Jogando o jogo
Quando Sabine saiu da sorveteria com aquele andar solto, cheio de intenções e curvas disfarçadas de inocência, eu apenas observei. A rua ainda exalava o calor do dia, e o sol tingia os telhados de vermelho sangue.
O velho Tobby, o sorveteiro, limpava o balcão com o mesmo pano sujo de sempre. Assim que viu Peter parado absorvendo o perfume doce deixado por Sabine, ele fez se aproximou e disse:
“ Não se deixe enganar, delegado. Isso aí... é uma deles.”
Peter continuou encarando o fim da rua como se visse mais do que um corpo bonito sumindo na curva.
“ Que espécie será a dela, hein?” ele murmurou, distraído, ainda com o cheiro de Sabine nos sentidos.
“ Talvez lobisomem. Ou Wendigo. Vai lá saber…” disse Tobby, coçando o queixo.
Peter então virou o rosto devagar, um sorrisinho malicioso brincando no canto dos lábios:
“ Mas se eu quiser desvendar o que está acontecendo, preciso fingir que estou caindo. Aceitar o que ela está dando.”
O velho riu com gosto, ajeitando o boné n