em uma poltrona, bem relaxados.— Certo, já chega disso. Por que você tanto me olha? — esbravejei, desligando a tevê, e voltando todo o meu corpo em sua direção. Ele pareceu surpreso com minhas palavras, endireitando sua postura em um sobressalto também.— Eu só estava pensando em uma coisa — falou, aparentando, por baixo de toda a sua postura de cara centrado, estar desconfortável. Ergui uma sobrancelha, curiosa e intrigada com suas palavras.— Que coisa?— Bem, tudo que está passando por sua cabeça esses dias — reve