Se forte
A floresta se calou de repente. Nem o vento ousava atravessar a clareira. Helena, ainda nos braços de Rocco, arregalou os olhos ao ouvir o primeiro estalo de galhos. Um farfalhar rápido, selvagem.
Então eles surgiram.
Dois lobinhos, pequenos, mas já com o porte arrogante de predadores. O focinho manchado de vermelho, as patas úmidas e a respiração arfante após a primeira caçada. Corriam lado a lado brincando.
Helena sentiu o coração disparar. Não era apenas orgulho ou ternura. Era medo. Puro e lancinante. Porque em cada passo dos filhos havia mais fera que criança.
Das sombras, uma figura se desprendeu. Elvira. A pele pálida cintilava sob a lua, os cabelos negros soltos como serpentes, os olhos de fera cravados na cena. Ela caminhava sem pressa, silenciosa, como se a mata fosse seu trono. Os lobinhos, ao vê-la, hesitaram apenas um segundo e então se aproximaram dela, roçando-se em sua perna, como se a reconhecessem.
Helena sentiu um arrepio de gelo percorrer-lhe a espinha. O