Giovana assinou um contrato de casamento, com um homem que ela mal conhecia, por gratidão a Nicolau, o homem que a salvou das maldades da própria mãe. Mesmo vivendo ao lado de um homem frio e prepotente, Giovana aprendeu a amar Antony. Mas sua vida muda completamente, quando dois dias depois da morte repentina de Nicolau, Giovana recebe a notícia que sua irmã mais nova está internada em estado grave, e que precisa de uma transfusão de sangue. Quando Antony a impede de ajudar a irmã, obrigando-a a ir assinar o divórcio, condenando Gina a morte. Para Giovana não há mais motivos para manter-se casada com Antony, mesmo amando-o, ela sabe que não consegue perdoá-lo por todo o mal que ele causou a ela durante aqueles três longos anos e que custou a vida da própria irmã. Mas Antony, ao perceber a injustiça que cometeu, não aceitará perdê-la facilmente. Ele quer reconquistá-la e fará de tudo para ter o amor de Giovana novamente.
Ler maisO som estridente da buzina e pneus derrapando na pista fizeram Giovana soltar a bolsa que segurava e fechar os olhos tão fortemente, que poderia sentir a cabeça latejar de dor. Ainda tremula, ela sentiu o vapor quente que saía do capô do carro tocar a sua perna. Quando abriu, enfim, os olhos, mal pode acreditar que o veículo estava assim tão perto de matá-la. Seria outra terrível tragédia em menos de vinte e quatro horas. Levantou o olhar até o motorista, que já saía do carro em meio a um trânsito caótico, e caminhava furioso em direção a ela.
— Mulher maluca! – Salivas escapuliam entre os seus dentes cerrados – Se não olhar por onde anda, da próxima vez não terá tanta sorte.
Porém, ela não tinha tempo para aquelas ameaças. Mal olhou nos olhos do homem e voltou a caminhar para longe, quando se lembrou da bolsa que deixou cair. Cinco passos, estava de volta ao lugar em que quase morreu, e o motorista irresponsável, continuava lá, falando coisas absurdas que ela nem teria chance de responder.
Com o coração ainda descontrolado no peito, Giovana entrou no hospital e parou em frente a recepção. Ela fechou os olhos momentaneamente, rezando para a Gina estar bem e que pudesse se acalmar imediatamente, ao ponto de ajudá-la.
— Eu vim ver Gina Lens – sentia as palavras travando em sua garganta.
A recepcionista analisou a mulher a sua frente, voltou a olhar para a tela do computador com puro desdém.
— Só familiares podem entrar – disse sem olhar nos olhos de Giovana.
— Eu sou a irmã dela – concluiu impaciente – e sou responsável pelo pagamento de toda a despesas médicas.
O semblante da recepcionista mudou drasticamente e, sem preencher nenhuma informação, ela autorizou a entrada de Giovana, indicando onde encontraria a Gina.
Enquanto caminhava apressada pelo corredor, sem saber exatamente para onde estava indo, Giovana se recordou da ligação que recebera da mãe horas antes.
— Gina foi levada ao hospital, preciso da sua ajuda.
Era sempre assim. Poucas palavras, nenhum sentimentalismo e muitas cobranças. Giovana era apenas um meio de suprir as necessidades da sua mãe e irmã. Mas ela amava a Gina e não suportaria considerar perdê-la um dia.
Avistou sua mãe de longe e soube que era ali que deveria ir. Irma, ao perceber a presença dela, a olhou com desprezo e não esboçou nenhuma reação.
— Como ela está? – Perguntou, mas a mulher não a olhava.
Era como se Giovana não existisse para ela.
— Como eu vou saber? a rispidez nas palavras demonstrava que Irma não tinha nenhuma paciência para dialogar com ela, – você é a confidente dela, deveria saber o que a Gina anda aprontado por aí.
