Pode o passado se tornar o presente? A vida nunca foi fácil para Isabella e após muitas tragédias em sua vida, ela decidiu se fechar para o mundo e viver apenas para cuidar de sua avó e da sua cafeteria, que com o passar dos anos se tornou um ponto de encontro para moradores e visitantes do Rio de Janeiro. Ela gostava de sua vida monótona até que, em um belo dia, após receber uma notícia que abalou seu mundo, ela conhece o atraente Ricardo Stefan, que diz ter vindo do passado para encontrá-la. Será que Ricardo é quem diz ser? Será que ela poderá enfim se libertar das amarras do passado? Venha conferir essa linda história de amor que atravessou séculos.
Leer másPor Isabella Melo
Depois de um dia cansativo na minha boutique, avisei a Marcio que estava indo para o hospital ver minha avó e ele disse que segurava as pontas e me pediu para dar um beijo na minha avó, agradeci a ele pela a ajuda e fui para o hospital onde minha avózinha está internada, durante o trajeto por que não sei comecei a lembrar de um livro da Carina Rissi que amo muito.
Cheguei ao hospital, fantasiando novamente sobre viagens no tempo e imaginei como seria fazer uma viagem dessas. Resolvi deixar essas coisas de lado e entrei no hospital Vanessa, assim que me avista, me cumprimenta e, como sou presença assídua no hospital, ela já deixa o meu crachá preparado.
— Dona Hilda estava contando para as enfermeiras que finalmente a netinha dela a visitará hoje.
— Nossa! Ela fala como se eu não estivesse aqui todos os dias.
Vanessa ri, e eu sigo o meu caminho para o quarto 509, e lá está a minha avó, que se tornou meu tudo. Dói ver aquela mulher ativa nesse estado. Aproximo-me da cama e pego sua mão, e ela continua de olhos fechados. Maldito câncer.
Após um breve conversa em espanhol com minha avó, ela sorriu mesmo estando bem debilitada devido a sua doença, levei uma nova criação da minha boutique para ela experimentar e minha avó ficou muito feliz por isso.
— Ah, minha filha, eu...
Minha avó interrompeu o que estava falando e começou a tossir sem parar. Peguei uma espécie de bacia e fiz carinho em suas costas até que ela vomitou. Assim que ela terminou, peguei a toalha, mergulhei na água e passei por sua boca e rosto. Olhei para o conteúdo da bacia e vi placas de sangue. Respirei fundo, porque eu sabia que isso significava que o câncer estava mais avançado. Evitei chorar em sua frente. Voltei ao banheiro, joguei água no meu próprio rosto e me obriguei a sorrir. Minha avó ficaria muito triste se me visse chorando e derrotada.
— Minha filha, eu estou nas últimas e não a quero deixar sozinha. — Ela diz após mais um excesso de tosse.
— A senhora não está morrendo. Eu sei que irá sair dessa.
— Não se engane, meu amor. Eu sinto que a minha vida está por um fio. Não sei quanto tempo ainda me resta, mas gostaria de ver um sorriso verdadeiro de felicidade em seu rosto antes que eu vá.
— Eu vou ficar feliz se a senhora estiver bem. Agora pare de falar e descanse um pouco.
— Você precisa encontrar alguém que a faça feliz.
— Vó, no estado em que meu espírito se encontra, só amarei novamente se um Ian Clarke aparecer em minha frente. E como sabemos que isso é mera ficção, então estou bem do jeito que estou.
— Minha filha, as palavras têm poder.
— Ah! Sim, Vó. Eu desejei, agora vai aparecer um cara igual a um de meus personagens favoritos. — Não quis rir, mas acabei gargalhando e, em troca, recebendo um olhar reprovador da minha avó.
— Tudo que te aconteceu te deixou tão cética. — Ela passa as mãos trêmulas por meu rosto.
Minha vozinha estava com um semblante triste, então resolvi parar de fazer minhas famosas piadas. Preciso controlar o meu humor negro na presença dela.
— Eu não sou cética. Sou realista e pé no chão. Descanse, abuelita. À noite voltarei para dormir com a senhora.
— Meu bem, essa noite quero ficar sozinha, se não se importar. — Ela diz enquanto se ajeita na cama.
— Por que a senhora não me quer por perto?
— Eu quero que descanse na sua cama, filha, e não em uma cadeira dura de hospital.
— Então, já que não me quer aqui à noite, irei ficar ao seu lado até que durma.
Dei um beijo em sua testa e fiquei até que ela pegasse no sono. Assim que percebo que ela realmente dormiu, dou-lhe um beijo na testa, fazendo uma oração silenciosa para que ela se recupere. Termino minha oração, dou mais um beijo nela e saio de seu quarto à procura do doutor. Preciso saber dele se conseguiu algum novo método ou medicamento para a condição de vovó, mas a notícia que recebi deixou-me sem chão e com muita falta de ar. Saí do hospital a passadas largas, ignorei até os gritos de Vanessa quando passei pela recepção, entrei em meu carro e dirigi sem rumo. Acabei parando em uma praça — nem sei como cheguei lá —, estacionei o carro, saí e sentei em um dos bancos, sem me importar com as pessoas que me olhavam por conta das lágrimas. Abaixei minha cabeça e comecei a repassar toda a conversa com o doutor Luiz.
