Meu Chefe é o Pai
Meu Chefe é o Pai
Por: S.R.Silva
Capitulo Um

Lidiane Feitosa

*Flashback On*

(Anos atrás)

Saí do meu estágio e encontrei Tomás me esperando. Quando me aproximei dele, notei que ele me olhou de uma forma estranha e não entendi o motivo. Ele abriu a porta para mim e entrei rapidamente. Tentei beijá-lo, mas ele recusou, o que me deixou muito chateada.

Durante todo o trajeto, Tomás não abriu a boca e isso me deixou apreensiva. Tentei conversar com ele, mas ele permaneceu calado. Quando chegamos em casa, ele se virou para mim com um olhar feroz.

"Você pensa que sou trouxa?" Ele perguntou, e eu neguei veementemente. "Então, por que me trata como um?"

Eu não estava entendendo o que estava acontecendo. Ele continuou: "Lidiane, você acha que não sei o que anda fazendo? Você fica até mais tarde no trabalho para flertar com os caras. Pensa que não vi a forma que o cara te olhou? Você age como uma vagabunda barata para conquistar os homens."

Eu fiquei chocada com as acusações dele. "Por Zeus, Tomás, de onde tirou tal barbaridade? Nunca dei confiança para outro homem."

"Então, por que você sorriu? Já te falei que vejo tudo. Lidi, meu amor, você é uma burra que não presta para nada. Suas amigas são inteligentes, mas você é uma fracassada completa e sabe muito bem que se não fosse por mim, você não seria ninguém."

"Por que está me dizendo isso?" Eu perguntei, confusa.

"Alguém precisa te dizer a verdade. Seu lugar é em casa cuidando de mim. Te dou roupas caras, jóias, levo você aos melhores lugares. O que mais precisa? Quero que peça demissão amanhã e fique em casa."

Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Eu amava trabalhar e não podia simplesmente largar tudo. "Eu amo trabalhar, não posso fazer isso."

Ele se aproximou de mim com um olhar mortal. "Você é uma zé ninguém, inútil e imprestável. Se eu te largar, você estará sozinha no mundo. Mas, como sou bonzinho, te darei duas opções: uma é largar o trabalho, a outra é acabar como sua mãe. O que prefere?"

Eu não podia acreditar que estava sendo ameaçada por ele. Quando ele pôs as mãos ao redor do meu pescoço e começou a apertar, percebi que o ar estava me faltando. Então, levantei o dedo fazendo o número um e ele sorriu satisfeito. "Boa garota, você é burra demais para trabalhar", ele disse antes de me dar um beijo e sair. Eu fiquei lá, tentando recuperar o meu fôlego.

 *Flashback off*

Acordei sobressaltada, suada e tremendo dos pés a cabeça. Tive que sonhar isso logo agora? O medo do fracasso me atingiu e comecei a chorar. Sempre que preciso tomar uma importante decisão, flashbacks aparecem em forma de sonhos. Levantei e tomei um copo de água. Antes de voltar para cama, passei pelo quarto do meu pequeno filho, que dormia tranquilamente. Olhei para a razão do meu viver e respirei fundo.

Quando meu amigo Sebastian me chamou em seu escritório e me ofereceu um cargo como diretora, recusei imediatamente. Ele olhou para mim sem entender, e eu expliquei que não me sentia apta para tal cargo, pois era apenas uma recepcionista. Ele ralhou comigo, dizendo que eu deveria pelo menos tentar, mas fui taxativa. Então ele me propôs trabalhar como assistente do novo diretor que ele contratar, e eu aceitei, dizendo que se não me sentisse confortável, voltaria ao meu cargo original. Embora faça terapia há muito tempo, ainda tenho alguns bloqueios. Olhei para meu filho uma última vez e encostei a porta, indo para minha cama.

Na manhã seguinte, acordei um pouco mais animada, mas ao mesmo tempo com certo receio. Olhei-me no espelho e vi que estava com algumas olheiras, o que denunciava a minha noite mal dormida. Ainda bem que posso contar com a maquiagem para me ajudar. Preciso agradecer aos deuses da make, como diria Isis.

