Capítulo 7: Entre ódio, paixões e traições. Parte 1

Localização: Alcateia Onix, Mansão dos Hoover, ao norte do portal de pedras rúnicas.

 Ikarus Hoover...

Despertei em pânico de um sonho intenso que tive, e que aos poucos se apagava de minha mente feito fumaça se dissipando em meu ao ar. Enfiei o rosto em meu travesseiro novamente e emergi rapidamente ao constatar como estava molhado de suor, assim como os lençóis que me rolavam aquele corpo desnudo. Esfreguei meus olhos com a mão direita, e por um momento não estava mais sentindo o anel do alfa em meu dedo mindinho direito.

A marca ainda residia ali, fazendo-me sentir um pouco de falta daquela joia rustica que trazia uma pedra escura e brilhante. Induzi meus dedos esquerdos até aquele local, e alisei tentando ainda aceitar que não era mais o pião tão importante e que a alcateia necessitava a cada hora de minha vida.

—Senhor Ikarus! —ouvi a voz de Octavio com uma batida leve, que despertou-me de vez.

Ergui aquele tronco musculoso, jogando minhas pernas e depois o corpo nu para fora do meu leito. Retirando as cobertas grossas para longe, já que estavam grudentas em minha pele.

—Diga, Octavio! —falei alto já que não estava a fim de abrir a porta e dar de cara com alguém tão cedo.

—O senhor seu pai, deseja falar com o senhor. Disse para que fosse ao seu escritório! —falou e tentei assimilar o que aquele velho queria comigo.

—Tudo bem, obrigado, irei me vestir e vou até ele! —respondi e ouvi seus passos se voltarem ao corredor, para longe.

Não me demorei em tomar um banho quente, não, que mais parecia água para ferver legumes deixado por horas no fogo. Saí vermelho como um tomate com a pele soltando leve fumaça, mas de alma lavada e fui enrolado na toalha até a bagunça das minhas roupas espalhadas pelo o quarto. Peguei uma calça jeans e uma blusa preta tampando aquelas cicatrizes que ainda faziam presença em minha pele, e que as vezes eu esquecia que estavam ali.

Tinha pequenos fragmentos de recordação de como as ganhei, no teste do alfa que teve aos meus quinze anos e o segundo que foi uma tragedia em minha vida e da minha família. Respirei fundo não querendo relembrar daquilo que era tão fresco quanto um suco num verão de calor intenso.

Calcei umas meias cinzas que encontrei pelo o chão e meus coturnos gastos caídos rente a cama, indo atrás do meu perfume que achei em baixo de outra pilha de roupa só que sujas. E guiando-me até o banheiro para pentear minhas madeixas, para no final bagunçá-las rebeldemente como gostava.

Sai do meu quarto batendo a porta, e girei indo para a direita. Segui por três até chegar ao escritório do meu velho. Bati levemente com a outra mão na maçaneta.

—Pode entrar! —ouvi dele. E a empurrei adentrando e fechando ao dar as costas. —Gostaria de saber porque Achilles, estar com esse olho roxo e parte da face inchada? —foi direto ao ponto enquanto estava presenciando aquele moleque ali, com um saco de gelo no local que eu o acertei.

Lucius estava encostado rente a janela, e parecia estar segurando o riso ao me encarar.

—Eu bati! —me sentenciei culpado de imediato ao cruzar meus braços e rir de leve daquela face que mais parecia um baiacu radioativo.

—E por qual motivo? —o velhote estava sério, mas Achilles era um dos seus filhos favoritos. O segundo, pois Lucius era o primeiro.

—Porque ele me odeia pai, e isso estar comprovado. Tem inveja de mim! —comentou ele me fazendo dar uma risada.

Lucius também não se aguentou.

—Você disse ao velhote que ofendeu a Odette? —indaguei irônico e vi seu semblante empalidecer. Ele olhou para nosso pai, que estava muito mais sério com sua sobrancelha acinzentada erguida na direção de Achilles. —Falou para ele, que a ofendeu dizendo que eu e ela estávamos de caso?!

—Não espera aí, não foi isso! —riu de nervoso tentando consertar a merda que havia jogado no ventilador ontem.

E melhorei ainda mais, evidenciando:

—Que seria melhor ela fisgar o Lucius, porque agora ele era alfa! —continuei e meu irmão mais velho disparou seu semblante a Achilles, do jeito de nosso pai. —E o melhor de tudo, ainda disse na frente do Tyler que Ares havia morrido. Coisa bonita não? De se dizer a uma criança de oito anos que não sabia disso.

—Pai, eu... —só bastou o velhote erguer o dedo indicador para ele se calar.

—Lucius, Ikarus saiam. Terei uma conversa a sós com seu irmão! —pediu sem tirar sua expressão dele.

—Certo, meu pai! —pronunciou Lucius vindo em minha direção.

—Não precisa dizer duas vezes! —ergui as mãos ao alto, e ainda dei uma piscada num sorrisinho irônico a Achilles que tremia de medo ao me fitar.

Assim que saímos dali. Lucius perguntou-me:

—Vai ao festival hoje, irmão?

—Bom, só irei por você. Pois é para festejar seu título! —fui sincero e ele sorriu.

—Agradeço por isso! —ele respondeu. —Agora vou ter que me reunir com os anciões!

—Boa sorte então! —pronunciei. —Vou ver como está a Odette e o Tyler, depois de ontem...

—Achilles, é imaturo demais. Às vezes acho que não é nosso irmão! —esfregou a face.

—Nem eu acho... —falei ao dar passos leves ao dar as costas depois de me despedir.

Entretanto, um sorriso satisfatório formou-se em meus lábios, em saber que Achilles havia se ferrado.

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