— Boa tarde! Doutor Luiz, gostaria que o senhor me atualizasse sobre o estado de saúde da minha avó.
— O estado da senhora Hilda é grave, Isabella. Não te darei falsas esperanças. Sua avó tem no máximo uma semana de vida.
— Como assim, doutor? E o tratamento? Não há nada que possamos fazer?
— Não está funcionando. Já tentamos outros medicamentos e métodos, mas infelizmente o câncer já tomou 97% do pulmão. É um milagre que sua avó ainda esteja viva.
— Não há milagre nenhum em minha vida. Nada nunca dura, nada nunca dá certo para mim. Obrigada por tudo que o senhor fez pela minha avó. — Viro-me e deixo as lágrimas rolarem livremente. Não me importo com nada e nem com ninguém.
— Isabella! — O doutor grita. Parei de andar e me virei para olhá-lo.
— Se tivesse qualquer outro tratamento ou qualquer outra coisa que eu pudesse fazer, eu o faria.
Dou-lhe um sorriso fraco e cá estou na praça. As lágrimas grossas e pesadas rolam livremente por meu rosto. Respiro fundo, vou até o carro e pego um de meus livros favoritos. Retorno para o banco e começo a ler, a fim de viajar na história de Ian e Sofia, na tentativa de esquecer um pouco da minha dor.
Ouço um burburinho ao longe e me concentro ainda mais na história do livro que estou lendo. Não demora muito o burburinho se intensifica. Muito a contragosto, retiro os olhos da minha leitura e começo a olhar a cena inusitada. Um cara com roupas de época está discutindo com os policiais que o detinham. “É apenas um maluco” pensei comigo mesma. O homem vira, nossos olhos se encontram, e fica impossível desviar o olhar. De repente eu tinha a sensação de já ter visto aquele par de olhos verdes esmeralda em algum lugar. Ele me encara incrédulo, e o jeito que ele olha me incomoda de alguma forma. Lágrimas começam a escorrer por seu rosto; ele se solta dos policiais e rapidamente corre e se j**a aos meus pés.
— Oh, céus! É verdade, você está... você está viva. — O homem estranho começa a chorar e abraça minhas pernas.
Olho para o cara e tenho vontade de rir. É lastimável que apesar de muito bonito seja louco.
— Até onde eu saiba estou viva sim, mas, como você achou que estivesse morta, creio que está me confundindo com outra pessoa. — Digo ao homem enquanto tento — sem sucesso — me soltar.
— Nunca poderia esquecer seus olhos cor de mel, e esta pele que tanto admiro.
— Olha, moço, você está me assustando. — Vejo os policiais vindo em nossa direção e agradeço aos céus por isso. Cara maluco.
— Você se lembrará de mim, minha doce e única Isabella. — Quando o homem diz meu nome, algo se acendeu em meu coração.
— Como você sabe meu nome? — Meu coração se acelera, e o que ele diz logo a seguir me pega desprevenida.
— Nunca esqueceria o nome de minha amada esposa.
Isabella Melo Stefan Nem acredito que um ano já se passou. Não posso reclamar da minha vida, pois ela está perfeita. Ricardo está abrindo o seu próprio escritório de contabilidade. A ampliação da minha boutique deu super certo, e já estou conversando com os empresários na França para levar Viollet’s Coffee para lá. Vai ser a realização de um sonho. Nossa pequena Abby é a coisa mais fofa do mundo! Ela já está falando muitas coisas e faz fofocas também, Ontem mesmo ela reclamou com Rick, dizendo que eu não coloquei o vestido preferido dela. Na escolinha também só dá ela. A professora fala que ela é sensação do maternal. — Mamãe, cadê bolo? — Ela veio correndo perguntar com sua amiguinha ao lado. — Ainda não está na hora, mas podem comer um docinho cada uma. — Vou até a mesa e entrego a elas. Hoje é a festinha dela de dois anos, e decidimos fazer uma festa com os amiguinhos dela. Meus amigos estão aqui, e os funcionários mais antigos da boutique também estão presentes. Má
Elizabeth Stefan. Desde que vim para o futuro estou achando tudo muito estranho. Meu irmão já está bem habituado, já eu estou no processo. O pior para mim foi ter que abandonar minhas vestimentas. Amava meus belos vestidos armados, mas Isabella me explicou que nesse novo tempo as mulheres não usam vestidos armados, então precisei me adaptar. — Lisa, quer ir comigo e com Abby para boutique? — Minha cunhada entra em meus aposentos. — Gostaria muito. Se não for incomodar, é claro. — Digo a ela, que olha-me enfezada. — Você nunca atrapalha. Saiba que esses seis meses com vocês aqui estão sendo fantásticos. — Levanto-me e a abraço. — Vou arrumar-me e já descerei. Ela me manda um beijo, e Abby repete o gesto de sua mãe. Minha sobrinha é a criança mais amada do mundo, e isso ninguém pode negar. Seus pais lhe dão todo o amor e carinho que podem. Arrumei-me rapidamente e, logo que desço, já vejo Isabella brincando com Abby. Assim que me vê ela se levanta. Depois da c
