3° Capítulo

Cecília Forchhmmer      

Muitos tem a falsa ilusão que os líderes correm quando ver o fogo cruzado, que sua função se limita a sentar em uma poltrona de frente para sua mesa de madeira de lei e m****r e dem****r, sujando as mãos em ocasiões especiais protegidos por uma montanha de soldados. Isso em muitas vezes é verdade, mas a família Forchhmmer nunca gostou de tal coisa, está em ação sempre e o que mais gostamos. Preferimos morrer lutando por nossa famílie que do que ver ela ser destruída sem fazer nada.

   Aos longos dos anos que estou na cadeira da famílie já enfrentei diversos atentados por inúmeros motivos, acho até mesmo que deveria estar acostumada, mas não estou, e sempre imprevisível o que acontecerá, nunca sei se perderei alguém ou quem se machucará, são tantas possibilidades que penso às vezes como seria ter uma vida longe de tudo isso, mas não consigo imagina-me em outra que não seja essa, a máfia é quem sou e jamais escolheria outra vida se pudesse. Contudo, dessa vez é diferente querem atingir uma pessoa que amo, não importo que tentem me matar até porque como dizem — vaso ruim não quebra —, mas nunca mexam com quem amo porque aí até o diabo sentar para ver o que faço.    

       Não que meu pai não tenha sofrido atentados porque aí estaria mentido, mas não um tão elaborado como de um mês atrás ou o de hoje que tenho certeza que estará ligado ao anterior, são sistêmicos demais, minuciosos e organizados, parecidos nas ações. É como se estivessem tentando colocar minha liderança a prova, minha capacidade, porém não cheguei até aqui para ser fraca, justo agora quando tão tentado me atingi, justo no meu pai aquele que sempre me apoiou e está do meu lado em todos os momentos que preciso, que amo e admiro. Apenas esqueceram uma coisa, eu fui treinada pelo melhor e posso me tornar pior que ele para proteger os meus, morro pela famílie e por quem amo. 

     Apreso os passos quando vejo os três soldados parados na porta de vidro, se apertar os olhos é possível ver a motivação no interior da estufa. Paro próxima a eles olhando ao redor, buscando alguém que possa perceber o que está acontecendo, no entanto, o jardim se encontraria vazio se não fosse por meus soldados, inclino a cabeça e olho para os prédios que cercam a área do salão de festa, mas estão afastados demais para alguém mesmo da varanda ver algo.

   

— Senhora! — o mais forte entre eles diz.  

 

 — Ainda tudo sobre controle? — falo enquanto prendo os cabelos num rabo de cavalo com o elástico que me foi oferecido.    

— Sim! Eles tentaram entrar silenciosamente pela estrada da estufa, mas foram vistos em uma das rondas.

       

     Assinto balançando a cabeça aceitando o colete que um deles me estende. Visto o colete prendendo algumas facas em seu interior, pego o revólver preso na minha perna o destravando e estendendo ao loiro para ficar com as mãos livres e retirar os saltos, rapidamente os trocando pela arma.  

  — Tomem cuidado, e da coleção exclusiva da minha mãe — sinalizo os saltos numa expressão séria.  

 

— Sim, senhora! — o que os segura, diz.

        Em uma conta silenciosa até três eles abrem a porta e não perco tempo para entrar a ouvindo sendo fechada em seguida. Encaro o caos a minha frente procurando entre o tumulto de tiros sendo trocados meus amigos, não perco tempo e acho Maik abaixado próximo a uma fonte se protegendo e atirando e quem tenta se aproxima da porta central. Me escondendo em meio as flores e árvores de porte pequeno consigo me aproximar de Maik, ajoelhando-me do seu lado e atirando nos invasores.  

 

— Cadê o Peter? — puxo o gatilho acertando um homem com rosto coberto na cabeça e olho para si, aguardando a reposta.    