— Eu deveria saber? fechou os olhos, passando os dedos sobre as têmporas doloridas, precisava se acalmar, discutir com Irma não ajudaria Gina. – Trouxe ela para o hospital sem conhecer os motivos?
— Ela se queixava de fortes dores abdominais e chegou a desmaiar no carro – concluiu friamente, – levaram ela para uma sala e desde então não tenho mais notícias.
Giovana sabia que a frieza de Irma era apenas devido à sua presença. Gina sempre foi sua filha favorita, sendo assim ela tinha certeza que mesmo transparecendo não se importar, por dentro Irma estava arrasada.
— E onde está o seu marido? – Pela primeira vez a olhou nos olhos, – Não sei como o Antony te suportou por tanto tempo.
— Não estou aqui para ouvir sua opinião sobre o meu casamento, eu só quero ver a minha irmã.
Um sorriso zombeteiro surgiu nos lábios de Irma e antes que ela pudesse retribuir a provocação, a porta do quarto se abriu e um homem saiu de lá de dentro. Vestia um jaleco e tinha um crachá grudado nele. Tinha uma aparência cansada, como se trouxesse sobre si notícias devastadoras.
— Vocês são parentes de Gina Lens?
— Eu sou a mãe dela – disse aquilo orgulhosamente desesperada, causando repulsa em Giovana.
— Infelizmente a Gina precisará de uma transfusão de sangue. Está com uma forte anemia.
— Ela corre risco de vida? Giovana arregalou os olhos sem acreditar no que ouvia.
— Infelizmente sim – respondeu o médico, e Giovana não gostou do que percebeu no semblante dele.
— Está me dizendo que a Gina pode morrer? Irma entrou em desespero. A ternura maternal de Irma era direcionada apenas para Gina. A vida inteira foi assim.
Do outro lado, Giovana tentava assimilar as informações. Como a saúde de Gina chegou aquele ponto? Ou talvez nem mesmo ela soubesse que seu estado fosse tão grave, ou estivesse com muita vergonha de contar?
Ainda parada ao corredor, Giovana sentiu o celular vibrar. Olhou para a tela e viu uma chamada telefônica de Antony. O ar entrou como um jato em seus pulmões quando ela respirou fundo antes de atendê-lo.
— Onde você está? – Mas ele não esperou que ela respondesse, prosseguiu friamente como se não se importasse com a resposta, – Temos uma reunião com o advogado daqui à meia hora para leitura do testamento do Nicolau.
Giovana havia se esquecido desse compromisso. Sua respiração estava tão pesada que ela nem sequer percebia a presença de qualquer outra pessoa no corredor.
— Me desculpe, Antony, eu fiquei tão preocupada com a Gina que me esqueci completamente.
— Eu não preciso das suas desculpas, Giovana – foi ríspido, como sempre era, – eu preciso de você aqui, agora.
O rosto de Giovana estava contorcido de amargura, e ela apenas obedeceu às ordens do seu marido. Ela sempre obedecia.
— Estou no hospital da cidade.
Era claro que ela queria explicar a Antony que Gina precisava dela naquele momento, mas Antony não a ouviria e nem aceitaria suas desculpas. Ela o conhecia tão bem que sabia o quanto sua existência era insignificante para o seu marido.
— O motorista está indo aí buscá-la.
— Antony, eu não posso sair daqui agora, Gina precisa de mim…
— Não me interessa – disse com um tom surpreendentemente grave, – não tenho tempo para isso. Apenas me obedeça.
Giovana sentiu um fluxo de Adrenalina percorrer todos os seus membros, cada nervo seu despertando à medida que ela tentava entender a frieza do próprio marido. Mas antes que ela considerasse responder, a ligação foi encerrada. Quando, enfim, voltou à realidade, percebeu que a sua mãe ainda estava conversando com o médico sobre o estado delicado de Gina. Então ela se aproximou.
— Giovana e a Gina têm o mesmo tipo sanguíneo, ela pode ser a doadora.
