continuação.
Otávio
A voz dela ainda ecoava na minha cabeça.
Clara. Tranquila. Cruel.
"No começo… sim. Era só isso. Eu queria fazer ele sentir tudo o que eu senti..."
Eu bati a porta com tanta força que o barulho pareceu atravessar meu peito. Meus passos pesados cortavam o silêncio da casa, e mesmo assim... tudo dentro de mim gritava.
Não era possível.
Não podia ser verdade.
Mas era.
Era.
Ela se aproximou de mim por vingança.
Por vingança.
E eu… como um completo idiota, deixei.
Fechei os olhos e comecei a lembrar de cada detalhe.
O jantar.
O olhar provocador.
As conversas fora de hora.
Os encontros escondidos.
As palavras doces.
As promessas silenciosas.
O jeito que ela me fazia esquecer de tudo quando encostava a testa na minha.
Eu joguei a garrafa de uísque contra a parede, sem pensar. O estalo do vidro quebrando não foi alto o suficiente pra calar a voz dela dentro da minha mente.
Aquela menina fraca?
A que eu humilhei?
A que eu magoei?
Engoli seco.
Talvez