— No grupo de contenção perto da porta — troca o pente da arma para me responder — são poucos, mas são ardilosos, agora estão tentando ir pela beirada e surpreender Peter. Daqui e difícil vê-los.    

  

  — Vou ajuda-lo, me dê cobertura — aviso e nem espero sua resposta e saio pelo lado, tomando cuidado ao passar pelos montes de flores para não ser surpreendia.      

    Paro ao escutar um barulho de vaso caindo, olho na direção com a pistola em punhos, mas com a pouco iluminação não vejo nada. No entanto, um vulto passar nas minhas costas e sou empurrada para a parede causando um baque alto, a dor e encobrinda pelo susto que sofro, mas rapidamente volto ao controle de mim e tento apontar a arma, mas ele segura minha mão roubando a pistola a jogando longe. Sinto que sorri por trás da máscara, a pouco luz que adentra o vidro ao que sou empresada me possibilita essa visão. Fecho a cara e num movimento rápido chuto o meio das suas pernas o obrigando a me largar.

    — Burro…      

  Pego uma faca no colete e o espero se aproximar para num giro preciso enfia-la no seu coração fazendo seu corpo sem já sem vida ir ao chão. Sem mais imprevistos chego no meu destino encarando Peter que me olha divertido. O canto que se encontra dá, uma visão privilegiada da porta e de parar qualquer um que tente se aproximar. 

   — O que acha dessa diversão? — fala divertido atirando em alguém que se aproxima do grupo.  

  — Sangrenta! — pego a arma que um soldado oferece — mas animador para fechar a noite.         

 Meu amigo gargalha da minha fala, alto e contagiante que por segundos me vejo sorrindo.  

  — Sem um pouco de sangue não teria graça, você mesma tem um corte no braço — aponta para meu braço esquerdo que só agora notei ter ferido no empurrão. 

   — Não foi nada de mais — dou de ombros assistindo um a um dos invasores indo ao chão — quero alguém vivo para ser interrogado.   

 — Pensei que pediria e mandei capturaram alguém — balançando a cabeça concordando.     

   Em poucos minutos tudo se resolver e nos reunirmos no meio da estufa, encarando os corpos mortos e contabilizando nossas baixa e feridos.  Felizmente não tivemos baixas, apenas feridos, dois graves, mas vivos.  Na famílie fazemos treinamentos de dupla, um deve sempre proteger o outro, um, olha por ti e você olha por ele.

  — Seu pai mandou informar que a senhora e os senhores Bernstein e Reinke iram dormir no apartamento onde se encontra para se acalmarem e descansarem,  e ficarem protegidos de um possível ataque. Prédio central, último andar — um soldado interrompe minha conversa com Peter e Maik — não precisam se preocupa com questionamentos, o dono está instruído a não perguntar sobre o motivo de dormirem lá ou sua atuais condições. Se manterá em silêncio diante tudo que virá, e poderá ajudar se estiverem feridos. 

    Mesmo desconfiada assinto, se meu pai assim quer, assim será. 

 — Onde meu pai se encontra mesmo? — olho Peter aguardado a resposta.  

— No apartamento do meu amigo — fala sorrindo nervoso. Franzo a testa confusa. 

  — Fala a verdade para ela Peter — Maik cutuca o amigo e todos ao redor olhar para nós ansiosos, esperando a fala de Peter. Arqueio uma sobrancelha olhando séria para meu amigo. 

— Que verdade Peter? — sinto a garganta coçar para gritar.  

— Que ele ameaçou seu pai se ele tentasse fazer algo — Maik entrega sem pena alguma.  Com os anos aprendi a não perder meu tempo com as ações do Peter, que ele resolva seus problemas lidando com suas consequências.

— Esteja preparado para as consequências. 

— Dessa vez até Lúcifer tem pena de você Peter, se o senhor Forchhmmer não te matar talvez fuja do inferno — Maik provoca batendo no ombro do cunhado ao que passa do seu lado indo para saída do lugar.  

