Quando o campo de treinamento pegou fogo, meu companheiro correu para salvar o filho do seu primeiro amor, deixando nosso filhote nas chamas e quase o matando queimado.
A governanta Ômega irrompeu na minha câmara de cura, o rosto pálido de pânico.
— O campo de treinamento dos jovens lobos está pegando fogo!
Meu coração parou. Alex estava lá para o treinamento de combate.
Quando corri para o local, encontrei Alex encolhido em um canto, a pele coberta de queimaduras vermelhas e furiosas.
— Mãe... — Ele tropeçou em meus braços, lágrimas escorrendo pelo rosto coberto de cinzas.
— Será que o pai realmente não me ama? — A voz falhou entre os soluços.
Meu coração se despedaçou enquanto ele continuava entre os soluços.
— O pai foi o primeiro Beta a chegar quando o fogo começou. Eu pensei... eu pensei que ele tivesse vindo me salvar.
O pequeno corpo de Alex tremia nos meus braços.
— Eu chamei por ele, pedi que me ajudasse. Mas ele... ele simplesmente passou por mim.
— Ele foi direto até Marcus, pegou-o no colo e me deixou lá, nas chamas.
— Quando o professor perguntou, ele disse a todos que era o pai de Marcus. Ele nem sequer olhou para mim uma vez...
Apertei meu filho queimado e trêmulo contra o peito, os olhos ardendo com lágrimas não derramadas.
Queria dizer algo, qualquer coisa, para confortá-lo. Mas, ao lembrar da indiferença fria de Theo conosco, durante todos esses anos, as palavras morreram na minha garganta.
Estava tomada por um amargo arrependimento.
Meu companheiro, Theo, deixou nossa alcateia após a cerimônia de marcação, e ficou longe por cinco anos. Recentemente, ele finalmente voltou.
Achei que, depois de tanto tempo, ele tivesse mudado de ideia sobre nós, sobre nossa família.
Mas eu estava errada. Tão terrivelmente enganada.
Ele só voltou porque Sarah mencionou que queria retornar à alcateia.
Foi então que ele correu para organizar tudo, chegando até a colocar Marcus no programa de treinamento de elite para jovens lobos.
Olhei para as queimaduras do meu filho, minhas mãos tremendo enquanto iniciava o processo de cura.
As feridas físicas cicatrizariam, mas eu sabia que as do coração dele levariam muito mais tempo para se curar.
— Pai... — Alex gemia de dor enquanto eu aplicava o unguento de cura.
— Por que o pai não me quer?
Mordi o lábio até sentir o gosto de sangue.
No dia em que fomos encontrar Theo nas fronteiras da alcateia, Alex passou um mês aprendendo a assar. Vestiu suas melhores roupas de treino e me perguntou, nervoso:
— Mãe, o pai vai gostar do bolo que eu fiz?
Assenti.
— Você é o único filho dele, claro que vai gostar.
Mas, quando chegamos às fronteiras, cheios de esperança, vimos Theo segurando a mão de Sarah, com Marcus, de cinco anos, nos braços.
Alex e eu congelamos no lugar.
Marcus correu até nós e derrubou a caixa do bolo das mãos trêmulas de Alex. O bolo, que ele havia praticado fazer por um mês, se quebrou no chão.
Theo mal olhou para o bolo arruinado.
— Desculpe, não gosto de doces. Vocês dois deveriam voltar primeiro. Preciso ajudar Sarah e Marcus a se instalarem.
Ele nem olhou para Alex uma vez, mas seus olhos estavam cheios de calor ao fitar Marcus.
Olhei para o bolo espalhado no chão e fechei os olhos em desespero.
— Desculpe, Alex. A culpa é toda minha. Da próxima vez, quando você estiver em apuros, chame por mim. Eu sempre virei até você.
Depois de levar Alex ao terapeuta da alcateia, finalmente consegui fazê-lo dormir.
Mas suas pequenas sobrancelhas ainda estavam fortemente franzidas.
— Pai... me salva... — Ele gemia em seu sono.
Meu coração parecia ser rasgado.
Se não fosse o que aconteceu cinco anos atrás, Alex talvez não precisasse sofrer tanto assim agora.