Fui ao quarto do meu filho para acordá-lo, mas ele resmungou e se virou para o outro lado. Chamei-o novamente e ele se levantou ainda resmungando. Como pode um serzinho tão pequeno ser tão rabugento? Deve ter puxado esse lado negativo do pai, assim como a beleza. Embora eu o tenha visto apenas uma vez, ainda guardo a foto que tirei dele naquele dia. Romeu é idêntico a ele; como pode ter sido gerado em mim por nove meses e sair a cara do doador de esperma?

Consegui animar meu filho, avisando que, se não tomasse banho, não veria Julietta no portão. Ele se apressou e comeu rapidamente a tigela de cereal que preparei. Terminei de me arrumar e fomos para o ponto de ônibus, já que meu carro estava na oficina. Chegando na creche, encontrei minha amiga com Julietta. Sua filha correu para me abraçar e ficou conversando com meu filho enquanto Isis e eu observávamos. Alguns flashes do passado vieram à minha mente e balancei a cabeça na tentativa de esquecer o ocorrido.

Os últimos três anos têm sido tranquilos, bem diferente do tempo em que estávamos grávidas. Nossos filhos são um verdadeiro milagre. Deixamos Romeu e Julietta com a tia da escola e aceitei a carona que minha amiga me ofereceu.

Conversando com minha amiga sobre os efeitos de sua gravidez e como a gestação de Casthiel está sendo diferente da de Julietta, expliquei a ela que meninos são assim mesmo. Ela sorriu e acariciou a barriga sorrindo, mas olhando para a protuberância dela, senti saudades de quando estava grávida de Romeu. Lembrei-me dos chutes, mas também dos momentos complicados que passamos, quase perdemos as crianças duas vezes. Balancei a cabeça, tentando limpar meus pensamentos, e minha amiga perguntou o que aconteceu. Disfarcei e seguimos para a empresa, fazendo uma parada em uma Starbucks para que ela comprasse seu café e depois no Subway. Desde que ela engravidou de Julietta, sua alimentação voltou ao normal, o que é uma coisa boa. No entanto, comecei a divagar sobre tudo o que aconteceu conosco mais uma vez, talvez devido ao sonho que tive na madrugada. Minha amiga estalou os dedos em frente ao meu rosto para me chamar, e eu olhei para ela me desculpando.

"O que aconteceu, amiga?", perguntou Isis com a boca cheia, o que me fez rir.

"Nada, amiga, pode ficar tranquila", respondi a ela, que sorriu. Mas logo me lembrei de algo.

Perguntei a ela quem era o novo diretor, mas minha amiga me confidenciou que Sebastian não quis contar, mesmo ela perguntando mais de uma vez. Nos perguntamos o motivo de todo esse mistério. Mesmo que não tenha dito em palavras, eu sabia que Isis estava chateada por Sebastian não ter revelado a informação.

"Amiga, sabe o pior de tudo?" ela me perguntou, e eu neguei com a cabeça.

"Sebastian me avisou que não sabe se chegará da Venezuela a tempo e me deixou encarregada de receber esse novo gestor. Mas como recepcionar alguém que nunca vi na vida?"

Desta vez, Isis estava certa eu estava muito apreensiva e resolvemos mudar de assunto e falar sobre o nosso assunto favorito: nossos filhos. 

Chegamos à empresa e, antes de eu ir para a minha sala, Isis me abraçou e me desejou boa sorte. Meu celular apitou e vi que eram todos os meus amigos me mandando energia positiva. Até Lucca me desejou boa sorte e eu respondi a todos, agradecendo. Parei na sala do meu novo chefe e, antes de bater, fiz uma pequena prece para que ele não seja um chefe insuportável. Dei leves batidas na porta e recebi permissão para entrar. Assim que entrei, nada havia me preparado para o que vi.

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