Os policiais pularam aquele segmento e encontraram uma gravação minha, desorientada e sendo atropelada por um carro, numa câmera de segurança à beira da estrada.
Os olhos do policial exibiam simpatia enquanto ele batia no ombro de Rafael.
Ele não proferiu palavra alguma.
Rafael desabou no chão, ostentando um olhar vazio e uma expressão de total desamparo.
Era como se ele fosse novamente uma criança, com apenas dez anos.
Observando sua irmãzinha chorar ao nascer.
E sua mãe, que havia acabado de falecer.
A dor atual não era menor que a daquele momento.
Não demorou muito para Rafael encontrar meu corpo.
Eu estava lá, quieta, já pálida, fria e rígida.
Os funcionários do hospital mostraram alguma compaixão:
— Pobre garota, tinha apenas 18 anos.
Então veio a reclamação:
— Demoraram tanto para procurá-la.
Olhares de desaprovação se voltaram para Rafael.
Sim, em minha vida, a maioria das adversidades foi causada por Rafael e uma pequena parte pela Mariana.
Esses irmãos eram como assassinos.
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