— Devo concordar — bato no seu ombro e acompanho Maik caminhado do seu lado.  Eu e Maik rimos do desespero de Peter para entrar no elevador antes que as portas se fechem. Os dois homens se encaram numa disputa silenciosa de olhares, Peter e o primeiro a falar, uma de suas provocações:

 — E assim que prova que me ama Maik, não segurando a porta para mim? — põe as mãos na cintura.  

— Quem disse que eu te amo? — rebate sorrindo divertido.

 — O fato de você me aturar a anos e sempre invejar o que é meu — manda beijinho para o amigo, mas antes que Maik responda às portas do elevador se abre dando a linda visão de um hall de entranda para uma belíssima cobertura.

 — Sejam bem vindos a humilde residência do senhor Damon — Peter para na entrada da sala principal abrindo os braços. 

   De humilde o apartamento não tem nada. Decoração moderna em cores escuras todo em conceito aberto, dando um charme ao lugar. Vejo um casal sentado no sofá branco no meio da sala vendo um filme não podendo deixar de reparar nos cachos da mulher, reconheceria aquele cabelo em qualquer canto. Acho que não foi só eu que reconheci algo vendo a forma que meus amigos olharam.

— É meu amigo eu disse que ela não era sua — sussurra Peter no ouvido de Maik, mas numa altura que pude escutar — pelo que vejo você não é mais meu cunhado. Pelo menos você perdeu para alguém bonito, não que precise muito para ganhar de você — provoca.

     

      Mas acho que dessa vez não fui a única a escutar já que o casal se levantou pela primeira vez notando nossa presença. E se eu acreditava que tinha acabado as surpresas da noite tava muito enganada, o homem ao lado da minha amiga e o mesmo da festa. O fotógrafo que chamou minha atenção desde o primeiro momento e nesse instante não sei se é possível está ainda mais lindo numa calça de moletom preta moldando suas pernas, com uma regata vermelha. Mais de tudo isso o que chamou verdadeiramente a atenção foi seu cabelo solto que batia abaixo do ombro dando um ar selvagem em conjunto com suas duas esmeraldas. Constrangida por está encarando e ser encarada de volta desvio o olhar prestando atenção agora nos meus amigos que pareciam está em uma conversa calorosa.

 — Você disse que não estava se sentido bem por isso não iria para festa, e ficaria com uma amiga — Maik passa a mão pelo cabelo tentado se acalmar enquanto anda de um lado para o outro — mas vejo que sua amiga cuidou muito bem de você — diz com ironia. Não sei em que momento Peter saiu e pegou a pipoca que estava na mesa de centro, mas ele pegou e está agora sentado no chão encostado na parede mais próxima assistindo à discussão de camarote, como se fosse um filme de comédia romântica. 

— Não, eu disse ir para casa de um amigo você que ignorou quando falei AMIGO — diz Katy destacando a última palavra — ah! e nem vem dá ataque de ciúmes agora. Muito menos porque estou com o Damon, ele é como um irmão para mim, muito bonito claro, mas como um irmão para mim — Maik olha desacreditado para ela.

   

      Dou uma olhada pro Damon ou Christophe seja lá qual, seja seu nome e o vejo se servido no bar perto do balcão que separa a cozinha da sala parecendo nem se importar que a discussão é por sua causa.

— Vi muito como ele é seu amigo — para de andar de um lado pro outro olhando para ela — a quanto tempo você frequenta a casa dele? — Aponta pro homem sentado no balcão desfrutando sua bebida.

— Vai querer nem saber — Peter põe mais lenha na fogueira — eu te disse que ela era mais dele que sua, quem avisa amigo é, e eu avisei — reviro os olhos para provocação de Peter. Já Kataryna o olha querendo o matar.

— Cala boca Peter — grita Katy para o irmão — se não for ajudar não atrapalha.