— Até que fim vocês se acertaram. Sabe quantas vezes eu já tentei juntar vocês? — A velha senhora surge ao nosso lado. — Quer dizer que já passamos por isso? — Pergunto curiosa, e a mulher sorri. — Oitocentos e noventa e nove vezes. Tem um limite para o que posso fazer! Vocês quase perderam a chance, mas que bom que se acertaram. Bom, minhas crianças, agora vamos às opções. — Ela diz, e eu fico curiosa. — Vocês são almas gêmeas, destinados a ficarem juntos. — E o que isso quer dizer? — Pergunto confusa. — Quer dizer que vocês devem ficar juntos, independente de tudo o que aconteça, e é por esse motivo que eu estou aqui. — Então você é uma fada madrinha? — Pergunto, pois Ricardo está pensativo demais para perguntar qualquer coisa. — Não sou fada madrinha, sou uma amiga que luta para que todos encontrem sua felicidade. — Ela sorri, e Rick olha para mim. — Deixa eu continuar. Vocês têm duas opções, por favor, escolham com o coração. Opção um: Vocês poderão voltar
Um grito de pavor escapou por meu lábios, e as lágrimas inundaram meus olhos. Por que logo agora? Me deitei no chão e fiquei por não sei quanto tempo só deitada e chorando. Um tempo depois sequei minhas lágrimas, levantei do chão e peguei o telefone para ligar para minha amiga. — Oi, Bella, pensei que estivesse se reconciliando com seu homem? — Ela diz sorrindo, e eu permaneci em silêncio. — E… Ele se foi. — Digo apenas. — Calma, Bella. Daqui a pouco ele volta ou talvez nem tenha chegado ainda. — Diz com um sorrisinho, e sei que ela ainda não entendeu. — Luiza, ele se foi literalmente. Em um momento estávamos de mãos dadas, e no outro ele havia sumido. — Amiga, você quer que eu vá te fazer companhia? — Ela me pergunta solícita. — Amiga, não se preocupe comigo. Eu vou ficar bem, só preciso descobrir o que fazer para trazer ele de volta. — Se precisar de mim sabe muito bem onde me encontrar. — Ela diz, e sei que ela gostaria de falar mais coisas, porém não
As árvores continuaram a chacoalhar, e o vento fez com que olhasse mais adiante, e ali vi Claire, neta de dona Rute. Me aproximo dela e vejo a lápide de dona Rute, o que mexeu muito comigo. — Quando aconteceu? — Pergunto lhe abraçando. — No dia em que vocês foram lá em casa saber sobre a história da nossa família. Assim que vocês se foram ela começou a dizer que você era a avó dela. Nós achamos que ela estava começando a caducar, mas ela insistiu que conheceu a verdadeira avó e que agora poderia morrer em paz, e foi o que aconteceu. No dia seguinte, quando fui chamá-la, eu soube que minha avó não estava mais entre nós. Ela deixou uma carta para você. Eu estava procurando por uma jornalista quando vi sua foto em um jornal de culinária. — Ela me entrega o pacote e olha para mim. — Não me diga que minha avó está certa? Você é idêntica à minha bisavó. — Não posso te dar tanta certeza sobre nada agora. Até para mim essas coisas ainda são confusas. — Ela me abraçou apertado.
Isabella Melo Após o episódio da noite passada, fui para a boutique e nem me importei em saber como Ricardo estava. Apenas precisava sair de perto dele e respirar um pouco. Me irritei no trânsito com um babaca que não parava de buzinar para que eu andasse e acabei discutindo com o desgraçado. Sinceramente, fiquei tentada a pegar o bastão que tenho dentro do carro e acabar com ele, mas só pensei mesmo, “Você não é assim, Isabella. Controle-se!” Meu subconsciente ralhou comigo. Na tentativa de me acalmar, acabei ligando o rádio. A música que começou a tocar por algum motivo me fez lembrar de Ricardo, e acabei desligando o aparelho. Chegando à boutique a porta deu uma pequena emperrada, e eu não estava conseguindo abri-la. Isso nunca aconteceu. Tinha que ser logo hoje? Comecei a dar socos na porta, e Márcio veio me ajudar. Ele olhou para mim, e pedi a ele para não dizer uma palavra. Meus brownies queimaram, troquei açúcar pelo sal nos cupcakes, me irritei com Monique, que foi
Último capítulo