Irma não se sentia nada feliz em dizer aquilo, mas ela faria o que fosse preciso para salvar a vida da filha predileta. O que ela não sabia era que estava colocando Giovana em uma situação delicada.
— Ótimo! – Animou-se o médico, – podemos fazer isso agora mesmo.
— Eu não posso – Giovana sentiu o coração se dilacerar, entre ter que escolher seguir as ordens de Antony ou ajudar a salvar a irmã, – Eu não posso agora, estou atrasada para um compromisso com o Antony.
— Não pode? Irma parecia inconformada, – Que tipo de compromisso é mais importante do que salvar a vida da sua irmã?
Mas Giovana, sem ter tempo para discussões, deu de ombros e voltou a sua atenção para o médico.
— Diga-me doutor, Giovana perguntava com dificuldade, – A Gina consegue aguentar por algumas horas? Precisa me prometer que a manterá viva até que eu volte.
— Eu não posso lhe prometer isso – falou ele, balançando a cabeça, – mas posso tentar o possível.
Giovana tentou engolir a própria saliva, mas a garganta não obedeceu. Ela começou a se afastar.
— Se a Gina morrer, saiba que a culpa será sua, Giovana. Somente sua.
Na metade do seu desabafo, Irma havia abaixado o olhar e agora encarava o chão. Suas últimas palavras ecoaram por toda a ala do hospital e Irma esperou que ela mudasse de ideia, mas Giovana permaneceu calada e finalmente foi embora dali.
Algumas semanas depois, Nicolau recebeu alta. Quando Antony viu Giovana segurando o filho nos braços pela primeira vez, sentiu tantas coisas que não conseguiu decifrar o sentimento que mais pulsava em seu coração. Enquanto Giovana se aproximava com um sorriso genuíno no rosto, perguntou a ele se queria segurar o filho pela primeira vez. Nicolau era tão pequeno que Antony sentia medo de machucá-lo. Olhou para o menino, que dormia calmamente no colo da mãe e com um olhar cheio de afeto respondeu que sim. Segurar o filho pela primeira vez nos braços fez Antony entender o verdadeiro significado de amor. Uma foto foi tirada sem ele perceber, pelo próprio Ricardo, que imaginava aquela fotografia pendurada na parede da casa deles. Do outro lado do quarto, Tania arrumava as coisas para que Giovana partisse, com os olhos inundados de lágrimas. —Eu acho que não me esqueci de nada — ela passou os olhos rapidamente pelo ambiente, procurando qualquer coisa que pudesse ter ficado para trás, mas
Antony entrou no carro ao lado de Xavier e foi levado até a empresa. Quando se viu em frente ao prédio, quase foi paralisado pelas lembranças daquele lugar. Mal se lembrava da última vez em que estivera ali. Havia almejado ser dono daquele império ainda quando Nicolau era vivo. Seus olhos enchiam-se de brilho quando se imaginava sendo dono de tudo aquilo. Agora, parado em frente a tudo o que conquistou, nada mais daquilo fazia sentido. No final das contas, a maior riqueza que recebeu foi ter se casado com Giovana.Entrou no elevador sozinho. Xavier foi embora com a missão de comprar as ações e devolvê-las a Antony. E imaginar que foi por causa daquelas ações que ele se casou com Giovana pela segunda vez. Agora sua vida girava em torno dela. Um sorriso repuxou seus lábios quando Antony chegou a essa conclusão. Havia prometido que jamais se apaixonaria por outra mulher além de Roberta e naquele momento estava perdido de amor pela sua mulher.Quando saiu do elevador, o primeiro rosto que
