Capítulo 71

continuação.

Otávio

A voz dela ainda ecoava na minha cabeça.

Clara. Tranquila. Cruel.

"No começo… sim. Era só isso. Eu queria fazer ele sentir tudo o que eu senti..."

Eu bati a porta com tanta força que o barulho pareceu atravessar meu peito. Meus passos pesados cortavam o silêncio da casa, e mesmo assim... tudo dentro de mim gritava.

Não era possível.

Não podia ser verdade.

Mas era.

Era.

Ela se aproximou de mim por vingança.

Por vingança.

E eu… como um completo idiota, deixei.

Fechei os olhos e comecei a lembrar de cada detalhe.

O jantar.

O olhar provocador.

As conversas fora de hora.

Os encontros escondidos.

As palavras doces.

As promessas silenciosas.

O jeito que ela me fazia esquecer de tudo quando encostava a testa na minha.

Eu joguei a garrafa de uísque contra a parede, sem pensar. O estalo do vidro quebrando não foi alto o suficiente pra calar a voz dela dentro da minha mente.

Aquela menina fraca?

A que eu humilhei?

A que eu magoei?

Engoli seco.

Talvez
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