Cinco anos atrás, minha melhor amiga Ada viu como eu sofria por Theo durante oito anos.

Na noite de lua cheia, quando completamos dezoito anos e nossos lobos se reconheceram como companheiros pela primeira vez, ela colocou um elixir de feromônios aprimorado no meu vinho.

Fiquei horrorizada quando ela me trancou no quarto de Theo.

— Sarah, o que diabos você está fazendo?

Sarah se encostou na porta, sorrindo.

— Eu sei há anos. Theo também te ama. Ele responde ao seu cheiro. Ele só é orgulhoso demais para admitir. Na última lua cheia, quando ele se transfomou, eu o ouvi uivar o seu nome.

Tentei protestar, mas o cheiro de Theo me fez sentir como se estivesse pegando fogo.

O riso de Sarah ecoou pela porta.

— Aproveite a noite, querida.

Então ouvi o clique da fechadura.

Naquela noite, Theo me reivindicou como se fosse possuído. A maneira como ele me tocou, me segurou, me marcou, eu pensei que significasse que ele também sempre me quis.

Quando acordamos na manhã seguinte, a voz de Theo estava fria como gelo:

— Vou assumir a responsabilidade. Vamos fazer a cerimônia de marcação na próxima semana.

Achei que fosse apenas a maneira dele demonstrar afeto. Achei que nossa vida feliz estava prestes a começar.

Mas, na celebração da cerimônia, eu o ouvi conversando com seus colegas Betas.

— Theo, você está sendo duro demais consigo mesmo. Ela é uma curandeira talentosa, bonita, e obviamente o ama. Além disso, vocês são companheiros de verdade. Por que não aceitar isso?

O riso de Theo foi amargo enquanto ele tomava um gole. Eu observei, de esgueira, enquanto ele tirava um lenço de limpeza e limpava as mãos, as mãos que haviam acabado de me tocar durante a cerimônia.

— No começo, eu até senti algo por ela. Mas agora? Descobrir que ela é o tipo de Ômega que se droga com aprimoradores de feromônios só para prender um companheiro?

Ele balançou a cabeça, com nojo.

— Toda vez que penso em como ela se jogou em cima de mim naquela noite, como usou produtos químicos para forçar a marcação... sinto arrepios.

— Uma Ômega que se rebaixa tanto assim não merece ser companheira de um Beta. Muito menos meu.

Antes que eu pudesse explicar qualquer coisa sobre o elixir de feromônios aprimorado, Theo visitou as alcateias europeias e ficou afastado por cinco anos.

Eu dei à luz o filhote sozinha, cuidei de Alex sozinha por quatro anos e esperei pelo retorno de Theo todos os dias.

Depois de cinco anos, ele finalmente voltou, mas com sua ex-namorada e o filho dela.

A vila vazia estava solitária e silenciosa. Eu tentei me conectar com Theo pelo vínculo de companheiros, mas me encontrei bloqueada.

Então, de repente, ele entrou na nossa tenda.

Contendo minha raiva, falei com cuidado.

— Alex precisa ir à sala de tratamento amanhã de manhã para trocar os curativos das queimaduras. Você pode levá-lo?

Theo mal me olhou.

— Não posso. Vou levar Marcus para o exame físico amanhã de manhã.

Então ele acrescentou friamente:

— Se você realmente precisar levar Alex para a sala de tratamento, venha à tarde. Marcus fica chateado quando vê Alex me chamando de pai.

A raiva que eu estava tentando conter finalmente explodiu.

— Como ousa? Você deixou nosso filho em um prédio em chamas hoje! Ele poderia ter morrido!

Os olhos de Theo brilharam com raiva.

— O companheiro de Sarah morreu em combate. Ela não poderia entrar para salvar Marcus sozinha. O que eu deveria fazer?

— Você deveria salvar seu próprio filho primeiro! — Minha voz quebrou de emoção.

— Eu te fiz minha companheira há cinco anos, e isso feriu profundamente Sarah. — Theo rosnou. — Você não tem direito de me impedir de proteger ela e Marcus agora.

Suas palavras me atingiram como golpes físicos. Cada uma delas rasgando mais fundo do que a anterior.

O vínculo de companheiros entre nós parecia gelo nas minhas veias.

Cinco anos atrás, eu carreguei Alex sozinha enquanto Theo estava na Europa.

Por cinco anos, eu criei nosso filho sozinha, esperando o retorno de Theo.

Só para descobrir que ele passou esses anos sendo pai de outra criança.

Agora Alex estava deitado em sua cama, coberto de queimaduras, ainda gemendo pelo pai que escolheu salvar outro filhote em vez dele.

O pedido de dissolução do vínculo de companheiros, parcialmente preenchido, estava sobre minha mesa, esperando para ser enviado ao Conselho dos Alfas.

Se fosse só eu, já teria enviado. Minha loba uivava em agonia cada vez que Theo rejeitava nosso vínculo.

Mas sempre que eu pensava em finalizá-lo, lembrava do desespero de Alex por amor do seu pai.

Toda vez que via o desejo nos olhos do meu filho quando ele observava outros filhotes com seus pais, eu queria tentar mais uma vez.