Antony tinha uma ideia fixa na cabeça e pensava nela todas as vezes que olhava para Giovana. Havia passado aquela noite ao lado dela, segurando em sua mão enquanto ela dormia. Estava ansiosa para ver Nicolau, mas os médicos recomendavam que ela esperasse o efeito da anestesia passar antes de se levantar. No dia seguinte, quando Antony despertou, ela estava sentada, o que fez ele se assustar e correr para ajudá-la.— O que está fazendo? — Olhava para ela assustado, temendo que ela cometesse uma imprudência.— Eu quero ver o nosso filho — disse ela, já colocando as sandálias nos pés, dando a entender que ninguém a impediria.Antony jogou a cabeça para trás, enquanto fechava os olhos com força e soltava um suspiro de discordância, mas quando olhou para ela e viu uma tristeza profunda por ainda não ter conhecido o filho, ele logo cedeu.— Tudo bem — ele disse, enquanto agarrava nas mãos dela e a ajudava a caminhar —, vamos conhecer o Nicolau e no caminho conversaremos sobre algo muito imp
Antony parou para pensar sobre o que Andreas falava. As coisas em sua vida começavam a se acalmar e ele precisava reconhecer que Andreas havia se esforçado bastante para ajudá-lo. Por outro lado, Andreas se calava, constrangido, como se tivesse cometido grandes erros e tivesse convicção de que Antony jamais o perdoaria. Só depois de um longo período de silêncio, a fim de tentar desfazer o mal-entendido, Andreas fez um pedido de desculpas.— Eu deveria ter contado que não encontrei a Giovana quando cheguei na fazenda — o tom de voz arrependida de Andreas foi mais do que suficiente para Antony entender que o garoto não estava nada feliz com o que havia acontecido — eu prometi para você que eu cuidaria da Giovana e eu não queria falhar mais uma vez.Antony riu com desdém, como se tivesse ouvido uma piada de muito mal gosto.— Sim, você deveria ter me avisado — ele respondeu com tranquilidade, desviando o olhar para o berçário, a sua frente — mas precisa parar de querer sempre me agradar.
Antony fitava Xavier com um olhar apreensivo. O advogado ficou apavorado até que a ligação fosse encerrada. Quando finalmente desligou o telefone, olhou para Antony com um nó na garganta. — O que ocorreu? — Antony suava, ansioso por receber boas notícias de Giovana. Era tudo o que ele conseguia imaginar. Era na segurança de Giovana, como se nada mais importasse. Antes que Xavier pensasse em abrir os lábios para contar a ele o que estava acontecendo, seu celular tocou novamente. Olhou confuso para o número de telefone, percebendo ser Andreas. Atendeu à ligação, ouvindo o garoto pedir para que pudesse conversar com Antony do outro lado da linha. Xavier se retirou, deixando Antony apreensivo para trás. Ele precisou de bastante tempo para tomar aquela atitude. Seria mais adequado informar Antony sobre sua liberdade primeiro do que deixar Andreas ocupar seu tempo? Voltou com o telefone em mãos e o entregou a Antony. Viu o rosto do homem se transformar aos poucos e, minutos depois, sent
Irma abriu os olhos devagar e ouvia vozes vindo de longe como se fosse um sonho. As árvores pareciam estar em movimento constante, o que fazia sua cabeça girar mais rápido. O mesmo homem que havia visto ela em frente à fazenda foi o que a socorreu. Embora tonta e desnorteada, Irma tentou se levantar e fugir. Seus esforços foram em vão, porque estava fraca e machucada. O homem a segurou e chamou a polícia.Quando as viaturas chegaram, ela debochou dos policiais. Ria descontroladamente.— Vocês não sabem que eu sou a mãe da Giovana? — O semblante desnorteado assustava alguns. — Vim visitá-la. Será que não estou no meu direito?— Ela fugiu quando eu a chamei — acusou o homem. — Correu pela mata e caiu, batendo a cabeça. Me perdoe, mas o senhor Andreas pediu para que eu vigiasse a fazenda e proibisse a aproximação dessa mulher.Os policiais pareciam confusos com o ocorrido. Um deles se aproximou de Irma, tocando no braço, o que deixou a mulher extremamente irritada.— A senhora precisa vi
Último capítulo