— Eu tô ajudando — faz uma pausa — só que a colocar mais fogo no espetáculo de vocês que tô adorando ver — rir enchendo a boca de pipoca em seguida. 

   

     Suspiro e caminho até o bar, mandando um pedido silêncio para o dono se posso me servir recebendo um aceno de confirmação de volta. Pego um copo e me sirvo de uísque. Viro-me para o homem do meu lado e reparo não está nem um pouco preocupado na discussão rolando solta em sua sala, ou assustado com nossa presença, sua calmaria me faz inveja. Sei que meu pai tem seus métodos de deixar uma pessoa calada e se não fosse por isso o acharia estranho.  

— Você não fará nada? — assisto à briga continuar, principalmente com as provocações de Peter como “ele é mais foda que você” “já vi os olhos dele, ganham do seu” “Minha irmã vive mais na casa dele que na sua” ou “ela disse eu te amo primeiro para ele do que para você”.

— Não tenho culpa de nada — levanto uma sobrancelha olhando para ele, que vendo minha expressão continua — você me viu na festa é impossível que eu tivesse com ela. E mesmo se tivesse, ela é como uma irmã para mim, minha princesa — vejo sinceridade na sua fala.

— Então ajuda — Aponta em direção aos dois.

— E você por quê não faz o mesmo? — sua vez de me questionar.

— Estou cansada demais para lidar com essa birra toda deles — pela primeira vez desde quando entrei ele me examinou dos pés a cabeça se demorando principalmente no meu braço, não só no rosto como quando entrei.

— Okay — diz e caminha até a sala falando algo que faz a discussão acabar e Peter ficar triste. Pela expressão de todas na sala vejo que as coisas foram esclarecidas.  

    Damon somem e volta minutos depois caminhando na minha direção com uma caixa de primeiros socorros na mão e anestesia na outra. Sem dizer nada pega meu braço e começa a trata-lo. Depois de minutos vejo meu braço limpo e enfaixado, mas para meu azar teve que levar uns pontos.

 — Obrigado!— agradeço.

— Não tem de quer — Sem falar nada voltamos para sala e encontramos um homem na faixa dos cinquenta anos parado conversando com Peter e Katy que provavelmente o conhece. O senhor me olhar da cabeça aos pés e olha de volta a Damon que da de ombros em uma conversa silenciosa entre eles. Fico curiosa tentando entender tudo, mas como tudo nesta noite não consigo.

— Sugiro que vão dormir — o senhor se pronuncia, tendo confirmação do dono da casa. 

— Peter dê a ela a senha do meu quarto que ficarei no aqui de baixo — o dono da casa anuncia me trazendo de volta a coincidência — senhor Forchhmmer se encontra no outro de hóspede, Kataryna terá companhia então sugiro arrumar o sofá para você — meu coração fica mais leve em saber que meu pai se encontra muito bem, mas uma parte nessa divisão me incomoda. 

— Prefiro que fique no seu quarto a casa e sua — falo calma, odiando que ceda seu lugar a mim por cavalheirismo quando eu claramente não quero.

 — Vai por mim Cecília, preferira o quarto dele, o que ele irá ficar e cheio de surpresas, algumas… — Peter para de falar segurando uma risada, noto o senhor fazer o mesmo. Arqueio uma sobrancelha confusa — diferentes…  

— Não ligo.

— Você ligaria sim se visse o quarto — me olha com um sorriso...malicioso?!

 — Cecília — Damon fala olhando em meus olhos, não dando oportunidade para Peter falar mais alguma coisa  — você manda da porta para fora do meu apartamento, mas minha casa as regras são eu que dito.

      Não espera uma resposta e vira as costas saindo por um corredor ao lado da entrada da cozinha. Penso em correr atrás e dizer umas poucas e boas e sair de sua casa, mas acabo guardando para uma próxima vez não querendo prolongar o show ou me estressa mais.  “Isso terá volta” seguro a língua para não gritar.

    

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