Entrei em casa com o coração leve, os pés quase flutuando. Havia algo de mágico naquela noite — talvez o vinho, talvez o toque de Lorenzo, talvez o simples fato de me sentir desejada, viva. Fechei a porta com cuidado, tentando não fazer barulho. A casa estava em silêncio, e por um segundo pensei que Ana Luiza ainda estivesse dormindo. Mas bastou eu dar alguns passos até a cozinha para perceber que não.
Ela estava ali, sentada à mesa, o olhar perdido em algum ponto além da janela. O vapor da chaleira preenchia o ambiente com um aroma suave de camomila, e, ainda assim, ela não parecia perceber. Estava alheia a tudo, mergulhada em pensamentos tão pesados que nem notou minha presença de imediato.
— Ana? — chamei suavemente.
Ela ergueu os olhos, e um pequeno sorriso cansado surgiu em seu rosto.
— Oi, mãe. Já chegou?
— Cheguei sim, minha filha — caminhei até ela e toquei seu ombro com carinho. — Está tudo bem?
— Tá sim… — ela forçou outro sorriso. — E você, como foi a noite? Pelo jeito, foi